É quase uma tragédia o decorrer da carreira de Wade Barrett na WWE. Ele foi desenhado para ser uma das estrelas principais da companhia, e até certo momento estava no caminho certo, mas apesar de possuir todos os aspectos que o tornariam tal estrela, por um pequeno detalhe no passado seu caminho na empresa mudou de buscando o topo para buscando espaço.
Voltemos a 2010, onde Vince McMahon e sua equipe criativa estavam relaxados porque desde que John Cena levou o cinturão da companhia em 2005, eles estavam ganhando tanto dinheiro nas costas do Superman que não se importavam, tampouco precisavam se importar, em criar novas estrelas. Era puro negócio, e dava certo. Mas foi na virada da década que as coisas começaram a ficar alarmantes. Grande parte das suas maiores estrelas estavam tendo problemas com lesões, ou até mesmo ficando na mesmice. Edge e Jericho sofriam com lesões, enquanto o papel de vilão de Randy Orton ficava obsoleto. Sem mencionar a mudança iminente de Triple H perante a companhia. Eles se viram obrigados a buscar novos talentos.
E foi a partir daí que surgiu a primeira versão do NXT. Um reality show de wrestling contendo rookies e pros. Os oito novatos eram guiados por wrestlers do roster principal da WWE, e um a um eram eliminados do programa por votação, onde o último restante receberia um contrato da WWE e a garantia de uma disputa de cinturão no PPV de sua escolha.
Praticamente todos dali tiveram seu destaque notado. Mas Barrett era nitidamente o melhor dali, seja pelo seu enorme tamanho, seja pela rispidez na voz que era muito bem trabalhada com o público, ele se destacava e nada mais justo do que ele não só vencer a primeira edição do NXT, mas também ser o líder do que viria a seguir.
Sem dúvida a melhor coisa de 2010, os sete competidores do NXT junto de Wade Barrett estrearam de forma estrondosa sob o nome Nexus. E quando digo de forma estrondosa, eu digo isso porque eles invadiram o main event de um RAW onde o público escolheu ser John Cena vs. CM Punk. Curiosamente, os dois seriam parte dessa história mais pra frente, mas chegaremos lá em breve. A Nexus bateu em literalmente todos que estavam naquele ambiente. Os dois que se enfrentavam no ringue, Luke Gallows (que agora é Doc Gallows e GUARDEM MUITO BEM ESSE NOME), Jerry Lawler, Matt Striker, e quem mais tivesse ali no entorno do ringue também. E por fim, destruíram o próprio ringue. Era caos total, me lembro de assistir isso ao vivo e achar o máximo, ninguém entendia o porquê deles estarem fazendo aquilo, mas eles estavam batendo no maior mocinho da história da WWE e destruindo tudo aquilo que viam pela frente, um verdadeiro furacão causado por oito caras.
Isso inevitavelmente levou a Nexus ter uma rivalidade com John Cena. Agora, uma feud com o top babyface da companhia seria ótimo para a Nexus, né? Errado. O que deveria ser a oportunidade perfeita para elevar não só o grupo em si, mas Wade Barrett ao nível máximo, se tornou o começo do desastre dessa carreira tão promissora. Se por um lado Wade Barrett cativava mais ainda sua posição como imponente heel, com seu sotaque britânico falando por si só e a convicção naquilo que dizia o tornando autêntico numa era tão complicada de se atingir isso, por outro lado estamos falando de John Cena e sua fácil forma de enterrar os talentos por ser tão super-homem.
A história foi levada a um ponto em que Wade Barrett queria que John Cena se juntasse à Nexus. Isso levou a um embate no Summerslam entre a Nexus e o Team Cena. O time dos mocinhos era formado por John Cena, Chris Jericho, Edge, John Morrison, R-Truth, The Great Khali e Bret Hart. Pouco antes da luta, a Nexus desceu a porrada em Khali, o forçando a sair do combate. Eis que o substituto misterioso era nada mais, nada menos que Daniel Bryan, ex-NXT que na história sentiu remorso dos ataques e não se juntou a eles, porém sabemos que na verdade ele tinha sido demitido por conta das agressões muito extremas que fez no debut da gangue, estrangulando Justin Roberts e cuspindo em John Cena. Na história tudo se encaixou perfeitamente, e até então tínhamos uma ótima construção para esse PPV. Mas como de costume, a WWE optou por um caminho diferente do esperado.
O começo da queda da popularidade da Nexus se deu aqui, pois mesmo que Edge e Jericho tenham insistido para que no final Barrett e a Nexus saíssem por cima, vencendo a luta, vimos que John Cena sozinho derrotou os dois remanescentes membros do time Nexus, Barrett e Justin Gabriel. Isso mesmo depois de Cena ter tomado um DDT no chão do próprio Barrett. Se o resultado tivesse sido com Barrett saindo vencedor, teríamos um top heel e sua gangue superando Cena pela primeira vez desde que Cena se tornou uma estrela. Mas a história foi completamente diferente. Vimos Wade Barrett usando sua cláusula de disputa ao título numa luta de seis competidores no Night of Champions que não fez sentido algum, para depois vermos a tão esperada Barrett vs Cena no Hell in a Cell onde se Cena perdesse, deveria se juntar à Nexus. O que não durou muito, pois quando vimos Barrett desafiar Orton pelo cinturão com John Cena de special referee, Cena preferiu a “demissão” do que seguir os passos do seu atual líder. Não tardou para ele voltar para a WWE, o que por si só já enfraquece toda a história de Barrett, mas para piorar ainda vimos John Cena vencendo Wade Barrett numa Chairs Match em seu retorno no Tables Ladders & Chairs.
