O Forbidden Door 2023 me lembrou um pouco a edição 2023 do Big Brother Brasil (BBB). Quando o programa estava em seu auge, mesmo com muitos elogios dos espectadores, havia uma reclamação em comum. O reality, nos seus momentos de clímax, demorava muito para acabar. Mais até do que o brasileiro estava acostumado.
A All Elite Wrestling vive o mesmo problema, olhando por uma perspectiva brasileira. Próximo das 1 da manhã, ainda estávamos vidrados no desfecho da luta entre Bryan Danielson e Kazuchika Okada.
Mas isso não quer dizer que o evento foi ruim. Muito pelo contrário. O Forbidden Door desse ano mostrou a AEW em sua melhor forma: uma empresa que usa o saudosismo da década de 2010 para chamar a atenção dos fãs, unindo o que há de melhor nos Estados Unidos fora da WWE, e Japão.
Não é qualquer evento que reúne nomes como Toni Storm, Will Ospreay, Kenny Omega, Minoru Suzuki, Ishii, Shibata, Claudio Castagnoli, Young Bucks, entre outros.
Pelo elenco estrelado, o Forbidden Door já atrai atenção por si só, mesmo sendo um evento fora da linha do tempo principal da All Elite. Isso, porém, não o coloca como um espetáculo qualquer, muito pelo contrário. Hoje, o show é o melhor e mais importante da empresa, mesmo que Tony Khan ainda não reconheça.
No ano, existem eventos melhores. O All Star Grand Queendon, da STARDOM, e a própria WrestleMania 39 ainda chamam mais atenção, pela importância que eles possuem. Talvez, esse seja o grande trunfo do Forbidden Door: não se levar tanto a sério.
O Forbidden Door teve a luta do ano?
Will Ospreay e Kenny Omega fizeram um novo clássico. Os 39 minutos de revanche da luta ocorrida em janeiro, no Tokyo Dome, foi um espetáculo. O desfecho em que Ospreay vence o seu maior rival até aqui e retoma o título americano da IWGP é um dos melhores da história. Mas nem tudo são flores: até o momento em que Kenny Omega resiste a uma finalização do seu rival, colocando sua bota Adidas nas cordas, depois resiste a uma contagem de pinfall no 1 após sofrer o seu One Winged Angel, e depois sucumbe a um golpe final de William, foram 16 lutas, algumas horas e 30 minutos. A distância entre a perfeição e o tédio é tênue. Eles não ficaram nem em um, nem em outro. Será 5 estrelas ou mais, de acordo com Dave Meltzer.
O que mais podemos destacar?
A primeira rodada chave masculina da Copa Owen Hart teve um clássico no Forbidden Door, entre CM Punk e Satoshi Kojima. Punk tem me lembrado o momento pós-Trapalhões de Renato Aragão: longe do auge, mas um espaço cômodo no domingo com a Turma do Didi. A gente ainda assiste, ainda mais se o escada for Kojima.
Willow Nightingale é a próxima top babyface da All Elite Wrestling. Está chegando a hora de puxar o gatilho, Tony. Tenha coragem!
Orange Cassidy é o melhor campeão da AEW e também o MVP do Forbidden Door. Nas duas edições, entregou diversão. Na luta pelo título Internacional, todo mundo foi bem. Uma pena que Daniel Garcia, que deveria ser o dono da bola, é hoje um figurante.
Como diz Don L, uma frase muda o fim do filme. Para MJF, não foi uma frase, mas uma entrevista: a de CM Punk no All Out 2022. A bagunça momentânea da All Elite fez o seu arco de retorno se tornar uma nota de rodapé. Hoje, mesmo campeão, poderia ser mais. Será que consegue?
E você, o que achou do evento?
Nossa próxima parada é em Londres. Nos vemos no Money in the Bank.
*As opiniões desse texto não refletem as opiniões do WrestleBR.