O WWE Hall of Fame é uma premiação anual para indicar os nomes que fizeram parte da história da empresa e no mundo da luta livre. Teve ínicio em 1993, com a nomeação de Andre the Giant, e mais de 150 indicados já foram homenageados desde então. Muitos criticam a cerimônia, dentre esses alguns lutadores e pessoas do ramo, pela introdução de figuras questionáveis e a omissão de outras marcantes. De qualquer forma, o evento continua firme e forte, e faz parte da Wrestlemania Week.
No último Raw, tivemos a grata surpresa da indução de Kurt Angle para a classe de 2017 . Era um nome muito solicitado entre os fãs há muito tempo, porém somente nesse ano teve essa honraria pelo que fez em seu tempo na WWE. Aliás, durante a criação desse texto sobre 15 nomes para o próximo WWE Hall of Fame, o nosso Olympic Hero seria citado com destaque, porque ele merecia muito ser indicado. No entanto, existe uma quantidade imensa de outros indivíduos que ainda não fazem parte do Hall of Fame e deveriam fazer o mais rápido possível, que serão resumidos em apenas 15 por aqui. Foquei em nomes que poderiam entrar já no próximo Hall of Fame da WWE, na edição de 2017 do evento. Sendo assim, muitos nomes de wrestlers que ainda tem alguma lenha para queimar, como The Rock e Undertaker, não serão citados, lembrando que a WWE costuma introduzir nomes de lutadores não mais ativos nos ringues. Ah, e não vai ter Chris Benoit. Dito isso, vamos lá.
The Dudley Boys
Ao longo dos tempos, vários wrestlers foram introduzidos no HoF como membros de tags ou stables, e não individualmente. Ric Flair conseguiu entrar das duas formas, mas ele é um caso a parte. A primeira dupla a ser homenageada foi a de Jimmy e Johnny Valiant, conhecida como The Valiant Brothers, isso em 1996. Depois deles, vieram outros grupos importantes na história da luta livre, como os Road Warriors, The Four Horsemen e a família Von Erich. Uma tag ainda tem de ser introduzida ao WWE Hall of Fame, por serem consideradas simplesmente como uma das melhores da história. Estou falando dos Dudley Boyz!
A origem do duo vem do underground extreme da ECW, com outras formações antes de chegarmos a dupla formada por Bubba Ray e D-Von Dudley. Antes do “Boyz”, existiam os Dudley Brothers, uma família cheia de meio irmãos de um sujeito conhecido como Big Daddy Dudley, nascidos na cidade de Dudleyville (puro kayfabe). Existiram outros Dudleys clássicos nessa stable, citando por exemplo Spike Dudley, porém Bubba e D-Von foram os que mais longe chegaram, os mais marcantes nas mentes de todos. Quem pode se esquecer das TLC matches contra os Hardys e Edge & Christian, que rolaram em duas Wrestlemanias diferentes? Impossível! Figura carimbada nas listas de melhores lutas já vistas de muitos fãs. Se você nunca viu, pare agora, e vá ver o mais rápido possível! Depois volte e leia o resto do texto, é claro.
Não é exagero dizer que eles fazem parte das maiores tag teams de todos os tempos. Bubba Ray e D-Von Dudley, em seus mais de 20 anos de experiência, dominaram os ringues das federações mais prestigiosas desse planeta. Na ECW, se tornaram oito vezes campeões. Nas gigantes WWF/E e WCW, se tornaram, somando, dez vezes campeões. Até no Japão, terra do puroresu, eles também alcançaram a glória ao se tornarem por duas vezes IWGP tag team champions. Esqueci alguma coisa? Ah é, me perdoem, tem também a TNA, onde eles foram duas vezes campeões mundiais da empresa e uma do título máximo da NWA (quando ainda era propriedade da TNA). Desculpe pelo deslize, quase esqueci que um dia a TNA já foi prestigiosa.
