Vince McMahon foi acusado de tráfico sexual em uma perturbadora ação judicial movida por uma ex-funcionária da WWE.
[A seguir, o artigo contém detalhes perturbadores que alguns leitores podem achar angustiantes]
Conforme resumido no Wall Street Journal, a ex-funcionária da WWE, Janel Grant, acusou McMahon de tráfico sexual em um processo que também faz referência a ex-funcionários e a um lutador atual. Como observado na ação judicial, Grant começou a trabalhar para a empresa em 2019 como “administradora-coordenadora” no departamento jurídico, que foi criado por McMahon. É afirmado que Grant sentiu que a posição não era merecida, mas a resposta de McMahon foi “ela só precisa parecer legítima”.
Antes de ser contratada pela empresa, Grant, que estava procurando emprego após a morte de seus pais, foi apresentada a McMahon, pois ele tinha um apartamento no mesmo prédio de Grant. McMahon costumava cumprimentar Grant apenas de cueca e pedir abraços, sendo posteriormente pressionada a se envolver em atividade sexual para conseguir o emprego mencionado.
A ação judicial descreve a natureza gráfica das acusações contra McMahon, incluindo agressão sexual e mensagens inapropriadas. Em uma instância, McMahon é acusado de trancar Grant em seu vestiário privado e forçar-se sobre ela em uma maca de massagem. Além disso, McMahon e outro executivo se revezaram em agredir sexualmente a funcionária enquanto outros ainda estavam trabalhando. Uma mensagem perturbadora de McMahon para Grant está nos autos, dizendo “Eu sou o único que é dono de você e controla quem eu quero f— você.”
McMahon também tinha fotos explícitas de Grant que ele enviava para outros funcionários, executivos e estrelas, e também dirigia Grant a ter relações sexuais com eles. As demandas horríveis de McMahon continuariam, incluindo o uso forçado de brinquedos sexuais com nomes de lutadores da WWE em Grant, causando hematomas e sangramentos. Além disso, McMahon foi acusado de defecar na cabeça de Grant durante um ménage à trois.
A ação judicial também cita John Laurinaitis, que foi recrutado por McMahon para ter relações sexuais com Grant. Além disso, a ação judicial afirma que “McMahon e Laurinaitis se forçaram sobre ela e se revezaram para contê-la um para o outro, dizendo ‘Não significa sim’ e ‘Aceite, vadia.'” Laurinaitis deixou a empresa em 2022.
Lutador da WWE envolvido no escândalo de Vince McMahon
Em julho de 2021, McMahon ordenou que Grant produzisse conteúdo sexual para uma Superstar da WWE que eles estavam tentando renovar o contrato. A Superstar foi identificada como uma lutadora da UFC e talento da WWE. A ação judicial afirma que McMahon compartilhou o conteúdo com a lutadora e que “ele gostou do que viu.” Quando a lutadora assinou um novo contrato em agosto de 2021, McMahon informou Grant de que “essa parte do acordo era f—er você.”
Em 2022, Grant assinou um NDA no qual McMahon concordaria em pagar US$ 3 milhões. A ação judicial alega que McMahon não fez mais pagamentos após o acordo original de US$ 1 milhão.
McMahon forçou Grant a assinar o NDA quando Linda McMahon tomou conhecimento do relacionamento. Apesar do NDA assinado, McMahon continuaria a abusar sexualmente de Grant e forçá-la a praticar sexo oral com ele da última vez que se encontraram. McMahon também tentou traficar Grant para a lutadora da WWE em março de 2022 e a forçou a continuar enviando fotos explícitas.
O processo busca anular o acordo e danos financeiros, cujo valor não é especificado. Esta é a mais recente de uma série de alegações contra Vince McMahon que começaram em 2022, quando foi relatado que o presidente da WWE pagou US$ 12 milhões para quatro mulheres. McMahon se aposentou da empresa em julho de 2022 em meio às alegações, antes de retornar no início de 2023.
Vince McMahon, o advogado de McMahon, Jerry McDevitt, e a WWE se recusaram a comentar sobre as acusações, de acordo com o artigo. O resumo do processo encontra-se abaixo.
