A queda de audiência televisiva da WWE é preocupante?

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A audiência da WWE vem caindo ao longo da década. O ano de 2019 trouxe alguns recordes negativos para RAW e SmackDown, que já estão no ar há mais de 20 anos.

O RAW da última segunda-feira, por exemplo, teve 23% espectadores a menos em relação ao show no mesmo período do ano passado. Mesmo tratando-se do último antes de um evento especial da companhia, isso não parece ter atraído bons números.

Na outra marca da empresa, não foi diferente. Mesmo com a 10ª melhor marca entre os programas noturnos da tv a cabo estadunidense, o SmackDown teve a sua quarta menor audiência desde a separação de brands, em 2016. Em relação a mesma semana de 2018, a queda foi de 20%. No entanto, na última terça-feira (18) foi exibido, no mesmo horário, o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tentaria a reeleição no próximo ano.

A competição, entretanto, não é o único motivo para as quedas, haja visto que o show da última segunda-feira (17), não teve nenhum grande rival esportivo e jornalístico.

As explicações sobre a queda de audiência dos shows semanais da WWE são variadas. Alguns acreditam que esse pode ser um indício de perda de fãs para outras companhias ou até mesmo que apenas pararam de assistir Luta Livre. Outros, no entanto, acreditam ser um fenômeno normal.

Iremos analisar como essa queda pode influenciar no futuro da empresa dos McMahons, possíveis motivos e fatos. Confira.

Aumento da competitividade e queda de qualidade da WWE

All Elite Wrestling: uma ameaça à WWE? (Reprodução)

Os dias da WWE como empresa soberana na Luta Livre mundial pareciam ser infinitos. A empresa não possui uma grande rival desde que comprou a World Championship Wrestling, em 2001. Nenhuma outra companhia conseguiu alcançar o nível de investimento feito por Vince McMahon e seus acionistas. Nem o número de fãs, ou até mesmo os grandes nomes.

A única que tentou foi a IMPACT Wrestling. Porém, sua má administração e falta de uma boa avaliação na hora de contratar lutadores, colocando em seu plantel muitos lutadores rejeitados pela WWE – e que também fracassaram mais tarde no IMPACT -, fizeram com que essa competição fosse um mero delírio coletivo. Hoje, a companhia funciona bem, mas está bem abaixo do nível de competitividade exigido para bater de frente com a toda poderosa.

Mas no final da década, surge uma possível nova desafiante ao trono: A All Elite Wrestling, comandada por Cody Rhodes, Kenny Omega e os Young Bucks (Matt e Nick Jackson), e sob a tutela dos irmãos Khan, poderosos empresários do ramo esportivo, tem poder suficiente para grandes investimentos. A chegada de Jon Moxley, o primeiro grande lutador a sair da WWE para a AEW, mostra que eles querem competir forte pelo primeiro lugar no coração do fã de Luta Livre.

A qualidade dos combates e do entretenimento fora do ringue pode – e deve – ser fator primordial nessa competição. A WWE possui o seu melhor plantel em termos técnicos de sua história, contando com os melhores lutadores da década em sua maioria, além de ter um território de desenvolvimento repleto de novos e consagrados wrestlers independentes. Mesmo assim, os shows semanais são repetitivos e pouco atraentes, exceto os feitos sob a supervisão de Triple H (NXT e 205 Live).

Com o avanço tecnológico, o conteúdo de Luta Livre aumentou exponencialmente. Hoje, podemos assistir qualquer companhia ao vivo ou com poucas horas de atraso em qualquer aparelho celular ou computador. Temos variados tipos de empresas, com um grande números de combates que possuem grande qualidade, tornando aquela experiência única. Acordamos de manhã assistindo Puroresu, almoçamos acompanhando Luta Livre europeia e vamos dormir com Lucha Libre. Tudo em poucos cliques, como enfatizou o CEO da Major League Wrestling, Court Bauer, em entrevista à Forbes.

Mas a WWE também está presente no mercado multimídia. Sua plataforma de streaming, a WWE Network, é a maior em termos de conteúdos relacionados ao Pro-Wrestling. O número de assinantes do serviço, que começou em 2014, cresce a cada ano. Se antes, o fã se contentava apenas com os shows semanais e eventos em Pay-Per-View, agora pode se deleitar com 24h de conteúdo relacionado ao esporte. Tudo isso por menos de 10 dólares. E isso nos leva ao próximo tópico da nossa análise.

Network e Redes Sociais: as novas formas de medir popularidade

Poucos cliques, uma infinidade de entretenimento. (Foto: WWE)

Se cerca de 2 milhões de pessoas assistem o RAW semanalmente na USA Network, ao menos 1 milhão e 500 mil pessoas pagam US$ 9.99 pela sua Network mensalmente, de acordo com o levantamento do primeiro trimestre de 2019 da WWE.

Ao fazer sua assinatura, um mundo de entretenimento é colocado à sua frente. Desde especiais sobre a carreira de lutadores ou combates jamais exibidos na TV até os shows semanais e eventos especiais antigos da WWE e de outras promoções. Você pode relembrar combates de Ric Flair, Steve Austin, Undertaker, ou o RAW de formação da Nexus, ou que Miz se tornou campeão da WWE.