Isso é só um aperitivo da carreira dos Dudleys, porque eu só foquei nos títulos mundiais e em empresas de grande expressão. Dois lutadores que certamente merecem fazer parte do Hall of Fame, para serem eternizados ao lado de outros grupos lendários. Digo Hall of Fame da WWE, ninguém se importa com o da TNA (brincadeira fãs da TNA, adoro vocês). Eles revolucionaram o termo tag team, mesclando com suas raízes hardcore. Quantas mesas foram quebradas, para o delírio dos fãs? Não importa, sempre queremos mais! Nunca vamos nos cansar de Bubba Ray ordenar D-Von para buscar mais uma mesa. Aliás, a mesa, figura marcante da carreira dos dois, tem que ter um lugar especial na cerimônia, não pode ficar de fora de jeito nenhum. D-Von, get the table! Para fazer desse momento mais marcante ainda, o papel de condutor dos Dudleys na premiação deveria ser dado para o pai da ECW, Paul Heyman. Imagina um discurso de Heyman (que também merece fazer parte do HoF algum dia) sobre duas figuras que fizeram parte da revolução da ECW, quão fantástico seria. Isso faria até o fã mais casca-dura de hardcore wrestling chorar igual uma criança.
Daniel Bryan
Yes! Daniel Bryan tem de fazer parte do WWE Hall of Fame. Você pode pensar que é uma indicação prematura, mas eu vejo como o momento propício para isso. Ele teve o quê, uns 5 anos de atividade como lutador na empresa? Mesmo em pouco tempo, foi o suficiente para que o eterno American Dragon fizesse parte de uma revolução no padrão das big leagues. Daniel Bryan foi um dos maiores nomes da cena independente de pro wrestling nos EUA, isso antes de ser uma estrela conhecida pelo grande público. Estava na fundação da Ring of Honor, e já disseminou sua fama em terras nipônicas. Seu arsenal de golpes era algo maravilhoso de se ver, quase dava um nó no adversário com seus holds e suas submissions. Sua fama no underground fez o lutador ser notado pela WWE, e entrar na competição do NXT lá em 2010, para depois fazer parte das brands principais da casa.
Seu caminho não foi nada simples. Daniel Bryan não tem o estereotipo de lutador que a WWE cultua ao longo de sua existência, que seria sujeitos altos, cheios de músculos, quase fisiculturistas. Seu talento era subestimado pela corja de Vince McMahon, não era apenas parte de uma storyline. A ascensão de Bryan é um belo exemplo de como o público pode impulsionar a carreira de um ídolo. A conexão do lutador junto aos seus fãs o levou a glória, ao ponto mais alto da montanha. A WWE teve de se curvar para a vontade dos fãs, e um exemplo disso é a vitória de Bryan no main event do Wrestlemania XXX sobre Randy Orton e Batista, isso antes de já ter vencido Triple H horas atrás no mesmo PPV. Percebam, esse era o símbolo das mudanças, Bryan tomava ali o lugar de três lutadores que a empresa sempre exaltava, impondo suas vontades para o público.
Entretanto, tivemos a triste notícia de que Daniel Bryan teria de se aposentar muito antes do esperado por problemas de saúde. Foi um choque para todos, pegou todos os fãs de surpresa. Inclusive eu, como explicito nesse texto sobre a saída do atleta dos ringues (auto-promoção subliminar). Os fãs de luta livre mal tinham se recuperado da aposentadoria de Edge anos atrás por motivos semelhantes, e teríamos a perda de Bryan como lutador. Uma carreira tão intensa teria ali seu fim, que deve ser lembrada como uma das mais prodigiosas das últimas décadas. E a WWE poderia homenagear tudo o que vivemos com Bryan dando a ele a oportunidade de fazer parte de seu Hall of Fame. Daniel Bryan é uma lenda da nova geração de lutadores que surgiu no período pós-falência da WCW. Ele foi a inspiração de muitos outros lutadores, mostrando que todos temos que correr atrás de nossos sonhos. Na verdade, seria uma honra para o Hall of Fame ter Daniel Bryan.