NA CORTE DISTRITAL ESTADO UNIDENSE PARA A CIDADE DE CONNECTICUT
JANEL GRANT, Requerente, Vs. WOR LD WRESTLING ENTERTAINMENT, ) INC. n/k/a WORLD WRESTLING ) ENTERTAINMENT, LLC; VINCENT K. ) MCMAHON; and JOHN LAURINAITIS, Réus Ação Civil Numero::: 3:24.cv-90 EXIGIDO JULGAMENTO COM JÚRI ACUSAÇÃO
A requerente JANEL GRANT, por e através de seu advogado abaixo assinado, move por meio desta uma acusação contra os Réus WORLD WRESTLING ENTERTAINMENT, INC. n/k/a WORLD WRESTLING ENTERTAINMENT, LLC (“WWE” ou “A Companhia”), VINCENT K. MCMAHON (“McMahon”), e JOHN LAURINAITIS (“Laurinaitis”), alegando o seguinte:
INTRODUÇÃO
- A requerente Janel Grant é uma ex-funcionária da WWE que foi vítima de abusos físicos e emocionais, abuso sexual e tráfico humano na WWE. A Srta. Grant move esta ação não somente para abordar seu próprio sofrimento, mas também para agir por aqueles que tem medo de se pronunciar.
- O bilionário fundador e chefe executivo da WWE, réu Vincent K. Mamahon, viveu em uma cobertura duplex no prédio da Srta. Grant.
- Os dois se conheceram em março de 2019, período no qual a Srta. Grant lidava com luta profundo e problemas financeiros — após anos de cuidados ininterruptos, seus pais faleceram. Em complemento a tal, ela se encontrava desempregada e a casa de sua família havia sido perdido devido a falência de seus pais.
- Após a morte de sua família, a Srta. Grant se dedicou a encontrar um emprego lucrativo. Seus vizinhos de prédio lhe deram conselhos de carreira e buscaram lhe ajudar com eventos pessoais. A Srta. Grant usou esses cargos não remunerados e se voluntariou em trabalhos para a comunidade de modo a construir um currículo.
- A síndica do prédio queria ajudar. Ela mandou uma mensagem para McMahon perguntando se ele falaria com ela, compartilhando as mazelas da Srta. Grant e dizendo que esta faria coisas maravilhosas caso tivesse a chance de um recomeço. McMahon entusiasmado respondeu: “Hell yes!!”
- McMahon fez amizade com a Srta. Grant, lhe dando esperanças de uma nova vida com promessas de um cargo ainda a ser escolhido dentro da WWE, além de lhe cobrir de atenção e garantias, junto com presentes como uma experiência VIP na WrestleMania. Contudo, o que parecia um sonho na primavera de 2019 rapidamente tornou-se um pesadelo.
- Enquanto as propostas de carreira e mudança de vida de McMahon flutuavam frente a Srta. Grant, ele demostrava cada vez mais falta de limites. Durante vários encontros que eram ostensivamente sobre um possível emprego na WWE, ele a recebeu em roupas de baixo, a tocou e, repetidas vezes, pediu por abraços, passando horas compartilhando detalhes íntimos sobre sua vida pessoal
- McMahon admoestou a Srta. Grant que mantivesse essa proximidade em segredo, dado que estes rumores levariam a problemas públicos — e, aliava a isso, que, enquanto protegia pessoas leais, teria recursos legais de alta qualidade na ponta dos dedos para lidar com pessoas que se tornassem um problema.
- Sendo assim, quando McMahon pressionou a Srta. Grant a uma relação física em troca de seu emprego há muito prometido dentro da WWE, ela se sentiu emboscada em uma situação de impossível resolução: submeter-se aos avanços sexuais de McMahon ou encarar sua própria ruína. A Srta. Grant temia que tinha tudo a perder e encarou as consequências negativas independente do que acontecesse.
- Após sucumbir a pressão com uma relação física, a Srta. Grant foi alocada em uma posição de entrada como uma “administradora-coordenadora” — posição que McMahon criou para ela no departamento legal da WWE. A Srta. Grant começou a trabalhar nesta vaga em 17 de junho de 2019.
- A Srta. Grant se manteve no cargo, com exceção de uma relocação temporária para a XFL (Extreme Football League), até que McMahon a direcionou verbalmente para se transferir rumo ao departamento de Relações Humanas, se reportando ao réu John Laurinaitis, no dia 9 de março de 2021. Durante a conversa, no mesmo dia, McMahon explicou que sua presença no departamento legal estava efetivamente atrasando os esforços em contratar um novo Advogado Geral para a empresa.
