Então você quer saber o que rolou de melhor e pior no Double or Nothing? Bem-vindo ao Bom, Mau e Feio, onde elencamos os melhores, piores e absurdos pontos deste PPV da AEW. A edição analisada hoje é a do dia 25 de maio de 2025.
BOM
Mercedes e Jamie F1 W11 EQ
Já foi dito nessa coluna o quanto Mercedes Moné é uma lutadora e uma personalidade cativante. Ponto. Porém, esta noite, ela estava em sua melhor forma, 20 segundos a frente da concorrência, correndo solta, no ápice de seus poderes.
Mesmo assim, sabemos que Luta Livre não se faz, geralmente, com uma pessoa só. Para isso Deus do céu desceu de sua glória na forma de Jamie Hayter, lutadora absolutamente fantástica que, desde seu retorno, estava perdida no roster da AEW, sem ter a chance de nos lembrar porque ela já foi campeã mundial do pequeno hobby de Tony Khan.
Se ninguém conseguia puxar pela memória, ontem foi o dia. Em uma luta que certamente tem lugar dentre as melhores lutas femininas da história diminuta desta empresa, Jamie e Mercedes deram uma aula de controle de tempo e criatividade em relação ao seu próprio moveset, sabendo quando mudar o ritmo da luta achando um novo jeito de repetir um golpe semanalmente repetido.
Se Moné merece todo o crédito do mundo por estar atualmente entre as melhores lutadoras da atualidade, é importante olhar com mais carinho para a ruiva do Lariato.
O roster feminino da AEW é cheio de estrelas em potencial; não é o caso de Jamie Hayter: ela já é a realidade não alcançável pelas palavras, o ideal platônico do mundo das ideias. Ela é foda demais.
Agora nos resta ver o que a Elite vai reservar para ela enquanto Mercedes MUNÉ vai para, o que eu espero (mas que sei que não será), o Main Event do All In enfrentar Toni Storm pelo título mundial feminino.
Abre as comportas do céu e faz chover
O bom desse trocadilho é que me permite falar de outras duas boas lutas desse card.
Primeiro tivemos Kazuchika Okada lembrando quem é o maioral, pau de cimento, menino de ouro, gostosão da massa, o brabo dos brabos, esmegma de titânio, veiúdo cabeçudo rei da luta livre toda.
Em mais uma defesa do título Continental, antes desse ser unificado com o International, o rainmaker enfrentou Mike Bayley, outra grande contratação da All Elite e que tem total capacidade de acompanhá-lo em todos os aspectos do campo bola do ringue.
Bayley potencializou as grandes características de Okada, dando dinamismo ao estilo metódico do ex-campeão IWGP Heavyweight, vendendo com maestria os golpes que tomava e dando a oportunidade de Okada subir uma marcha quando fosse preciso.
O Dropkick do Okada talvez seja um dos counters mais eficientes e filhos da puta da história do Pro Wrestling. Qualquer pessoa que viu a mais falada de todas, a série de lutas contra o Ômega, sabe o quanto um simples Dropkick pode desarmar uma ofensiva inteira e abrir espaço para um futuro Rainmaker.
E quando esse Dropkick vem para reverter um Última Weapon? Aí é putaria.
Okada reteve seu título. Toni Storm também.
Let the bodies hit the floor!
Isso não é um elogio a luta, mas a música em si. Como essas músicas ruins são ótimas, ne? Lembra ECW, lembra meus primos ouvindo essa merda jogando vídeo game. Acredito, inclusive, que a escolha de colocar música durante o combate, além de imitar uma luta do New Jack, é trazer esse sentimento de que você está vendo um vídeo na internet em 2008 sobre uma luta que você não conhecia. Isso pode ser bom e, como veremos depois, pode ser bem ruim também.
Porém, já que estamos aqui, vamos falar de algumas coisas legais da luta também.
