Então você quer saber o que rolou de melhor e pior no AEW Fyter Fest? Bem-vindo ao Bom, Mau e Feio, onde elencamos os melhores, piores e absurdos pontos desta união de semanais da AEW. A edição analisada hoje abarca o Collision e Dynamite do dia 04 de junho de 2025.
BOM
A luta na luta livre!
Lucha de trios, mulherada total nas duplas, fatal 4 way por título, Will Ospreay e Lio Rush, que noite maravilhosa para ver a sutil arte de se machucar sem querer querendo!
A luta de trios entre Mike Bayley, Komander e Kevin Knight contra Beast Mortos, Rush e Dralistico é exatamente o tipo de combate que faz valer a pena parar para assistir um show semanal: ritmo frenético, golpes precisos, pessoas carismáticas e o total e completo compromisso com o entretenimento do telespectador.
Mina e Toni vs Skye Blue e Julia Hart por outro lado é um combate que já traz uma carga da storyline atual, sem deixa de dar espaço para que as lutadoras que não estão naquela feud mostrem potencial para o público; neste caso preciso dizer que fui positivamente surpreendido por Hart e Blue, que funcionaram bem em conjunto. Espero que continue assim.
Mina Shirakawa e Toni Storm já são realidades concretas, é só aproveitar. E ainda teve Mercedes Moné jantando e comentando ao lado do ringue.
Porém, antes de falar do principal combate da noite para mim, que aconteceu ao final do que seria o Dynamite, é preciso apontar que depois deles ainda houve uma bela luta entre FTR (que eu detesto, mas fez um bom trabalho) vs Atlantis Jr e Templário, dois excelentes lutadores da CMLL (para mais informações, ouça o Tercera Caída), Bandido cruzou o caminho de Hechicero em uma luta de trios que também envolvia Takeshita, Fletcher e os Outrunners, num encontro muito bem vindo apesar da dupla oitentista que fazia turma com o campeão da ROH ser horrível, e ainda tivemos Ospreay vs Lio Rush, uma apresentação que nos lembra porque, em algum momento da realidade, Lio Rush já foi um prospecto tão empolgante quanto o próprio Ospreay.
Agora quanto a luta fatal 4 Way pelo título Internacional. Kenny Omega, campeão, defendeu seu título contra Claudio Castagnoli, uma das melhores bases da luta livre mundial e atleta de uma versatilidade ímpar, Brody Lee, um brutamontes porradeiro com cárdio para trocar tapa no peito por meia hora sem parar, e Máscara Dorada, lutador que só não representa o futuro da Lucha Libre porque já é uma realidade contemporânea e indiscutível.
O resultado foi arte. Dorada brincou no ringue, se movendo com graça e força através do ringue, realizando saltos arriscados, de plasticidade sem igual e com muita consciência, sabendo que do outro lado os três companheiros tinham capacidade para proporcionar segurança quanto a sua integridade física.
Claudio contrastou isso com seu tamanho e agilidade, sendo o principal desafio físico a porradaria crua de Brodie, que não se limitou só a bater, obviamente.
E por fim veio Kenny Omega, com suas explosões surgindo de surpresa, sua noção de espaço, seu entendimento de como compor um bom combate com todos esses diferentes elementos.
Não dá para desenvolver mais aqui porque senão vira um texto só sobre essa luta. Contudo, fica aqui o convite: se dessas quatro horas de luta livre você puder ver somente uma coisa, veja esse combate.
Tay de volta
Puta que pariu, finalmente! Depois de uma cabeçada de tempo Tay Melo está de volta a AEW. Desde que Taynara, no ano passado, começou a se movimentar, criando grupo de Telegram, procurando gente para fazer theme, roupa, dando entrevista para o maior podcast da história, Elas que Lutem, a gente começou a aguardar seu retorno tal qual praticantes do cristianismo esperam a abertura dos céus.
Ela deu até uma palhinha na Stardom, se juntando à supracitada Mina “Kuduro” Shirakawa para enfrentar Thekla — que curiosamente estreou nesse FF — e Athena, campeã eterna da ROH.
Depois disso, paciência. A espera para os fãs pode ser algo angustiante, dolorido, porém a espera para o atleta abarca os mesmos sentimentos e os eleva em grande potência. E se ninguém se lembrar? E se ninguém ligar? E se lembrarem, mas acharem uma bosta?
Por sorte nunca saberemos, pois Tay voltou com um pop bonito para chapuletar osso de mão na fuça da Megasus, salvando sua amiga Anna Jay de um castigo severo.
Megan Bayne tem tido destaque no roster feminino e espero que esse pareamento seja um indicativo que Melo também terá o mesmo espaço.