- McMahon e Laurinaitis informaram a Srta. Grant que ela seria promovida a Vice Presidente de Operações no departamento de Relações Humanas, lhe dando um gráfico organizacional que refletia tal decisão.
- Pouco tempo depois, eles lhe informaram que necessitavam que ela começasse em um nível mais baixo, como diretora, mas lhe prometeram a promoção para a vice presidência após um período de 12 meses.
- Apesar das demonstrações de descontentamento e tentativas da Srta. Grant em acabar com a relação sexuais — ao mesmo tempo que ela percebia que McMahon esperava que tal relação física continuasse como parte de seu emprego — ela não tinha ideia do quão sórdida a relação se tornaria, nem quão desamparada, isolada e encurralada a violência física e psicológica a deixaria.
- Em março de 2020, McMahon começou a compartilhar fotos e vídeos sexualmente explícitos da Srta. Grant ( incluindo material pornográfico que ele mesmo gravava) com outros homens de dentro e fora da companhia, incluindo membros da produção técnica da Televisão, executivos, produtores e um atleta de fama mundial e ex-campeão pesos-pesados do UFC com o qual a WWE ativamente tentava renovar o contrato (o que, ao fim das contas, aconteceu).
- Dado a posição onipotente de McMahon dentro da WWE, coerção era inerente às suas demandas sexuais cada vez mais depravadas. Especificamente, enquanto McMahon era CEO da WWE e a Srta. Grant era empregada como uma coordenadora em nível inicial no departamento legal, McMahon recrutou indivíduos para terem relações sexuais coma Srta. Grant e/ou com eles dois, direcionando a Srta. Grant à visitar o réu Laurinaitis antes de começar seus dias de trabalhos para que tivessem encontros sexuais, enquanto esperava e direcionava a Srta. Grant a atividades sexuais dentro da sede da WWE, mesmo durante suas horas de trabalho.
- Todo esse tempo, McMahon mandava que a Srta.Grant mantivesse sua relação em secredo (a menos que ele dissesse o contrário), incluindo mentir para manter quaisquer histórias que ele fabricasse.
- As garantias de McMahon quanto a segurança e independência da Srta. Grant soavam vazias à luz de seus esforços para isolá-la de seus amigos e tentativas de demove-la de sua identidade, para que fosse substituída pelo papel que ele desejava para ela como sua “puta”, sua “fantasia” e/ou sua “estrela pornô” (enquanto misturava, ocasionalmente, descrições mais leves como “namorada”, “bebe” ou até “amor”, quando conveniente). Ele exercia completa posse e controle tanto sobre sua vida pessoal quanto profissional.
- McMahon também submeteu a Srta.Grant a atos de crueldade e degradação extrema que levaram a Srta. Grant a dissociar e/ou tornar-se dormente quanto a sua realidade, de movo a sobreviver aos horríveis encontros.
- Como exemplo da depravação extrema de McMahon, no dia 9 de maio de 2020, ele defecou na Srta. Grant durante um ménage a trois e então mandou eu ela contiuasse dando prazer a seu “amigo” — com fezes em seu cabelo e escorrendo por suas costas — enquanto McMahon ia até o banheiro para tomar banho. Quando retornou do banheiro, ele e seu “amigo” ativamente terminadam o ménage, que durou uma hora e meia, período no qual a Srta. Grant permanecia coberta pela sujeira de McMahon. Quando o “amigo” de McMahon saiu, McMahon ordenou-a que ficasse e continuasse a gratificá-lo sexualmente.
- Em junho de 2021, McMahon e o réu Laurinaitis abusaram sexualmente da Srta. Grant dentro do escritório de Laurinaitis na sede da WWE enquanto colegas de trabalho trabalhavam em suas mesas. Atrás de portas fechadas, os dois homens a encurralaram e colocaram-na entre eles, tocando-a forçadamente até, por fim, colocarem-na em cima da mesa entre eles. Ela implorou que eles parassem, mas eles forçaram-se sobre ela, revezando para segurá-la para o outro enquanto repetiam “‘Não significa Sim” e “Toma isso, sua puta”.
- Não surpreendentemente, outros empregados da WWE sabiam o que acontecia. Contudo, ao invés de interverem para proteger a Srta. Grant, a WWE ativamente agiu para esconder o erro.
