Para retomar os trabalhos aqui no WrestleBR, decidi falar um pouco sobre o que achei do mais novo evento da WWE, com o nome mais estranho possível, o Great Balls of Fire. Eu ainda acho que o logotipo criado pro evento foi feito de propósito pra sacanear mais ainda, mas vamos lá.
Estamos em 2017 e ainda deixam o Vince escolher nome de evento…
Demos início ao show com Bray Wyatt vs. Seth Rollins, que estão batalhando meramente porque foi o que sobrou. Ainda que a personalidade de Wyatt seja algo muito interessante e com vários pontos ainda a serem explorados, é fato que já se tornou bastante repetitiva. É sempre aquele mesmo papo sem sentido que só a mente do personagem sabe o que ele está buscando. E o Rollins, bom, é o Rollins.
A luta foi boa, de fato, escolheram bem como começar. Contou com vários momentos interessantes, e um final até que justo pros personagens. Fiquei surpreso de darem a vitória para o Bray Wyatt, ele não costuma ganhar em PPVs. Acredito eu que não teremos sequência nessa storyline.
Todo mundo ficou de coração partido com a separação de Big Cass e Enzo Amore, e temos que parabenizar os dois pela atuação sensacional no momento de ruptura. Mas, a luta conseguiu ser abaixo do que já esperávamos. Não precisava ser mais uma história de Davi e Golias, mas não sei como um squash desse pode ser bom para desenvolver a carreira solo do Enzo.
Certamente a melhor luta dos Hardys desde o retorno. No começo eu estava reclamando por ser mais uma luta entre os Hardy Boyz e Shesaro, mas no final mostraram que valeu a insistência. A luta contou com o fator surpresa por muitos momentos. Já começando com Sheamus abrindo o placar com um Brogue Kick à la Wrestlemania 28, fato muito bem relembrado por Marco Alfaro e Roberto Figueroa, quando Sheamus venceu Daniel Bryan após o famoso beijo da morte de AJ Lee.
Nos minutos finais, a luta esquentou. Depois de um descuido dos Hardys, Cesaro aproveitou para colocar a sua dupla na vantagem, e malandramente gastou um tempo correndo pelo lado de fora. Esse tempo foi crucial, visto que a última tentativa de Jeff Hardy para empatar a peleja foi interrompida com o fim dos 30 minutos da ironman match.
A luta feminina contou com Sasha Banks e a campeã do RAW, Alexa Bliss. As duas não decepcionaram, desempenharam uma boa luta, mas o final deixou muito a desejar. Muito mais por conta de uma das derrotas dos Hardys na ironman match ter sido por contagem.
Pode ser que tenha faltado comunicação entre as equipes criativas de ambas lutas, pois acabou ficando algo repetitivo. Pensando individualmente nessa luta, o final cria continuidade pra história e deixa tanto a Sasha Banks por cima quanto a Alexa Bliss com mais heat.
Já pelo outro lado, Miz e Dean Ambrose travam uma das rivalidades que mais está durando na WWE atualmente, e nesse Great Balls of Fire o Miz utilizou de todas as suas cartas sujas pra conseguir a vitória. Não só com sua primeira-dama Maryse, como com seus novos comparsas Bo Dallas e Curtis Axel.
Apesar de não ver a hora de acabar essa história, o papel atualmente desempenhado pelo Miz não deixa nada a desejar. É preciso reconhecer seu avanço tanto no ringue quanto no personagem. Mas convenhamos que todos nós queremos ver o Dean Ambrose alçando voos maiores.
Na 2ª luta mais promovida pra esse Great Balls of Fire, tivemos boa parte do que esperávamos para ela. Roman Reigns batendo de frente com o talentoso Braun Strowman. Foi uma luta bastante pegada, essa luta é daquelas que exige um grau maior de dedicação para que não fique entediante, e cumpriu bem seu papel.
Mas o final saiu bem melhor que poderíamos imaginar. Desde o spear de Reigns para a derrota, onde ele calculou mal e foi parar dentro da ambulância. Até vermos a WWE voltar um pouco a sua fase megalomaníaca e sem muitas precauções em ser violenta.
Vimos um Roman Reigns inconformado, talvez até mesmo num possível double-turn (onde Strowman se torna o mocinho e Reigns, finalmente, o vilão). Strowman foi jogado para dentro da ambulância, a qual Reigns tomou do motorista e, arena adentro, definiu uma posição estratégica para seu inédito ataque psicopata. A imagem de Roman Reigns dando ré na ambulância e acertando ela com tudo em um caminhão ali parado foi icônica.
Eu estava esperando sair lá de dentro um Strowman de pé berrando “Eu ainda não acabei com você!”, mas presenciamos um Strowman severamente ferido, que se recusou a receber atendimento médico. Aqui fomos surpreendidos, eu pensei que a WWE jamais utilizaria novamente do sangue de forma proposital para uma história.
E chegamos ao evento principal. Para fechar o atípico evento de atípico nome Great Balls of Fire, temos a besta encarnada Brock Lesnar contra Samoa Joe. Uma história que foi muito bem construída, com o Samoa Joe e Paul Heyman semana pós semana elevando a importância da luta, e quando finalmente Lesnar apareceu, a troca de farpas ficou real e ali já acabou ficando indicado o vencedor da luta.
Quando Samoa Joe saiu por cima da rivalidade nos dois encontros com o Brock Lesnar, imaginei que não venceria a luta. Mas também havia imaginado que essa seria muito mais visceral, com momentos de troca de socos mal aguentando estar de pé, um verdadeiro desafio. Só que não vimos isso tudo. No momento que Joe parecia começar a elevar a luta para esse ponto, foi derrotado para Lesnar com um mísero F-5. Francamente, quando vi as proporções elevadas que a luta trouxe, quando Heyman dizia que esse era o pior adversário para Lesnar, eu esperava que o Samoa Joe parecesse ao menos um pouco mais forte.
Em suma, o Great Balls of Fire foi um ótimo evento. Não excelente, mas apenas chamá-lo de bom seria injusto. Foi bom o suficiente para me fazer tirar as teias de aranha daqui e fazer uma análise. Encerrou algumas histórias, mostrou que outras não vão acabar tão cedo, criou oportunidades para novas. Nos resta aguardar as próximas.
Até mais!