Sua esposa, Brie Bella, certamente seria a pessoa escolhida para a introdução do nome de Bryan. Porém, eu pessoalmente preferiria que fosse um outro lutador quem o introduzisse ao HoF, que treinou Daniel Bryan em seu começo e ajudou de certo modo ele a chegar onde chegou. E esse outro lutador também merece um lugar na premiação, e será o próximo nome em nossa lista.
William Regal
Se o pupilo merece estar no Hall of Fame, imagina seu mestre. William Regal é um veterano no ramo do wrestling e transfere sua experiência para novos talentos, dando assim continuidade para o esporte através das décadas. Além de Daniel Bryan, como já foi dito anteriormente, Regal teve participação direta no treinamento de inúmeras outras estrelas, como CM Punk, Chris Hero (ou Kassius Ohno, como também é conhecido), Brian Kendrick, Samoa Joe, entre outros. Ele prossegue hoje em dia sendo o gerente do NXT e recrutador de novos talentos pelo mundo. Os brasileiros Cezar Bononi e Adrian Jaoude devem muito para ele por fazerem atualmente parte do plantel do NXT. Obrigado, William Regal.
Deixando um pouco o que ele fez nos bastidores, vamos focar em sua carreira nos ringues. Regal provém do catch wrestling, o que o tornou um lutador bastante técnico desde bem jovem no Reino Unido, até sua chegada nos EUA. Seu estilo de luta é uma mescla do mais puro wrestling com toda aquela classe britânica, o que o tornou um heel esplêndido na WWF e WCW. Nunca ganhou um título mundial, isso é verdade, mas trazia credibilidade para os cinturões que conquistava, pois ele era um lord, Sir William Regal para os plebeus que o assistiam. Sua última luta (até o momento) ocorreu em 2013, contra Antonio Cesaro.
Figura vital no presente e futuro da WWE, com um passado decente como lutador. Para coroá-lo por tudo que fez como um verdadeiro monarca, nada melhor que fazer parte do Hall of Fame. Mesmo ainda atuando no NXT, ele merece, simplesmente. Como vimos, William Regal tem uma legião de discípulos, e todos esses lutadores poderiam introduzir o mentor, o professor. Menos CM Punk, esse não daria por motivos óbvios… Porém, acho que quem realmente deveria induzi-lo seria Marty Jones, o lutador inglês que o treinou em seu começo de carreira, o mestre do mestre. Seja quem for, só façam isso o mais rápido possível. Deus salve a William Regal.
Motörhead
No WWE Hall of Fame, existe uma parte reservada exclusivamente para figuras famosas fora do universo da WWE. É a chamada “Celebrity Wing”, que tem nomes como Mike Tyson, Mr. T, Arnold Schwarzenegger e até… Donald Trump. É, a nomeação é bem aleatória mesmo, não importa muito quem é o artista em si, o importante é que ele tenha contribuído de alguma forma com o wrestling profissional. A clássica banda de heavy metal Motörhead seria uma bela escolha para o próximo Hall of Fame, com toda a certeza.
Na verdade, todo mundo esperou que após a morte do vocalista Lemmy Kilmister em dezembro de 2015, a WWE iria introduzi-los na edição do Hall of Fame seguinte. As músicas temas que eles criaram para Triple H (“The Game” e “King of Kings”) e para a stable Evolution (“Line in the Sand”) são muito lembradas entre os fãs de WWE, assim como suas apresentações no Wrestlemania 17 e no 21.
Como vimos, o escolhido na edição de 2016 foi Snoop Dogg, para a decepção de muitas pessoas. Acredito que as negociações para trazer o rapper até o evento estariam muito avançadas para que tivessem tempo de uma mudança, mas certamente na próxima edição o nome do grupo (ou ao menos de Lemmy) será induzido. De todos os nomes que surgiram nos últimos tempos como possíveis indicações para a classe de 2017 da premiação, essa seria a escolha mais plausível. Pense bem, Lemmy era amigo pessoal de Triple H, e além disso, era seu ídolo, já é meio caminho andado para sua indicação. O lutador, aliás, poderia homenageá-los da mesma forma que fez no velório de Lemmy, eternizando esse power trio também no mundo da luta livre.