Por conta de uma decisão de não perder para o Team Nexus no Summerslam, Cena não só tirou a chance da prosperação de Barrett na companhia, ele impediu que a Nexus crescesse ao mostrar que ele é humano pela primeira vez desde 2005, e daria motivo para a sequência dos combates entre os dois. Com essa popularidade da feud, poderíamos facilmente ter tido uma incrível John Cena vs Wade Barrett na Wrestlemania 27 pelo WWE Championship, ao invés de termos The Miz nesse lugar. O que poderia levar The Miz a fazer o seu cash-in na Wrestlemania, e não no RAW seguinte do Survivor Series que Orton venceu Barrett com interferência de Cena, como pode ver, tudo se encaixaria de uma forma muito melhor.
Ao invés disso, tivemos uma Nexus enfraquecendo no decorrer dos tempos, e no final de 2010 sequer existia da mesma forma de antes. CM Punk se tornou o novo líder, surgiu-se a The Corre que foi uma tentativa falha de manter Wade Barrett como líder de uma facção, que em menos de seis meses já estava encerrada. Vimos mais tarde ele voltar com a gimmick de Barrett Barrage, onde flertou com o Intercontinental Championship o vencendo e perdendo duas vezes, até tentou o World Heavyweight Championship, mas sempre como um mero coadjuvante da história. Essas idas e vindas se arrastaram até que outro personagem lhe fosse dado, cada vez menos impressivo, cada vez menos importante.
Após resolver uns problemas com seu visto para trabalhar nos EUA, recebemos de volta um Bad News Barrett. Fruto de um personagem assumido anteriormente no programa JBL and Cole show, Barrett fazia papel de um cômico heel que surgia para nos dar más notícias. Barrett novamente ganhou o Intercontinental Championship por duas vezes, com a última sendo perdida para Daniel Bryan na Wrestlemania 31 em uma ladder match. A revanche seria no Extreme Rules, mas devido a uma lesão de Bryan o impedindo de competir, no lugar da luta BNB enfrentou Neville no pre-show, e perdeu. Aqui fica nítido o declínio do personagem. Outra tentativa em vão.
Podemos considerar que a última tentativa da WWE com Wade Barrett de forma individual foi o transformando em King Barrett, vencendo o torneio King of the Ring. Dessa vez, sequer conseguiu conquistar seu sexto Intercontinental Championship, sendo o primeiro eliminado da Elimination Chamber pelo cinturão vago por R-Truth. Dá até para dizer que o momento mais alto dessa fase foi perder para Neville e o ator Stephen Amell, no Summerslam fazendo dupla com Stardust.
Confesso que de primeira eu detestei a League of Nations, pois parecia e até mesmo era uma forma de enfiar os midcarders numa stable a fim de poupar espaço na programação, eles possuíam um denominador comum que era serem estrangeiros, e então Barrett, Del Rio, Rusev e Sheamus formaram a Liga das Nações. A química deles até que estava boa, mas Barrett era mais um coadjuvante do que participante. Não tardou para que após a Wrestlemania 32 o grupo exilar Wade Barrett, o chamando de elo fraco da equipe e culpa das derrotas. Nesse momento já sabíamos que Barrett não pretendia renovar com a WWE, então era questão de tempo para ele ser retirado da programação.
Por fim, é uma pena perceber que poderia ter sido completamente diferente, e poderíamos ter desfrutado de uma carreira incrível e muito promissora. É claro que se tudo tivesse seguido conforme falamos, poderíamos ter deixado de ter outras coisas incríveis que surgiram logo após, mesmo que não fossem influenciadas diretamente. Imagina se Barrett constrói um reinado longo em 2010 e aí nós não tivéssemos aquele final incrível do Money In The Bank 2011 pelo WWE Championship? São sempre questões de escolha, infelizmente as escolhas feitas seis anos atrás nos trouxeram a esse momento de provável despedida. Só nos resta agradecer todo o trabalho de Barrett e desejar a ele o melhor para o futuro.
Dei uma lida nesse artigo aqui pra dar uma embasada no post: http://www.wrestledelphia.com/missed-316-the-bad-news-of-wade-barrett/
Texto incrível, concordo que poderia ter sido uma carreira foda. É uma pena :/
Parabéns, ganharam mais um consumidor do conteúdo do site.
Cara, tenho uma profunda magoa pelo John Cena por causa disso, ele afundou o Nexus, o Wade Barrett talentoso pra crlh, destruindo a todos e fazem isso com ele, o pior foi ver o Y2J e Edge dizendo que o plano original era do Nexus vencerem no Summerslam, mas o Cena não quis, custa perder uma rivalidade? As estrelas alem de tudo, também tem que elevar os mais novos.