Primeiro texto sobre Shibata vs Ishii

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A gente passa a vida toda procurando e eu preciso dizer que finalmente eu encontrei. Está aqui e será descrito aqui, batido neste site, pregado ao chão, hoje vocês conhecerão minha pedra de roseta. Hoje vocês irão saber porque Katsuyori Shibata vs Tomohiro Ishii no Wrestle Kingdom 10 é minha luta favorita de todos os tempos.

Bem-vindo de volta, caro leitor. Eu atrasei e peço desculpas por isso. Também quero estender este mesmo pedido com relação ao fato de, tal qual semana passada, eu ser, neste texto, extremamente sentimental e até um pouco brega. Vai ser preciso, eu não saberia falar desta luta de nenhuma outra maneira. 

Bom, vamos lá.

O palco é o Wrestle Kingdom 10, evento anual que marca o fim de temporada da NJPW. De um lado, segurando o título Never Openweight temos Tomohiro Ishii. Nosso homem triste é simplesmente um quadrado de massa imóvel, um bloco de gente, amontoado em braços e pernas e força. Tudo isso carrega um cinturão que merece a antepenúltima luta daquela noite e também o desafiante que, a sua frente, espera o soar do gongo.

Katsuyori Shibata é tudo aquilo que eu falei sobre no texto de Shoot Fight e mais um pouco. Eu sinto falta dele nos ringues toda vez que vejo um evento desta empresa, um aperto por saber que essa carreira, que vinha em uma crescente, teve um ponto que, possivelmente foi final, ao menos no quesito título mundial. Mas à época, Shibata era um nome a ser temido, vestindo preto e com a atitude do cão.

Esses dois se encontraram naquele fatídico quatro de Janeiro de dois mil e dezesseis, abaixo do teto do Tokyo Dome, cercado por seu povo, quatro cordas, algumas câmeras e acompanhados de um juiz. Mas poderiam, da mesma forma, estar lutando em um círculo de pedra há dois mil anos atrás ou num Dojo nas montanhas. Qualquer lugar poderia ser palco desse embate brutal. 

Ishii vs Shibata é uma luta que acontece porque o ser humano pode. Assim como as pirâmides, foguetes e átomos quebrados, esses dois subiram no ringue porque lhes foi dado a chance e, desde o primeiro soar do gongo até o último, bateram o mais forte que conseguiam, colocando em risco a segurança de seu companheiro de trabalho em nome do entretenimento, simplesmente porque era possível. 

NA CAAAAAAARA

E é por isso mesmo que esta luta acaba de entrar no posto de “minha luta favorita de todos os tempos” – prêmio que, convenhamos, não vale de porra nenhuma, quiçá até uma vergonha.

A razão de ser é a seguinte: eles podem, mas eu nunca poderia. Eu sou, no estrito senso humano, uma pessoa fisicamente fraca. Nunca briguei, não tenho lá muito vigor físico, corro pouco e só presto, medianamente, para fazer isso que vocês leem aqui. Vê-los em cima daquele ringue que eu nunca subi, com uma força que eu não tenho, me faz puramente feliz.

Eu me peguei com a mãos nos cabelos e um olhar de espanto no rosto quando os combatentes trocaram uma cabeçada. O barulho de crânio com crânio me assusta e me lembra dessa impossibilidade.

E um segundo depois eles voltam, se batem mais, esbanjando técnica para em seguida serem só dois bichos lutando por um pedaço de carne banhada em ouro. 

Essa luta é pouco lembrada com todo mundo que eu falo por ter sido no mesmo ano que Nakamura vs AJ Styles – combate que gerou todo o hype que nos traria aquela feud bem merda na WWE – e também Okada vs Tanahashi.

Um ano depois veria-se no WK a luta que bagunçou tudo e mudou o PW: Okada vs Omega I. É engraçado ver que Omega nesse WK 10 perdia seu Junior Heavyweight para Kushida e, um dia depois, atacaria Styles, deixando de ser um Jr e subindo de categoria, começo da jornada para o que conhecemos como Elite, AEW e tudo que está ai.

Mas neste Wrestle Kingdom 10, dois lutadores básicos brilharam fazendo o que, discutivelmente, pode ser nossa única razão de existir: a luta. 

O resto é história. 

Até semana que vem, querido leitor, e não se esqueça de entrar nos links abaixo. 

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