Chyna
WWE tem o hábito de homenagear atletas que tenham recentemente falecido, acho que por peso na consciência. Paul Bearer, por exemplo, foi introduzido na edição do Hall of Fame posterior a sua morte. Eddie Guerrero, que nos deixou em novembro de 2005, entrou na classe de 2006. Aliás, a premiação em si foi criada após a morte do lendário Andre the Giant, lá em 1993.
Tenho uma opinião divergente sobre essa atitude da empresa. Sim, é bonito lembrar dos lutadores que tanto fizeram para a indústria, mesmo eles não estando mais entre nós. A questão é: porque a WWE só lembra de homenageá-los depois que eles morrem? Porque não dão essa honra com eles em vida? Eu sei, muita gente já passou pela federação ao longo desses anos, e ela também não tem como adivinhar quando algum lutador irá morrer. Mas em certos momentos, a WWE simplesmente omite a carreira de algum atleta para depois lembrar de seu nome, como se nada tivesse acontecido. Esse foi o tratamento dado a Chyna, que tanto fez em nome das mulheres da empresa.
Ela era uma lutadora dominante, intimidadora. Conseguia quebrar os padrões, exalando feminilidade mesmo com um corpo cheio de músculos. Chyna era uma das caras mais marcantes da Attitude Era, em meio a um ambiente dominado pelos homens. Foi uma das fundadoras da D-Generation X, foi a primeira mulher a entrar em uma Royal Rumble match e conquistou o Intercontinental Championship por 2 vezes em sua carreira, uma vez a mais do que o próprio Women’s Championship, ao qual ela se tornou campeã em 2001. Ela foi um símbolo feminino, influencia direta de inúmeras outras divas que vieram depois. Mesmo assim, a WWE fez questão de apagar sua presença de sua história, e eu tenho a impressão de quem é o culpado. Ou melhor, a culpada. Chyna teve um relacionamento com Triple H, e após terminarem, o lutador começou a namorar Stephanie McMahon. Bem, alguns dizem que esse namoro começou ainda quando Triple H e Chyna estavam juntos, mas são apenas boatos. Acredito que ser a ex do atual genro do dono da empresa não foi uma bela posição para Chyna estar, ainda mais quando a relação dela com Vince não era das melhores, e pouco tempo depois ela saiu da WWE. Após sua saída, a lutadora acabou passando por um período conturbado em sua vida, se afundando em drogas e chegando a participar de filmes pornográficos.
Tudo isso seria o motivo pelo afastamento da imagem de Chyna com a WWE, uma forma de blindagem bem conhecida pela empresa. Entretanto, isso seria somente a ponta do iceberg, a história entre ela, Triple H e Steph O’Mac nunca foi bem resolvida, e certamente deu força para essa situação. Porém, após a morte da atleta ano passado, a WWE resolveu citar o nome dela inesperadamente. Isso ajudou a aquecer a IWC mundial como uma possibilidade real de introduzir Chyna no HoF, o que a WWE já deveria ter feito a muito tempo. Quem poderia induzi-la? Não sei, talvez alguma diva da nova geração, um amigo ou mesmo alguém de sua família (apesar do relacionamento familiar de Chyna nunca ter sido uma maravilha). Quem sabe Triple H? Acho bem difícil, mesmo sendo a pessoa que ela escolheria, como ela já tinha afirmado em uma declaração. Entretanto, mais do que apenas uma introdução, seria digno para a WWE alguma espécie de desculpas pelos anos de mal tratamento com a lutadora, impedindo muitos fãs da nova geração de conhecerem tudo o que ela fez no esporte. Para um prêmio póstumo que poderia ter sido entregue há muito tempo, isso sim seria uma bela atitude.
Por hoje é isso. Quem deveria fazer parte do próximo Hall of Fame? Dê sua opinião nos comentários. Brevemente, virei com a parte 2, com mais nomes a ser lembrados. Tchau!