Além disso, nas outras redes sociais, a hegemonia da empresa é evidente. No Twitter, por exemplo, são 10 milhões e meio de pessoas que seguem o perfil da WWE. A segunda empresa com maior número de seguidores é a IMPACT Wrestling, com pouco mais de 500 mil. Em termos de alcance e engajamento, isso diz bastante. Em dia de eventos especiais, uma hashtag ou um acontecimento relacionado à companhia aparece nos assuntos do momento da rede frequentemente. No maior de todos, a WrestleMania, lidera mundialmente os trending topics por horas.

E o sucesso também alcança o YouTube. São mais de 44 milhões de inscritos. Para o fã de Luta Livre, é uma forma de ter mais conteúdo gratuito e filtrar o que deseja assistir. O ataque de Roman Reigns à Shane McMahon, Drew McIntyre e a Revival no último RAW foi visto por quase 6 milhões de pessoas. Isso demonstra que a WWE ainda possui uma base sólida de fãs por todo o globo.

Se a empresa possui uma boa audiência fora da telinha, por que há o temor dela estar perdendo uma parcela de sua base de fãs?

O entretenimento proporcionado pela WWE não está agradando uma parcela de fãs

Imagem meramente ilustrativa. Paz no esporte. (Foto: WWE)

Em 2016, o Golden State Warriors fez uma campanha histórica na NBA, batendo o recorde de vitórias em uma temporada, com 73 sucessos. Stephen Curry, líder do time, foi o jogador mais valioso da temporada (MVP) por unanimidade.

Esse é um dos poucos casos em que apenas um produto ou pessoa agrada a todos os críticos. A WWE não faz parte desse grupo, e as reações negativas vêm de todos os lados: jornalistas, fãs, lutadores. Todos, em algum momento, fazem menção à empresa. Ser a maior do ramo tem dessas coisas.

Há menos de 3 semanas, escrevi um texto sobre a qualidade dos lutadores do Monday Night RAW e a decepção do produto apresentado pelo show. Um dos motivos apresentados pelos fãs, que foram questionados anteriormente no meu perfil no Twitter, era que a visão de Vince McMahon em relação à Luta Livre estava tornando a diversão de assistir os shows da WWE em um momento entediante, onde as 3 horas de show demoram a passar e muitas partes são totalmente desprezíveis. Isso vai ao encontro do que o ex-lutador Konnan também declarou à Forbes:

“Muitas vezes, no fim do dia, isso se torna o que Vince McMahon quer. E isso não deveria ser o que ele quer. Isso deveria ser o que os fãs gostariam que fosse.”

Quando CM Punk disse em seu infame ‘pipebomb’ que a companhia seria melhor com a morte de seu patrão, os fãs abraçaram essa ideia. Em alguns casos, a solução imediata seria colocar o seu genro, Triple H, no seu lugar. O problema é que não fazemos ideia de como funcionaria o mundo da Luta Livre sem Vincent Kennedy McMahon afinal, desde que nascemos ele é o responsável pelo mundo mágico da toda poderosa companhia de entretenimento esportivo. No dia que isso acontecer, um novo momento será escrito no Pro-Wrestling mundial.

O que podemos concluir?

Triple H é o primeiro na linha de sucessão de Vince McMahon. (Foto: WWE)

A WWE depende bastante de contratos televisivos, é um bom dinheiro que entra em seu orçamento anual, além da exposição para os fãs que precisam ter aquele produto toda a semana, e para que seus lutadores não caiam no esquecimento. A assinatura de um grande acordo com a FOX nos Estados Unidos é um exemplo dessa importância. No entanto, novas plataformas surgiram, e com isso a televisão não é mais hegemônica para definir o sucesso da empresa em relação à audiência. Agora, a internet também faz esse papel.

No entanto, a difusão de mídias alternativas à TV fizeram o mundo da Luta Livre produzir conteúdo como nunca, e novas empresas surgiram para preencher o vazio deixado pela falta de qualidade citada pelos fãs da WWE. No entanto, nenhuma se compara em relação à investimento e alcance com a empresa de Stamford.

No entanto, a falta de empolgação da fanbase com o produto apresentado pela companhia pode gerar um êxodo para outras empresas do ramo, em especial a All Elite Wrestling, a única que, por enquanto, pode alcançar a WWE no que tange os investimentos em eventos e lutadores. Uma relação mais agradável entre os investidores e os empregados também pode ser diferencial nessa guerra pelo topo do Wrestling.

A queda, porém, ainda não é preocupante. Os canais de TV como um todo vivem uma queda de espectadores. Cada dia mais se fala no fim da televisão convencional e a migração total para os serviços de streaming, como a própria WWE possui. Porém, a empresa segue com bons números em relação à outros programas, mesmo competindo com eventos grandes, como as finais da NBA e o Monday Night Football.

O que devemos ficar atentos é sobre a qualidade dos shows. O conteúdo repetitivo, e a visão retrógrada de Vince McMahon em relação à produção do entretenimento esportivo pode atrapalhar o caminho de flores da WWE. Caso os ajustes necessários sejam feitos, não precisamos nos preocupar: a empresa seguirá como a maior do ramo, mesmo com novas forças surgindo.

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