AEW Summer Blockbuster: Bom, Mau e Feio

Então você quer saber o que rolou de melhor e pior no AEW Summer Blockbuster? Bem-vindo ao Bom, Mau e Feio, onde elencamos os melhores, piores e absurdos pontos desta união de semanais da AEW. A edição analisada hoje abarca o Collision e Dynamite do dia 11 de junho de 2025.

BOM

Empates e vitórias

O Dynamite começou com a luta anunciada semana passada entre Will Ospreay e Swerve Strickland. É uma ótima maneira de iniciar um show, mesmo que a luta em questão tenha atingido o limite de tempo de 30 minutos. Sendo os lutadores que são, não custa gastar 1/8 do seu tempo de tela com eles — na realidade gastou-se um tanto mais, porém só estou considerando a luta.

De qualquer maneira, apesar de ter sido uma boa apresentação, não tenho nada a falar da luta. Combates do Ospreay em que ele tem que quase morrer para vencer o oponente, ou quase ser morto e ainda assim não perder, seguem mais ou menos ela estrutura sempre, então, mesmo que bom, é repetitivo.

O importante mesmo é a sapatada que ele tomou depois, um superkick duplo com tachinhas, presente dos Bucks que miravam um Swerve algemado no corner pós ataque da dupla com ajuda dos Death Riders.

Enquanto alguns ficam no 0x0, tem vitória para outros. Nessas quatro horas de show tivemos bons combates como Anthony Bowens x Kyle Fletcher e Bandido x Beast Mortos.

Sim, eu achei uma luta do Anthony Bowens legal, também estou surpreso, mas é necessário dar a Cesar o que é de Cesar. Desta forma, fica aqui os meus parabéns. Ele perdeu.

Já Bandido e Mortos é o tipo de luta que nem de perto recebeu toda a pompa e circunstância que merece. Foi, por muito, a melhor luta desta combinação maluca de Collision e Dynamite, entregando dinamismo de onde se espera força e potência de onde se esperava graciosidade. Dois lutadores incríveis que foram relegados ao meio de campo de um show secundário. Uma pena.

Outra que ganhou foi Taynara Melo, retornando aos ringues junto de Anna Jay para enfrentar Megasus e Penelope Ford. A luta teve alguns erros, mas nada que me impeça a comemoração deste mais que bem-vindo retorno da brasileira aos ringues.

Intercontinental e Cheirada no cangote

Neste Dyna também se viu a nova cara do título Intercontinental da AEW.

“Ai Lequinho, mas o título ainda não tem nome, porque voc—”

Shiu, cala a boca! É a união do título CONTINENTAL com o título INTERNACIONAL, então a menos que você o nomeie como Continacional, é melhor aceitar o Intercontinental como seu senhor e salvador.

Ontem, enquanto revelavam a cinta, eu estava gravando Bar e Lanches com meu querido Ricardo Chavas Club, o que me impediu de ver com detalhes o cinturão. Confesso que na hora, apesar do formato, achei meio esquisito, com muitos detalhes que eu não conseguia enxergar porque faltava uma cor ali no meio.

Com a breve passagem de tempo e análise um pouco mais calma, posso dizer que é um título com o qual eu conseguirei me acostumar, que provavelmente vai ficar muito bonito quando usado por um lutador e que, espero, tenha como estreia uma luta histórica entre Okada e Omega.

Em casos assim esperar é até fácil.

Outra luta que promete para o All In é Mercedes Moné vs Toni Storm pelo título da AEW. Para continuar a história com a campeã, a CEO resolveu toda quarta fazer um jantar especial a beira do ringue. Esta semana, com uma carne gloriosamente malpassada, Muné assistiu Toni derrotar Julia Hart numa lutinha bem da mais ou menos.

O foco, porém, não é a luta, mas sim o pós, quando a campeã TBS foi até o ringue, deu-lhe um senhor cheirão no cangote de Storm, antes de sussurrar algumas bobeiras para a campeã e descer-lhe a pancada.

Mina Shirakawa até tentou vir ajudar, mas recebeu porrada também.

Por hora, Moné vem com tudo para papar mais esse título e engordar a coleção de ouro que a chefona leva no corpo. Inclusive, tem mais papo disso, só que em outra categoria…

MAU

MJF

Gostaria de abrir essa parte do MAU falando que eu entendo a decisão da AEW em parear Místico e Maxwell. Na cabeça de Tony Khan, ele não pode colocar nenhum talento realmente grande da atualidade para perder para o Místico, então ele escolheu o rei da mediocridade.

Mais uma semana se segue e novamente MJF prova que, como samba de uma nota só, consegue ainda desafinar. Seguindo a ideia clássica de gringo contra mexicano, Friedman tenta introduzir uma lógica oitentista cafona em algo que naturalmente já iria acontecer assim que ele pisasse na Arena México. Mas não, ele tem que imbecilizar.

Isto porque, na cabeça de lutadores como o ex-campeão mundial da AEW, o Wrestling mexicano é mais infantil, mais pueril. Eles olham personagens como Difunto ou o próprio Mr. Iguana da AAA e não entendem o que realmente faz com que esses elementos existam de forma natural dentro da lógica da lucha libre.

O segmento dele com a Hurt Business e Místico foi patético e sua luta, junto dos campeões de duplas e parceiros de Stable Bobby Lashley e Shelton Benjamin, enfrentando Kevin Knight, Mike Bayley e Máscara Dorada, também foi decepcionante, muito aquém do combate de semana passada quando o trio de faces enfrentou a facção ingobernable.