O círculo azul do título TBS ficaria lindo cercado de verde amarelo…
MAU
Mais uma do Mox
Alguns indivíduos definem arte como algo que consegue dar início a uma discussão, que apresenta uma porta para a reflexão e o pensamento sobre si ou sobre outrem. Se for este o caso, Jon Moxley é o Caravaggio dos ringues, abusando de seu Chiaroscuro de mediocridade para construir o que, muito possivelmente, é o pior reinado de um campeão mundial na AEW até agora.
Dando uma colher de chá para a Anarchy in the Arena, que envolvia tantas pessoas que nem mesmo ele conseguiria estragar (ou consertar, a meu ver), todas as vezes que Mox vem ao tablado ele traz sua paleta de cores neste godê de tédio, apresentando embates sem graça, sem empolgação, sem carisma e sem habilidade.
Infelizmente foi o que tivemos na primeira luta deste Dynamite, onde o campeão mundial enfrentou Mark Briscoe, numa luta onde Mark queria provar para seu filho que ele nunca desistiria contra JM.
Não desistiu mesmo não, mas apagou, perdendo o combate depois de vários minutos de nada.
Sinceramente, não o culpo: fiquei na dúvida também se desistia ou se apagava.
MJF não é heel, só é burro
Em um show recheado de promos ruins, MJF ainda assim consegue se destacar acima dos demais, provando que ele realmente é um prodígio quando o assunto é ser ordinário.
Depois de tomar um baile no twitter do nosso amigo Joker — o palhaço da morte — Maxwell ainda segue com essa bobagem de ser o estrangeiro mais jovem a lotar uma Arena Mexico. Logicamente eu não espero inteligência de um estadunidense, nem de um wrestler e nem de um heel, que dirá dos três juntos.
Porque o problema com a promo de MJF não é o que ele fala do Místico ou do México, além de ser um base, ele só transmite a visão que o país dele tem da Lucha Libre mesmo. A grande questão é que, num segmento em que ele devia gerar interesse das pessoas em verem sua luta contra o Místico, a única coisa que ele evoca é piedade pelo príncipe da prata e do ouro, já que, tal qual Noé, o fenômeno mexicano vai ter que carregar este animal.
Para quem não acredita, é só ver o trabalho patético que o Ex-campeão da AEW fez no main event que teve na Arena México.
Novamente, não é odiado porque é heel, é odiado porque é um bosta.
Repete, canalha!
Em quatro horas de luta livre se torna difícil não cair na repetição. Ter várias lutas do mesmo tipo num show — várias lutas de trios, de quarteto, de duplas — faz parte do jogo, acontece. O problema é quando o Booking não fornece material o suficiente ou não mistura as categorias ou gêneros dos lutadores o suficiente para que exista uma diferenciação dos sabores apreciados.
Você acaba enjoando da comida no meio da janta. A gente vai falar desse problema mais profundamente na próxima categoria, abordando os dois principais tropeços desse show.
Contudo, fica aqui o registro de que, isoladamente, alguns combates desse Fyter Fest nem fossem objetivamente ruins, mas, na conjuntura dos fatos expostos, se tornaram, no mínimo, enfadonhos.
Tirando Max Caster e Hobbs. Isso é só ruim mesmo.
FEIO
Está faltando mulher
Lembra quando eu falei de variedade?
Tivemos a luta de duplas com a campeã, Thekla estreou contra Lady Frost, Tay Melo voltou e… só?
Em quatro horas tivemos 2 lutas e um segmento do roster feminino enquanto, no plantel masculino, a gente é obrigado a ficar servindo de pênico para a boca de bueiro bronzeado de óleo de girassol diretamente de Long Island?
Foda, né?
Não é como se o roster da AEW estivesse vazio no lado feminino. Talvez a única coisa que ainda não está cheia seja a caixa de ideias de Tony Khan quanto a essa fatia de seus empregados.
Para ter ideia tem que pensar…
4 horas!
Apesar do saldo positivo, eu tenho que admitir: 4 horas direto de luta livre, por maior qualidade que tenha, é demais. Porra, três horas já é demais.
Então, por mais proveitoso que tenha sido essa confluência de dois shows nos reclames do plimplim, eu espero que essa experiência demore um pouco a se repetir. Digo isso porque, separado, o Dynamite teria sido um dos melhores semanais que eu vi em muito tempo dentro da luta livre dos Estados Unidos. Pareado com o Collision como um só, a soma das partes enfraquece o todo ao invés de fortalecê-lo.
Talvez se eu fosse mais jovem e tivesse menos sono, algo assim seria um oásis na minha vida de merda.
Não é. Mas se você gostou, eu fico sinceramente feliz!
Até mais tarde, que o final de semana vai ser cheio!