Quando se discute marcos recentes no Pro Wrestling, provavelmente a grande maioria dos fãs citaria a criação da All Elite Wrestling, que inegavelmente atingiu surpreendentes patamares, mas quero com esse texto mostrar como uma pequena federação de Nova Jersey merece ser vista como um estandarte para o que esta acontecendo de melhor no esporte espetáculo, com muita criatividade, estratégias vencedoras de mercado e uma conexão direta com o publico. Conheça a Game Changer Wrestling!
ORIGEM
Criada no final dos anos 90, a Game Changer Wrestling – ou, como foi chamado originalmente, Jersey Championship Wrestling – foi uma das muitas federações independentes que surgiram na região leste dos EUA, pegando carona no sucesso da ECW que, durante mais de uma década, não passou de uma versão de menor orçamento de uma outra companhia local, a CZW. Seu único destaque foi a realização do torneio anual “Jersey J-Cup”, que teve a participação de grandes nomes como American Dragon (Daniel Bryan), AJ Styles e CM Punk.
A MUDANÇA
Em 2015, o empresário Brett Lauderdale, dono da promotora de eventos Game Changer, e o experiente lutador Danny Demanto compram a empresa de Nova Jersey e resolvem recomeçar a federação do zero, com um novo nome e uma nova identidade. E da junção de toda a criatividade e experiência de Demanto, somado a uma grande quantia de dinheiro para investimentos vindos de Lauderdale, iniciou-se um marco na cena independente.
Mas o início foi bem longe de algo grandioso. Os dois primeiros anos foram uma tentativa dos organizadores de estabelecer mais a GCW como um nome sólido dentro da cena local, tanto que os shows eram basicamente compostos por talentos de academias da região. Mas é nesse período que um nome se destaca: Joey Janela. O cabeludo com visual bem caricato ganhou o carinho do público com seu enorme carisma e spots de extremo risco.
Pegando carona nesse grande sucesso que o caminho para o estrelado da federação se inicia, depois de promover um evento chamado Joey Janela’s Spring Break durante a Wrestlemania Week de 2017. Sem dúvida, depois da própria Wrestlemania, esse foi o evento mais comentando naquela semana repleta de show memoráveis. Isso graças ao jeito extremamente criativo que a empresa escolheu para promover o evento, algo nunca antes visto dentro da Luta Livre. Deixar Janela comandar a direção do show e escolher cada peça do card fez com que a atenção do público fosse enorme, e os ingressos para o evento esgotassem em tempo recorde. Algo muito distante do que era a realidade da GCW até então.
Depois disso, cada passo dado significava uma maior proximidade com o estrelato, até um marcante evento, o Cage of Death de 2017 da CZW.
ENFRENTANDO A CONCORRENCIA
Logo após o fim do main event do Cage of Death, temos a aparição de alguns membros do roster da GCW, que entram no ringue gerando uma confusão e fazendo muitos nomes do elenco da CZW intervirem. Iniciando um confronto verbal até que a transmissão do show é finalizada sem mais explicações. Aquele confuso final que parecia ser o início de uma rivalidade nos ringues entre as duas empresas na verdade foi uma invasão não planejada, o que gerou uma confusão real e o total corte de relação entre as duas companhias. A CZW inclusive proibiu os talentos de seu roster de participarem de shows da outra empresa. Isso gerou um grande êxodo de wrestlers para a empresa adversária, pegando de surpresa muitos que não esperavam ver tantos nomes preferirem uma federação menor a uma outra já extremamente consagrada como era a CZW.
Munido de toda a moral devido a esse êxodo e um ímpeto grande de ser maior que a empresa de DJ Hyde, a GCW começa seu 2018 com tudo. Investindo pesado, aumentando cada vez mais seu calendário de datas de eventos e apostando em nomes que expandiam não só da cena local como também da nacional, com direito a parcerias com empresas de outros países. Mas a cartada de mestre mais uma vez veio na Wrestlemania Week. Além da extremamente aguardada continuação do Joey Janela’s Spring Break, mais um show faria parte da agenda da GCW na semana, o “Matt Riddle Bloodsport”. Um show que trouxe de volta a energia dos eventos japoneses de Shoting Fighting e ainda colocou no comando provavelmente o maior fenômeno recente no Indie Wrestling: o ex-UFC Matt Riddle.
O resultado de todo esse esforços não foi diferente do esperado: a GCW tomou o espaço antes de destaque da CZW. Embora não se possa negar que a série de trapalhadas da federação amarela e preta ajudaram a chegar nesse resultado.
CONCLUSÃO
A Game Changer Wrestling sem dúvida atingiu um ponto de destaque inegável, mas eles estão bem longe de parar. A cada novo evento mais e mais Wrestlers são apresentados a um grande público. Entre eles dois recentes que se pode destacar, que hoje são estrelas contratadas da AEW: Marko Stunt e Jungle Boy.
Além disso, o calendário de eventos da empresa é surreal dentro do Indie Wrestling. São realizados shows quase que semanalmente. E esse ano a Game Changer Wrestling criou sua própria sede de eventos na semana da Wrestlemania, trazendo não só shows próprios como também de outras empresas independentes. Em 2020 serão mais de 15 shows incluindo, além dos já tradicionais Spring Break e Bloodsport. Um show apenas com lutadores negros, idealizado para apoiar o Ex-WWE Superstar Jordan Myles/ACH após o caso de racismo que o mesmo sofreu dentro da empresa de Vince McMahon e um outro voltado a comunidade LGBTTQ+.
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