Não é só Wrestlemania

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Becky Lynch apontando para o grande logo da Wrestlemania

Em pouco mais de vinte e quatro horas, estaremos novamente todos unidos por um único objetivo. Não há nada mais forte e imponente do que a Wrestlemania. Ela tem 35 anos de existência, isso representa apenas 1/5 de toda a história dessa arte iniciada no fim do século 19. E não existe nada mais soberano que ela, não há ninguém que ouse contestar isso. Histórias são criadas, consolidadas ou eternizadas na Wrestlemania.

Com toda essa soberania e imponência, não é difícil entender a importância de chegar lá. Sabem quantos superastros únicos participaram da luta principal das 34 edições que aconteceram até agora? Coincidentemente, 34. Um superastro para cada Wrestlemania, sendo que para termos um combate precisamos de ao menos dois. Não só é um momento para poucos, como esses poucos perduram no momento por muitos anos.

Dos trinta e quatro participantes, temos 20 participações na luta principal de uma única Wrestlemania apenas, enquanto os outros 14 já fizeram parte do momento mais importante da noite ao menos duas vezes. Hulk Hogan, Triple H, Shawn Michaels, John Cena e The Rock somam incríveis 29 participações. Isso mesmo, de 34 edições, somente cinco delas não tiveram ao menos um desses cinco no main event. Roman Reigns possui a mesma quantidade de vezes no topo que Undertaker, superando nomes como Bret Hart e Stone Cold Steve Austin.

Essa seleta lista aumentará para 37 amanhã. E será a primeira vez que mulheres estarão ali. Becky Lynch, Charlotte Flair e Ronda Rousey já entraram para a história antes mesmo de alcançarem o ringue. Isso tudo por si só é o suficiente para destacar o tamanho do fardo que é estar no topo da Wrestlemania deste ano, mas vamos mais a fundo.

Becky Lynch segura um par de muletas diante de Charlotte Flair sentada com dores no ringue, enquanto Ronda Rousey acompanha ao fundo.

Se você acha que o único papel de Ronda Rousey nessa luta é dar visibilidade e base para que pudesse ser o evento principal, você está muito errado. Não, nem tente argumentar. Você errou, repense. Fim. Em um ano, Ronda Rousey foi de apenas uma fã para uma das mais talentosas mulheres no plantel principal da WWE. Ela tinha um desafio enorme de dar conta de não só ter os holofotes virados para ela, e fazer o mínimo para conquistar o respeito dos fãs. Ela não só atingiu esse objetivo, como também fez o que poucos conseguem. Ela colocou o público nas mãos. Você aí que ainda não acha que ela está onde deveria, parabéns, você caiu no conto como esperavam. Não adianta tentar contestar, fica pior. Sério. Ronda Rousey recebeu as mudanças dessa história e as tratou perfeitamente.

Se nada disso te convence, talvez Paul Heyman possa te convencer. Na sua última entrevista, ele comentou sobre como Ronda é extremamente focada em dar seu melhor semana após semana. Com a liberdade criativa que você provavelmente não pensou que ela teria, ela termina sua participação na segunda feira já pensando na sua próxima, “perturbando” Heyman com suas ideias.

Becky Lynch e Ronda Rousey se encaram ao fundo, enquanto Charlotte olha fixamente para as adversárias.

E há quem possa dizer que Charlotte Flair mais uma vez recebeu tudo de mão beijada. Mas se há alguém que deveria estar ali, esse alguém é Charlotte Flair. A filha de Nature Boy já abandonou o lado pejorativo desse adjetivo há muito tempo, a maior campeã da empresa possui sim a soberania no sangue, mas ela lutou muito para chegar nesse ponto. O toque que Charlotte dá ao sobrenome que carrega é maravilhoso. Se temos que reclamar de algo aqui, é por Asuka perder seu cinturão. E só.

Deixei o melhor para o final. E o que dizer sobre Becky Lynch? Em certos momentos sinto receio de me empolgar demais ao utilizar a história para comparações, mas o que essa mulher vem fazendo na WWE é de se comparar sim com os que hoje são lendas. Em dez anos que acompanho luta livre, eu nunca senti tanta empolgação em ver algo nascer do zero. Momentos como o Verão de Punk, o movimento Yes, a Women’s Revolution, a escalada de Becky Lynch ao topo está acima de todos esses.

Becky Lynch deitada no corner se apoiando nas cordas enquanto olha para frente.

Ano passado ela estava no pre-show, na própria Women’s Revolution ela viu o destaque ir muito mais para Sasha Banks e Charlotte Flair do que para Becky Lynch. Desde a subida do NXT, sempre faltava algo. Esse algo veio, e tudo que trouxe junto só deixou a história mais valiosa. Becky Lynch estava já pegando fogo, e teve seu nariz legitimamente quebrado por Nia Jax, junto com uma concussão que a tirou do combate com Ronda Rousey no Survivor Series. Ela não desistiu ali. Muita coisa se passou, e cada vez ficou mais claro que o evento principal deveria ser entre elas.

Quando Becky Lynch venceu a Royal Rumble match, ainda não estava claro para mim a necessidade de colocar Charlotte Flair nessa luta. Era realmente um dilema, seria um crime tirar Becky Lynch desse momento, mesmo com sua “lesão”. Da mesma forma, não seria justo deixar Charlotte Flair fora disso, e aí veio Vince McMahon e fez a sua mágica. Becky suspensa, Charlotte colocada na luta, Becky luta contra Charlotte no Fastlane pelo seu lugar na Wrestlemania, Ronda vai lá e a ataca para deixar bem claro que ninguém tocaria um dedo nessa luta. Havia um medo de que a história ficasse arrastada, mas agora que estamos na última curva, tudo se mostra muito claro e necessário.

Não é só pela fama de Ronda Rousey. Não é só pelo sobrenome que Charlotte Flair carrega. Não é só pela escalada de Becky Lynch. Não é só Wrestlemania.

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