Undertaker está velho. – esse era o título de um artigo publicado aqui no WrestleBR em 6 de agosto de 2015. Nele, Airton descreve os últimos passos do lutador até aquele momento, onde ele havia acabado de retornar no combate entre Seth Rollins e Brock Lesnar, no WWE Battleground.
Naquela altura, o Deadman parecia estar próximo da aposentadoria. A companhia, inclusive, deu algumas pistas de que isso poderia acontecer naquele ano, no qual o lutador completaria 25 anos de serviços prestados à Vince McMahon e seus comandados.
Quatro anos após a publicação do texto, Undertaker ainda está ativo. Em 2019, porém, suas participações foram diferentes das últimas. Pela primeira vez desde 2000, não participou de nenhum combate na WrestleMania, aparecendo apenas no RAW do dia seguinte para atacar Elias.
Sua primeira luta no ano aconteceu apenas na última sexta-feira (7), no WWE Super ShowDown, contra Bill Goldberg.
O evento faz parte de um grande contrato, assinado entre a companhia e o reino saudita. Os contratantes são fãs do produto apresentado pela WWE nos anos 90, principalmente no período da Attitude Era, onde a Luta Livre teve recordes de audiência.
Além da WWE, a World Championship Wrestling (WCW) também era um grande sucesso. Grandes lutadores passaram pelos ringues da empresa, como Ric Flair, Sting, Rey Mysterio, Booker T, Chris Jericho etc.
Goldberg – que não era um grande lutador -, foi um dos responsáveis pela ascensão da empresa, que chegou à liderança das noites de segunda-feira, batendo o RAW. Seu personagem era dono de uma invencibilidade que chegou a quase 200 vitórias consecutivas, e durou quase dois anos, iniciando em 1997 e terminando em 1999.
No final da década de 1990, Undertaker já era um lutador consolidado. Desde 1990 atuando na companhia, o lutador estava na fase mais macabra do seu personagem em 1999. Naquela época, o lorde das trevas até crucificou Steve Austin, e enforcou Big Boss Man com uma corda pendurada no topo do estádio em plena WrestleMania.
20 anos após o auge de suas carreiras, eles foram as estrelas de um mesmo evento.
Goldberg e Undertaker já passaram da casa dos 50 anos. O primeiro encerrou a carreira na metade da década passada, e ficou cerca de 12 anos longe dos ringues, até retornar em 2016 para enfrentar Brock Lesnar. Já o Deadman esteve ativo semanalmente na WWE até o fim de 2010, desde então vem fazendo participações especiais.
Além do longo tempo de inatividade dos lutadores, suas habilidades no ringue não são as melhores. No entanto, Taker é um lutador seguro, ou seja, ele não coloca em risco a integridade dos seus adversários. Goldberg, no entanto, já teve casos de irresponsabilidade dentro dos ringues, quando lesionou Bret Hart seriamente em 1999.
Esses antecedentes são conhecidos pelo fã de Luta Livre, e a preocupação era de que os dois lutadores poderiam se machucar seriamente no combate.
Felizmente, isso não aconteceu. Porém, a luta foi uma experiência ruim para ambos os lutadores, e mostrou que todos, um dia, precisam parar. Undertaker e Goldberg duelaram por poucos minutos na Arábia Saudita.
O Deadman errou seu movimento finalizador, o Tombstone Piledriver, fazendo com que a cabeça do seu adversário colidisse forte com o solo – o que não deveria acontecer.
Goldberg também errou o seu finisher, o Jackhammer, fazendo com que Undertaker caíssem com o seu pescoço no solo, o que também não deveria ter ocorrido, já que o golpe é feito para que o adversário caísse com as costas no tablado.
No final, o ex-ídolo da WCW tentou aplicar o Tombstone Piledriver em Undertaker, mas o resultado não saiu como o esperado, e ambos lutadores caíram no chão. O Deadman se levantou, pegou o seu adversário pelo pescoço e o golpeou com um Chokeslam, dando números finais ao combate.
Assim que a luta acabou, uma das câmeras flagrou a reação do vencedor. O semblante de descontentamento mostrou que Undertaker, assim como muitos fãs, não estavam contentes. Não pelo resultado ou pela qualidade do combate, onde já era esperado que não fosse tão bom quanto o desejado.
Mas, ao vermos um ídolo mostrar sinais de que precisa parar, sentimos que o tempo chega para todos, inclusive para os heróis.