Pro wrestling nas Olimpíadas

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Pro wrestling nas Olimpíadas”, é possível? Claro que não. Nunca. Jamais. Se você procurava a resposta pra essa pergunta nesse artigo, eu já te dei, pode ir dando meia volta. Desculpe se quebrei seus sentimentos, mas é a pura verdade. Pense bem, se já tá difícil pra luta livre amadora se manter no calendário olímpico, imagine pra luta livre profissional. Mas calma, não se desespere, isso não nos impede de ao menos pensar, o que nos dá uma fresta de luz no fim do túnel. E um único pensamento foi o que me levou a escrever esse texto, que por muito tempo rondou em minha mente até se materializar nesse artigo.

Há anos acompanho luta livre, e me deparo sempre com algo tão espetacular, que nenhuma outra modalidade esportiva pôde me fazer sentir. Agora, imagine algo tão incrível, dentro de um evento onde todos os olhos do mundo estariam voltados, o quão sensacional isso seria. Logicamente, haveria de ter algumas mudanças em sua estrutura para que ao menos fosse exposto como um jogo de exibição, mas sim, com muito esforço e boa vontade haveria uma chance disso acontecer. Duvida? Então continue comigo, nessa viagem alucinógena.

Wrestling profissional tem um passado glorioso!

Você que pensa que pro wrestling é uma moda recente, saiba que você está redondamente enganado. Pro wrestling é algo bem antigo, datando do século XIX. Ela surgiu e se desenvolveu através das caravanas circenses e feiras de variedades na Europa e nos EUA, onde foi lapidado através dos tempos até chegar ao que conhecemos hoje. Sabe a dupla “The Vaudevillains“? Então, eles nos dão uma ideia da atmosfera da luta livre daquela época, representando a imagem dos lutadores do passado que pavimentaram o caminho para todas as gerações de atletas que surgiriam posteriormente.

Dito isso, luta livre é algo para no mínimo ser respeitado pelos fãs de esportes. Não se resume somente a “John Cenas” e “The Rocks”, é algo muito mais profundo do que isso.  Sua história triunfa seu presente. Até aqui no Brasil, onde o termo luta de marmelada se tornou constante ao se referir a modalidade, ela teve seus dias de glória no passado. Surgido também em circos pelo país, ela se tornou febre nos anos 60, e mesmo perdendo sua popularidade através das décadas com o público brasileiro, sua chama se mantém ainda viva nos dias atuais por federações como BWF, FILL e GDR.

Luta livre é arte, que pode muito bem se tornar um esporte.

Vamos deixar uma coisa bem clara, levando em conta a competição, pro wrestling não é esporte. Pode até ser taxada de “esporte-entretenimento”, mas ela é muito mais entretenimento do que esporte. Ela é pré-determinada, cada movimento realizado é friamente pensado para a própria segurança dos atletas. Os campeões são escolhidos previamente, assim como os perdedores. Tudo é pensado antes, quase nada é improvisado. Bem, algumas coisas saem do controle, mas num geral, nada do que vemos é ao acaso. Sim, meu caro leitor, se você ainda acreditava nesse maravilhoso mundo da luta livre, aceite essa nova verdade. No final das contas, é até melhor ser dessa forma, você irá compreender.

Vale ressaltar, antes de qualquer coisa, que os pro wrestlers são atletas de verdade. Eles treinam pesado, e sofrem lesões constantemente. Não é a toa que o uso de analgésicos e outras substâncias são tão comuns nos bastidores, pelo alto impacto que as lutas trazem na saúde física e mental dessas pessoas. As lutas deixam sequelas irreversíveis em alguns lutadores, e em outros, levam-nos até uma morte prematura. Entretanto, classificá-los como artistas também não é errado, pois eles também são. Luta livre é uma enorme arte. O ringue é uma enorme tela, e os lutadores usam seus corpos para criar uma enorme expressão artística. É uma história contada por golpes. Muitas vezes, o importante nem é o resultado final, mas como o meio da luta foi construído, de que forma os atletas expuseram suas habilidades no ringue.

Analisando em um geral, pro wrestling tem mais a ver com filmes e séries do que com uma luta realmente. De Game of Thrones, passando por Batman vs. Superman chegando até nossa querida WWE, todos são produtos de entretenimento roteirizados, todos fazem parte de um mesmo meio. Entretanto, somente o coitado do pro wrestling leva a fama de ser falcatrua, de tentar enganar seu público. O que é um erro, tendo em vista o belíssimo espetáculo que ele nos trás.

Agora vejamos, como uma modalidade com resultados pré-estabelecidos poderia se tornar um esporte olímpico? Bem, vamos partir do principio de que outros esportes que também fazem parte da grade do evento são constituídos em bases bem semelhantes. Quer um exemplo? A ginástica artística, onde uma mesa de árbitros avalia a dificuldade e os movimentos dos atletas, seguindo um contexto determinado. Esse mesmo contexto poderia ser aplicado em um eventual “pro wrestling olímpico”, como será explicado a seguir.

Afinal, como isso poderia dar certo?

Para que tudo isso pudesse der certo, seriam necessárias mudanças na modalidade, que em nada manchariam sua tradição. Seriam apenas alguns ajustes, para se adequar a essa situação inusitada, que seria em muitos pontos benéfica para ele. Na verdade, alguns desses ajustes já acontecem no mundo do pro wrestling e nem levamos muito em conta.

Vejamos por exemplo o sistema de star rating utilizado pelo jornalista Dave Meltzer, que é bem conhecido entre os fãs de luta livre. Nesse sistema, é dado as lutas analisadas uma nota, ou no caso, estrelas. Com o máximo de cinco estrelas possíveis, quanto mais elevado a nota, maior é a qualidade da luta e dos elementos que ela constituem, ao menos na teoria. As notas não são dadas aleatoriamente, existe aqui um contexto de avaliação e comparação para que uma luta ruim possa ser diferenciada de uma luta boa. Isso poderia facilmente ser transportado para um parâmetro esportivo. Sim, pegaríamos alguns especialistas e os colocaríamos como árbitros. Pessoas com gabarito nesse ramo é o que não faltam. Porém, eles seriam árbitros de quê? O que eles avaliariam? O espetáculo todo!

Um ponto interessante a ser levantado sobre esse “protótipo de esporte” é que as lutas seriam feitas entre os membros das equipes, e não em um confronto direto entre nação contra nação. Não veríamos um atleta de um país contra o outro dentro de um ringue, o que seria avaliado pelos juízes seria a apresentação que a delegação traria para o público. Cada movimento aplicado pelos atletas receberia uma pontuação, que se diferenciaria pelo grau de dificuldade. Obviamente, o país com maior nota no ranking final, chegaria a um lugar mais alto no pódio. País contra país, cada um trazendo o melhor de sua luta livre para o palco olímpico. O Brasil teria uma enorme chance de medalha, pois temos muitos talentos nacionais. Aliás, a “Terra do Telecatch” perdeu uma grande chance de ao menos homenagear os lutadores que fizeram parte de sua história na atual edição do Jogos Olimpícos.

Não vou me aprofundar nos mínimos detalhes, pois o artigo em si não foi criado com essa intenção. Aspectos essenciais foram propositalmente deixados de lado nesse texto, como a criação de federações que seriam responsáveis pela organização de algo de tamanho porte ou mesmo de que forma os atletas seriam escolhidos para representar suas pátrias. Estou aqui somente para semear ideias e nada mais, para que você possa tirar suas próprias conclusões. Sendo assim, termino esse texto agradecendo por você ter continuado comigo em sua leitura. Até mais ver!

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