Prender a da Willow no poster com o cadeado é um spot muito legal, assim como o stomp seguido de Powerbomb dos Bucks no Omega. Essa luta, para quem gosta, esta cheia de pequenos momentos facilmente clipáveis para o twitter e golpes impressionante. Todo mundo acaba tendo seu momento numa em que, a todo momento, algo está rolando.
Gostei particularmente da participação da Willow, já que falamos dela agorinha. Acho que ela é de um carisma e uma presença incrível. Se tem alguém que prova o quão forte é o roster feminino da AEW, tão forte que alguém como ela nem na rota do título está, é a dona do Pounce.
A alma da AEW
Desde seu controverso segmento com CM Punk, momento que irritou tanto o idoso de Chicago que o levou a ter uma vaso vagal comendo Donuts, que Hangman Adam Page se colocou como o defensor da alma da AEW, aquele que representava tudo o que essa empresa trazia de valores: um lutador que se faria ali, olharia para aquele chão como se fosse realmente queimasse salsa ardente e construiria, no solo sagrado daquele ringue, um lugar seguro para os seus.
No fim das contas ele perdeu o título e foi tudo para o caralho, mas…
Nos últimos dois anos Hangman passou por uma reinvenção e, na noite de 25 de maio, ele veio mais forte, mais peludo e mais violento enfrentar outro lutador que também busca deixar sua marca na All Elite da mesma forma que deixou na New Japan.
Ospreay é um dos lutadores mais polarizantes da atualidade, indivíduo que suscita frases clichês como esta última em redatores de segunda como este que você, caro leitor, alimenta com seu tempo.
Ele é um chato do caralho, arrogante, pedante e fala que nem a Bia do Brás. Também é um lutador excelente, principalmente quando o palco em questão é uma luta épica, sofrida, dramática.
A Norma Desmond do tatame dá show quando a situação é esta, podendo até ser apontado como samba de uma nota só por justamente aportar tanto neste encouraçado de conforto que encontrou dentro de sua narrativa no Pro Wrestling.
De qualquer forma, estes dois se encontraram para decidir quem tinha mais para jogar, quem seria digno de enfrentar Jon Moxley no principal evento anual da empresa e tirar a bosta do título da bosta da maleta.
Deu Hangman, em uma luta que foi exatamente aquilo que você esperaria de uma luta do Ospreay. Acho que ter o Adam Page ali ajuda muito, porque todo o léxico espetaculoso do menino inglês se beneficia do físico maciço e da força bruta e plástica do Cowboy.
É dele a função de acabar com os Death Riders agora, de dar um jeito nessa gangue de malfeitores e recuperar esse tesouro que está refém. Uma clássica aventura para um clássico homem do Velho-Oeste.
MAU
Dois as vezes não é bom
Cada luta chata de dupla, bicho.
Garcia e Nigel McGuiness (!) vs FTR foi uma apresentação hiper esticada de uma luta de duplas que teria se beneficiado muito daquele corte perfeito aos 13 min. Infelizmente, tivemos de ir até os 23, num lero lero interminável entre o careca da brazzers, Mc Lucy/Roge e Tony Schiavone.
No final a Revival venceu o lendário McGuiness e o eternamente promissor, Diego Souza do PW, Daniel Garcia.
Quem perdeu foi a gente, que ainda teve outra luta de duplas merda.
Eu acho a Hurt Syndicate uma coalisão legal, uma dupla que funciona tendo dois homens fisicamente imponente, equilibrando a habilidade inegável de Benjamin com a presença poderosa de Lashley, o último que acaba pecando um pouco na habilidade do ringue; equilíbrio, sacou?
Eis que um passarinho não só achou legal pegar o perdido, pouco inspirado e, sinceramente, decadente MJF e colocar junto desse grupo. E aí depois essa mesma pessoa falou “o que é um peido pra quem já está cagado?”. Bem-vindo ao furacão de bosta.