- Em janeiro de 2022, McMahon disse a Srta. Grant que sua esposa descobrira sobre sua relação. Para evitar o divórcio, publicidade negativa e outras repercussões, McMahon disse que a passagem da Srta. Grant pela WWE estava para terminar e que ele queria que ela assinasse um NDA para garantir seu silencio quanto, dentre várias coisas, sua má conduta pessoal.
- Nos dias que se seguiram, McMahon colocou a Srta. Grant sob intensa pressão para assinar o NDA, dizendo que a recusa não só prejudicaria McMahon, sua família e a companhia, mas que ela certamente se tornaria uma fonte de manchetes, sofreria ruína pública (incluindo o que viria do conteúdo pornográfico capturado por McMahon) e que ela também teria de encarar os recursos legais de McMahon. Por outro lado, McMahon garantiu que a assinatura dela garantiria, da parte dele, total suporte, proteção e salvaguarda da reputação da quixosa. Por fim, a Srta. Grant sucumbiu a pressão e assinou o NDA (Contrato de Confidencialidade – nota do tradutor) em troca de pagamentos — os quais, posteriormente, McMahon parou de fazer.
- Mesmo após expulsar a Srta Grant da companhia e amordaçando=a com o NDA, McMahon continuou tentando explorá-la, incluindo tentativas de trafica-la para uma estrela da WWE que estaria em Nova York para um evento ao vivo e gravações de TV em março de 2022.
- Compreensivelmente, o comportamento dos réus deixou a Srta. Grant tanto emocional quanto fisicamente aleijada, incluindo sintomas debilitantes de transtorno de estresse pós-traumático e ideação suicida. Esses sintomas levaram-na a demissão de seu trabalho subsequente como gerente de operações em seu prédio, uma vez que ela, por vezes, não conseguia sair de casa por semanas.
- Apesar das promessas de McMahon quanto a proteção de sua reputação, a WWE parece ter vazado informações que revelassem seu nome para um blogger que citou “uma fonte na #WWE com conhecimentos diretos sobre a situação,” o que, com base nas informações e no que foi sabida, mostrava-se como uma tática de intimidação pública voltada à Srta. Grant.
- A WWE também tentou varrer o assunto para baixo do tapete. Seguindo as reportagens da mídia dizendo que McMahon estava envolvido com um escândalo de pagamentos para silenciar vítimas, a WWE lançou um comunicado em Julho de 2022 para anunciar que um comitê especial de sua diretoria foi designada para investigar a alegada má conduta e apontando Stephanie McMahon como CEO e presidenta interina.
- Em vista disso, a Sra. McMahon afirmou publicamente seu comprometimento em fazer “tudo o que estiver em seu poder para ajudar o Comitê Especial na completude de seu trabalho e para impletentar suas descobertas.” Ela também falou sobre “a importância de um espaço de trabalho seguro e colaborativo”. Apesar dessa declaração, a investigação foi uma farsa.
- Em novembro de 2022, A WWE anunciou as conclusões das investigações de má conduta do Comitê Especial — ainda que o Comitê Especial nunca tenha se dado ao trabalho de entrevistar a Srta. Grant ou em lhe pedir qualquer documento, apesar da Srta. Grant dizer que cooperaria.
- Em documentos enviados a SEC, a companhia tentou tirar a atenção dos abusos de mulheres de McMahon e focaram nas questões técnicas quanto ao dinheiro de silenciamento e como ele foi registrado — nas palavras da companhia, o problema era de “erros contábeis imaterias relacionados a certos pagamentos que o Sr. McMahon…. havia acordado durante o período de 2006 até 2022” (ênfase adicionada pelo advogado).
- Através de todo esse trauma, a Srta. Grant passou por sofrimento profundo em silêncio, sentindo-se explorada, sem segurança e com medo de enfrentar a fúria da WWE e do exército de advogados de McMahon caso ela tentasse trazer à luz os atos flagrantes detalhados aqui. Esse tempo passou e a Srta. Grant busca responsabilizar os réus por seu comportamento criminoso e repreensível, por sua proteção e pela proteção de outros.
- A Srta. Grant pede um julgamento declaratório de seu NDA como invalido perante leis Federais e Estaduais e reivindica outras leis, incluindo a Lei de Proteção a Vitimas de Tráfico Humano.