De qualquer forma, ao menos traz um alento ver que a AEW relegou MJF a um segundo escalão que ele tanto merece e que, no seu promo package, deixaram de falar a bobagem de que ele foi o estrangeiro mais novo a dar sold out na Arena Mexico. Bobagem não, né? Mentira.

FTRala

Tudo o que foi dito de MJF pode ser encaixado dentro da cansada FTR. Eu disse cansada e não casada, presta atenção.

Já dentro do Collision, Carlos Cabrera introduziu Atlantis e Atlantis Jr ao ringue, falando sobre como suas presenças são importantes para adultos e crianças e como o personagem brilha aos olhos da nova geração. Eis então que vem Dax e Cash, acompanhados do brilhante Stokely Hathaway, para falar uma torrente de merda e acabar saindo no braço com pai e filho.

Novamente: o problema é ver lutadores tão bons pareados com vilões tão medíocres, tão barrelas. A All Elite tem bons vilões, haja visto o exemplo de Okada, Moné, os próprios Bucks, todos esses que funcionam porque são, se não originais, ao menos autênticos.

FTR, pelo contrário, é um pastiche de duplas modernas do passado, mas que na realidade atual, como um De Volta para o Futuro do inferno, estão fora de sua época.

Paragon

Composto por uma dupla excelente e um líder já no ocaso da carreira, a stable Paragon, que é basicamente a Undisputed Era, segue sendo uma cansativa tentativa da AEW de reviver um passado glorioso que não é seu. Por mais que esses três tenham sido excelentes juntos no NXT Black and Gold, nenhum dos experimentos que se seguiu envolvendo o antigo grupo profético deu muito certo. Talvez o que chegou mais perto foi no período em que Adam Cole estava envolvido com o reinado de MJF, sendo um desafiante pelo título e, logo após, traindo Maxwell para formar a já morta Undisputed Kingdom.

Veja bem, isso foi O MAIS PERTO que chegou de dar certo, mesmo sendo um desastre.

Infelizmente Wrestling tem um timing que é muito ingrato, então todas as lesões que acometeram Adam Cole, pareado ao péssimo uso que a empresa fez de Roderick Strong — wrestler que, no frigir dos ovos, é melhor que metade deste roster, mas está sempre na posição de lacaio — e de Kyle O’Reilly, faz da Paragon uma facção natimorta.

Infelizmente, eles ainda têm uma história repetitiva com a Don Callis Family

FEIO

Para que Don Callis?

Já faz um tempo que Don Callis e Kenny Omega se separaram dentro da programação da AEW e, desde então, é lógico que eles se cruzariam várias vezes como inimigos. Don Callis se tornou mais ou menos o real nêmesis de Omega na companhia, tentando trazer pessoas que o vençam, tentando matar o monstro que ele, dentro da lógica dos programas da AEW, criou.

Acontece que Okada vs Omega, mesmo com um mês de storyline para desenvolver, não é uma luta que precisa da presença do manager. Kazuchika Okada vs Kenny Omega é combate que se vende sozinho, água no deserto, frango de padaria, DVD 5 em 1, três jogos por 10 reais na feirinha; porra, você não ia precisar do Don Callis para vender Black, GTA San Andreas e Bomba Patch por 10 reais na feirinha!

E é exatamente isso que a AEW está fazendo colocando esse elemento dentro de uma unificação pelo título.

Pode acabar dando bom? Provavelmente VAI DAR BOM, até pelos dois lutadores e pela história pregressa. Porém, é como introduzir manteiga num prato de Wagyu A5: o sabor já está lá, colocar mais coisa é exagero.

Mercedes Mexico

Ok, temos uma luta marcada entre Mercedes Moné e Zeuxis para semana que vem valendo o título mundial feminino da CMLL. Eu sei que vai ser um lutão, mas terei de esperar palhaçadas ao final, porque acho impossível a AEW deixar que a mandona do dinheiro perca para a Zeuxis, tendo em vista a visão que empresas americanas costumam ter do México — de cima para baixo e essa coisa toda. Além disso, dado o que eles querem construir, nem eu faria o booking da Mercedes perder, porém não a colocaria numa luta pelo título.

Veja bem, a atleta Varnado é uma lutadora excepcional, verdadeiramente completa no ringue e genial fora dele. Ela se entende como lutadora e como marca e faz o primor da Balabushka para se manter intocada dentro do mundo da luta livre. Porém ela não é, no momento, a melhor escolha para ser campeã da CMLL.

A situação que ela se encontra é muito diferente, por exemplo, do momento que era vivido por Willow Nightingale quando esta se tornou campeã da empresa após a saída mal-educada de Stephanie Vaquer. Era um momento de transição onde podia-se brincar um pouco e tinha-se Willow mais a disposição no quesito agenda.

Logo, comparando este contexto com o atual da campeã da Rev Pro, fica difícil ver uma saída de tal situação e, sinceramente, é uma raiva que eu não queria ter da Mercedes. Ela não precisa desse título e definitivamente a CMLL não precisa de Mercedes Moné. Seria muito mais benéfico fazer com ela a mesma coisa que foi feita com Toni Storm e colocar em um combate que não vale nada, podendo ser até contra a Zeuxis mesmo, para que ela mostre toda a sua habilidade num palco a sua altura como é a Arena México.

No momento que colocaram o título, colocaram um caroço num Angu perfeito.

Enquanto esse angu não fica pronto, a gente se prepara para o próximo texto. Até mais tarde.

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