Cody Rhodes ficou de xereca.
Na última edição do Smackdown, o mais coitado dos coitados perdeu pra The Rock a chance de enfrentar Roman Reigns. Quer dizer, na Kayfabe ele ‘entregou’, mas a carinha de pede pica dele já contava a história toda; história que, mais uma vez, não vai terminar.
De qualquer forma, gregos e troianos se juntaram todos para proteger o pesadelo americano. Subiu hashtag #WeWantCody, teve desempregado fazendo carta aberta, teve fanart. Só faltou novena no vaticano e velho indo ajoelhado até a aparecida do norte.
O que não teve foi falar sobre o caso de assédio e trafico humano contra Vince McMahon E CONTRA A WWE.
Finito, esqueceu-se, escafedeu-se, zé fini. Ninguém mais fala no assunto.
Eu sei que agora, na sua casa, você, que é um desacerebrado, deve estar falando ‘ain mas eu não posso só me preocupar com a minha lutinha? Eu quero falar de história pipipi’.
Claro que pode, meu adulto infantilizado. E deve. Sua vida é difícil demais, eu imagino.
Mas pegue na minha mão e me siga neste raciocínio simples:
Não houve essa enxurrada de revolta contra a empresa quando o presidente e a própria empresa foi processada por tráfico humano.
Zero chuva de vaias, zero chants nos estádios ou campanhas malucas de boicote. Triple H tacou o foda-se para a situação em uma coletiva de imprensa. E o que aconteceu? Todo mundo seguiu o exemplo.
Até nos mesmos, que cobrimos notícia: zero, mudamos o tópico.
Agora veja se faz sentido uma coisa assim?
O cara que ganhou a Rumble DUAS VEZES SEGUIDAS é tirado de coitado pela internet, mas todo mundo esqueceu da mulher que foi humilhada, abusada e oferecida como moeda de troca.
Mais uma vez o fã de luta livre estado unidense mostra que tem muita disposição para embarcar em brigas que, no fim das contas, não mudam nada.
“Ah, mas o Yes Movement”
Não mudou nada.
“Ah, mas a Kofimania”
Lindo momento. E advinha? Não mudou nada. Ou você acha que realmente a WWE deixou de ser uma empresa racista?
O beaba é o seguinte:
Se interferir no produto da TV, ai é uma questão, é notícia, é digno de revolta. Se não interferir com sua rotina de segunda a sexta, então não vale o mijo.
Não obstante, você tem o direito de não gostar da história que fizeram e reclamar. É um direito do consumidor, por mais mimado e chato que ele seja.
Mas é importante pensar na energia gasta, no escopo das coisas. No final você pode escolher entre ser Jon Alba ou a pessoa que perguntou sobre a Netflix.
Finalmente, sua revolta não vai mudar o mundo, mas é bom pensar no coletivo. E foda-se o Cody Rhodes.