A vida e morte de uma NFT do Kane

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Jorginho da Silva um dia estava sentado em sua casa, passando descontroladamente por vídeos do Kwai.

Sessenta e oito centavos era tudo o que ele havia conseguido naquele dia. Nem perto do suficiente do que ele precisava para comprar o sonho de seu mês.

O sonho de seu mês? O grimório de 1602, da Marvel, escrito por ninguém menos que Neil Gaiman.

Eis então que ele entra no Etherum e pensa “porra, eu sou um puta desenhista do caralho”. E de fato Jorginho é um puta desenhista do caralho.

Sua maior influência? Jaime Hernandez e o gibi Whoa Nellie!

Mal sabia Jorginho que aquele gibi e uma ilustração do Christmas Creature levariam não só a sua morte, mas a perda de sua alma.

Essa é a história da NFT de Glenn Jacobs. Que ela sirva de alerta para todos os artistas da Terra.

NFT

Jorginho da Silva nasceu Jorge da Silva. Quem adicionou o diminutivo foi sua mãe, pois o menino nasceu pequeno.

Na verdade ele nasceu minúsculo. Cabia num tubinho de Pringles acompanhado de batatas. Era ali que dormia e, de tanto comer batata, cresceu.

Apesar de comer batata demais, suas duas paixões reais não eram as fatias fritas de gordura.

O que ele amava de verdade eram gibizinhos e luta livre. Para todos aqueles que entendem, essa se mostra como uma combinação explosiva.

Trivia: também eram as coisas favoritas do Assassino da colher.

A infância de JS não foi pobre, mas também não foi rica. Sua maior posse até os 22 anos era um Playstation 2 em que ele jogava, sem parar, o game Smackdown vs Raw 2006.

A música Unretrofied era sua favorita e ele dançava-a junto com a irmã desde que aprendeu a como queimar CD’s no Nero.

Já seu lutador favorito era o careca infernal, o coisa ruim sem cabelo, o come vidro da maldade, Kane. Mais especificamente ainda o Kane de roupinha e mascara.

Bom, não que existisse um Kane pelado, entretanto era um de roupinha e o outro de ROUPIIIINHA.

THE GAME

Jogou e jogou e jogou um pouco mais até chegar nos dias de hoje. Nunca comprou um videogame mais avançado, pois sentia que a nostalgia lhe cabia bem dentro do quarto abarrotado de gibis.

Achava que as coisas deveriam mudar em certos aspectos da vida e em outros não. Através de um notebook Samsung velho ele acompanhava, nessa linha de pensamento, as mudanças na World Wrestling Entertainment.

Ele teve a oportunidade de ver seu lutador favorito não ter máscara, aí ter máscara de novo, ser amigo de um vegano e usar roupa social para lutar.

Para todos os efeitos Kane era agora o prefeito Glenn Jacobs, mas em seu coração ele sabia que o Kane que ele amara morreu.

O ESQUEMA

Voltamos então para esse mês. Ele olhou o preço do gibi na Panini:349 lelecos. Um preço alto, mas baixo a se pagar por aquele que Jorginho considerava o ápice da junção entre antigo e novo.

Além disso ele adoraria se encontrar com Neil Gaiman e desenvolver uma conversa filosófica sobre aqueles personagens.

Eis então que Prometeu lhe lançou o fogo, o raio cortante em sua mente: fazer uma NFT do Christmas Creature, personagem de Glenn Jacobs da época pré WWF.

Ele havia ouvido o prefeito falar um pouco sobre o personagem em uma entrevista com Jerry Lawler – a quem ele odiava – e achou um conceito muito interessante.

Como toda data, o natal possui um espírito que pode tanto ser destrutivo como benigno.

O prefeito então era a encarnação das maledicências que o pseudo nascimento do Cristo poderia trazer, um anticristo ou um antianticristo.

Visto que era bom, começou a desenhar. Passou horas a fio projetando e analisando sua composição, em conjecturas que deixariam Marques de Sade se sentindo limpinho.

Eis então que ele terminou, preparou e aprontou sua NFT. Seu último toque? Mudar as cores, mexer nos canais.

Sem saber como, Jorginho ativava ali algo mais poderoso que ele e o próprio Jacobs. Ativava forças relativas ao natal e seu espírito maligno.

O garoto – quase um infanto – de 22 anos trouxera, com sua arte, degenerada, um Krampus a vida.

O INFERNO

Seu valor subiu rapidamente, com vendas e revendas e um PÚMP muito grande por parte de um esquema que lhe ignorou, mas tomou sua arte. Logo ele estava com dinheiro e então mais dinheiro.

Os céus se abriram, um PS5 chegou em sua casa e mais e mais propostas de NFT chegaram à sua porta.

A arte de Lil Jorge equiparada a estatura magistral da personagem do prefeito lhe trouxe fama e fortuna.

Até a manhã seguinte.

Nenhum dos dois sabia como chegou ali. Quer dizer, um dos dois não sabia, o outro não tinha como saber mais de nada.

Glenn Jacobs se encontrava na cidade de Taboão da Serra, com somente um pisca pisca envolvendo seu corpo que estava estranhamente besuntado de água de pilha.

Ao seu lado um garoto tinha uma coroa de lápis enfiados na cabeça.

Sua barriga estava costurada, a carne se misturando a uma réplica do WWF Title Winged Eagle, carmesim diante da luz matinal.

Páginas e páginas de Andy Kubert no chão, um grimório rasgado de 1602, da Marvel. E nas mãos de Glenn Jacobs, marcado a fogo as letras N. F. T.

Tudo poderia não passar de um sonho para o prefeito, tudo poderia não passar de um sonho para você também, caro leitor.

Acontece que a verdade se apresenta nesses pequenos detalhes. O mundo das NFT’s e do Wrestling se mesclando a arte do impossível.

E A VERDADE?

Quantas pessoas será que acreditarão nessa verdade tão absoluta? Quando Kane virá a público desmenti-la como uma clara falácia?

Precisaremos de Hangman Page novamente para nos tirar das mãos do tirano feio?

O mundo é um lugar de poucas respostas, meu obtuso receptor. Cuidado com a arte que faz, pois ela pode lhe partir a alma.

Como diria outro careca, um escocês drogado, mas careca acima de tudo: “De quem é essa voz falando na sua cabeça, a sua? Ou a minha?”

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do WrestleBR

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