HS teve um combate deprimente contra nada mais nada menos que Sons of Texas, dupla composta por Sammy “No words Just turds” Guevara e o artista anteriormente conhecido como “The Natural” Goldustin Rhodes.
Desastre.
Shelton e Bobby ao menos ainda são campeões. Infelizmente, os filhos do Texas também são.
Três também é demais
É uma pena que você precise gastar 5 bons lutadores e um aposentado em atividade para, propositalmente, deixar a crowd mais calma antes de um tão aguardado Main Event. E depois você a atiça de novo, provando que esse Main Event não precisava de um preambulo chato e que essa luta foi só mal colocada no card.
No pré-ME do Double or Nothing vimos Paragon – PARAGON -, trio formado por Kyle O’Reilly, Roderick Strong e o campeão da TNT Adam Cole, enfrentar a Don Callis Family, representada por Konosuke Takeshita, Josh “o que estou fazendo aqui?” Alexander e o homem mais feio do mundo Kyle Fletcher.
Veja bem: em qualquer outra situação isso aqui tinha grandes chances de ser alerta de lutão. Na posição que foi colocado? Achei que estavam reprisando o pré-show.
E no final ainda trouxeram Brody Lee, Tomohiro Ishii e o Ace da cadelinha da AEW, o presidente da New Japan puxadinho Wrestling, Hiroshi Tanahashi, para batalhar contra a vitoriosa família de Don Callis.
Se você assistir essa luta por si só até vale a pena. No contexto em que estava inserida? Uma bosta.
FEIO
O grande highlight no céu
Que grande bobagem é essa Anarchy in the Arena. Pode ser o objetivo da luta? Claro. Inclusive, acho que ela consegue acertar todos os pontos para o qual se propõe.
Mas na visão do redator desta coluna, a própria proposta em si é uma idiotice. E no final das contas, foda-se o que eu acho dessa categoria de combate, pois ela parece agradar em muito o fandom da própria AEW, que é o público-alvo desta celebração ao que é a All Elite Wrestling.
Mesmo assim a coluna é minha, então vou me reservar o direito de falar mal desse arremedo de ideia pelas próximas linhas.
Todas as minhas experiências com a Anarchy in the Arena foram horríveis.
Se você foi criado pela internet no fim da primeira e começo da segunda década de 2000 você provavelmente viu muito highlight de evento ao som de bandas de Nu-Metal ou qualquer outra vertente datada da coisa. Inssurrexion 2001 ao som de Saliva, Unbreakable 2005 ao som de Madina Lake, você escolhe!
A Anarchy in the Arena parece exatamente isso. Uma exagerada tentativa de fazer um highlight de uma hora de uma luta, só que a própria luta é o highlight inteiro, com um zilhão de ações ao mesmo tempo e zas e sangue zas e aí ele pega o arame farpado e zas e…
É como se fosse a versão super estados unidos de um cibernético, com todas as idiotices que fazem do Wrestling USA tão bom e tão ruim de assistir.
Uma luta perfeita para o Twitter. Infelizmente a morte é lenta.
Gabe Kidd
Me dê seis palavrões, dois litros de sangue e um par de lutas mais ou menos e eu serei proclamado o futuro do Pro Wrestling. É assim que Gabe Kidd se alçou até a mais alta posição de ser lacaio do Moxley.
Veja bem, está chegando o Forbidden Door, então é provável que vejamos muito do vencedor do prêmio Jonathan Coachman de Lutador Mais ou Menos do Ano ainda.
Uma pena. Acontece com essa criança aquele mesmo hype que, há tempos, acometeu MJF. É o Edge lord dos próximos dois anos, a fantasia incel encarnada em um pacote genérico o suficiente para poder ser qualquer um, inclusive você!
Venha! Venha ser Gabe Kidd comigo, seremos felizes nadando no colostro grosso da mediocridade aplaudida.
“As últimas palavras de Goethe ao morrer foram: ‘Luz! Luz! Mais luz!”
Depois a gente se vê para falar do NXT Battleground.