Então você quer saber o que rolou de melhor e pior no AEW Dynamite? Bem-vindo ao Bom, Mau e Feio, onde elencamos os melhores, piores e absurdos pontos deste semanal da AEW. A edição analisada hoje é a do dia 09 de julho de 2025.
BOM
O último folego antes do mergulho
Mercedes Moné e Toni Storm abriram o AEW Dynamite da última quarta-feira com uma promo quase perfeita.
Em uma última encarada, as duas conseguiram fechar as pontas que faltavam para chegarmos à última luta: a motivação de Mercedes para ter tantos títulos foi mais explorada e a presença de Toni como campeã, sua personalidade antiquada e seu jeito de se portar, tudo foi utilizado numa troca de palavras que conseguiu ser interessante e profunda dentro dos parâmetros que uma promo de Wrestling deve ser.
Inclusive foi tudo o que aquele segmento merda de backstages do Moxley, um dos vários que ele faz semana sim semana não, tentou ser e falhou.
De qualquer maneira, eu recomendo que vocês não acreditem só na minha palavra e assistam pelo menos esse início de show. Vai ser uma pena quando essa feud acabar, pois acredito que ambas conseguem trabalhar bem justamente por entenderem o que faz o personagem da adversária funcionar.
Ah, a promo foi “quase perfeita” pois, além da impossibilidade natural de alcançar essa idealização, Mercedes errou o dia do PPV e o público, de maneira um pouco imbecil, não deixou barato.
Enfim. foi a provocação final entre “Timeless” Toni Storm e “C.E.O” Mercedes Moné. Agora falta a pancada.
Bayne demais
Megasus venceu uma fatal 4 way contra Thekla, Queen Aminata e Tay Melo pelo direito de ser a segunda a entrar na Cassino Gauntlet feminina este sábado, no All In.
O combate foi excelente e fez o que, acredito, todas essas lutas classificatórias deveriam fazer: deixar aquele gostinho de quero mais e de que qualquer uma ali poderia ter vencido.
Em paralelo, um aspecto legal foi ver que todas ali lutaram de uma forma agressiva, pesando a mão na porrada, entrando no embate com emoção, algo que foi salientado até pela mesa de comentaristas.
Logo, isso demonstra a intensidade com a qual a luta foi transmitida para o público, o que também foi usado para levar a frente rivalidades como a de Anna Jay e Penelope Ford — e por consequência Tay Melo, que foi inserida nesse balaio —, além da própria rusga que existe entre Thekla e a vencida Queen Aminata, lutadora que levou o pin de Megan Bayne após um running Powerbomb.
Todo mundo é gangster até aparecer uma retroescavadeira
Nikolai Gogol já dizia: “Não é preciso uma retroescavadeira para escrever uma boa storyline de Wrestling.”
Ok, o autor de teatro nunca falou isso, mas certamente ele concordaria que, mesmo não sendo uma necessidade, é legal para caralho.
Aparentemente Swerve Strickland também concorda com isso, já que foi seu personagem que inseriu esse elemento na história quando, no último segmento do AEW Dynamite de quarta-feira, ele destruiu a limosine dos Young Bucks usando esse maquinário pesado.
É importante trazer a luz que, com esse elogio ao uso de tal equipamento eu não quero trazer à tona debates quando a ‘Sports Entertainment vs Wrestling” ou “Storytelling vs Ring Skill” ou qualquer outra idiotice sobre as quais vocês fazem thread no twitter.
Escavadeira é foda, incêndio é maneiro, explodir carro, jogar gente em rio, lança chamas, tudo isso é foda, contanto que no final das contas a soma dos fatores leve até um bom combate. E isso eu sei que Strickland, Ospreay e os Bucks vão entregar neste sábado.
Sendo assim, Tony Khan e companhia, vocês fizeram este escritor muito feliz.
MAU
Chover no molhado e roubando trovões
“Steal the Thunder” ou “roubar o trovão” é o nome de uma tática argumentativa onde a pessoa atacada usa os argumentos de quem o irá atacar antes que seu adversário o faça. Tal ação tem o objetivo de enfraquecer o argumento como um todo.
Um exemplo é o Eminem no final do 8 Mile, outro exemplo era você quando criança se chamando de feio ou fedorento para que não parecesse ofender quando aquele outro garoto dissesse.
Tirando o caso do Eminem, geralmente não dá certo. Acredito que também não deu no último AEW Dynamite, quando Mark Briscoe trouxe à tona que MJF iria falar do seu irmão para ofendê-lo e isso meio que mudou o rumo do segmento, apesar de no final Maxwell ainda ter usado isso para atacar o ex-campeão da ROH.
Veja, quem usa essa tática não é o lutador sem dentes, mas sim a própria AEW, uma vez que o público no geral espera sempre a mesma coisa de MJF: ataques idiotas usando fatos como muleta.
Porém, mesmo não sendo exatamente o que ocorreu, acabou sendo ruim do mesmo jeito. Pois Mark já é um lutador extremamente carismático e não seria necessário trazer à tona o fato de o irmão ter falecido em um acidente de carro para suscitar simpatia do público para com ele: esse carinho já existe, também por esse fato, mas não exclusivamente em decorrência dele.
Da mesma forma, o público já vai vaiar o MJF, mesmo que seus outros pontos nesse segmento tenham sido fracos: ele é um heel que naturalmente atrai vaias, é um talento dele e merece reconhecimento. O que não deveria ter reconhecimento é essa necessidade de tornar tudo em algo pretensiosamente chocante pela conexão com a realidade. É aquém do que deveria se esperar de um talento que muitos julgavam promissor. É aquém de Mark Briscoe e seu legado como lutador.
Bem disse Toni Storm no começo do show: não existe legado, todos seremos esquecidos. Bom, eu só queria esquecer de MJF e suas repetições.
FEIO
Para que serve um Gabe Kidd?
Gabe Kidd apareceu hoje para ajudar os Death Riders, mas eu confesso que mesmo tendo acompanhado o AEW Dynamite direto durante alguns meses eu esqueci qual é o objetivo desse careca paspalho dentro dessa feud.
Ele odeia a AEW? Ele odeia o Wrestling? Ele me odeia? Preciso de respostas, Samuel Rosa, preciso saber da sua vida — ou melhor, da vida do Gabe Kidd.
Em verdade, seria melhor não ter a presença dele, já que existem tantas partes móveis dentro desta novela entre Death Riders, Bucks e cavaleiros da távola quadrada. Contudo, uma vez que ele é uma constante, queria ao menos ser lembrado de sua motivação.
Enquanto não me dizem, a gente espera até o próximo texto. Lembrando que o All In, principal evento do ano para a AEW, é neste sábado, dia 12 de julho.