26 de janeiro de 2014. PPG Paints Arena, Pittsburgh, Pensilvânia. CM Punk e Seth Rollins são os primeiros a entrarem na Royal Rumble Match. Um ano depois de perder o cinturão para The Rock, havia expectativa de recolocar o maior campeão do século XXI da WWE na disputa pelo principal título da companhia.
Expectativa que, quase uma hora depois, foi demolida após o já eliminado Kane surtar eliminar o Punk quebrar a mesa dos comentaristas dando um Chokeslam no coitado (eu também iria embora depois dessa), deixando apenas Roman Reigns, Batista e Sheamus como os três últimos na battle royal, vencida pelo nosso amado Drax de Guardiões da Galáxia.
A noite que começou com a expectativa de recolocar CM Punk como main eventer da WWE terminou com o que seria a última aparição do wrestler de Chicago na companhia de Vince McMahon. Desde então, entrevistas de Punk alegando que nunca mais voltaria a entrar em um squared circle repercutiam. O luto entre os fãs era iminente, visto que muitos ignoravam as declarações do ex-campeão da WWE e continuavam gritando seu nome nas arenas e show da empresa, mesmo com Punk tentando carreira no UFC e em Hollywood.
Empresa que, inclusive, viveu e ainda vive uma fase terrível na equipe criativa, justificando o saudosismo que impera entre seus fãs. Confesso que nunca fui fã de saudosismo. Creio que seja uma forma de menosprezar o presente e superestimar o passado. Mas vivemos períodos na principal empresa de PW atualmente que tornaram o que ocorreu nesta sexta (20) no United Center o retorno mais aguardado dos últimos anos – arrisco dizer o maior da história do pro-wrestling.
Antecipação ao retorno foi feita de forma genial pela AEW
Enfim, mais de 2,7 mil dias depois, podemos dizer que CM Punk está entre nós. Sempre esperávamos que esse dia poderia chegar, mas não sabíamos como. Felizmente, foi da melhor forma possível, na companhia mais ‘quente’ de pro-wrestling da atualidade: a AEW. Nem um possível título do Chicago Bears do Super Bowl (o que nunca ocorrerá de novo, rs) no Soldier Field superaria o barulho no United Center na hora que tocou ‘Cult of Personality’ e na hora que CM Punk voltou.
O ‘build-up’ para chegar ao estopim do momento do retorno de Punk foi feito de forma sensacional por todos os envolvidos. O marido de AJ Lee sempre desconversando sobre o acordo, enquanto boatos e rumores de já assinatura de contrato se espalhavam nas redes sociais. Boatos inclusive inflados por Darby Allin citando o ‘best in the world’ em suas promos, além de Kenny Omega utilizando camisas com ‘Chick Magnet’ e ‘Cookie Monster’ durante eventos da AEW.
Relembrar do talento de Punk no microfone sem subestimar e ofuscar a capacidade dentro do ringue
Não fazia sentido vender o Rampage da forma como venderam sem que Punk aparecesse por Chicago, porque né, seria uma decepção maior do que Brock Lesnar acabando com a streak do Undertaker na Wrestlemania. Confesso também não conseguir descrever em palavras a emoção que senti – e que creio que seja compartilhada por todas, na hora que Punk abriu o programa. Na hora que ele começou o discurso então, falando da Ring of Honor, malhando a WWE e já ‘desafiando’ Darby Allin no All Out no começo do próximo mês, confesso que vieram memórias de suas melhores promos – E SABEMOS QUE TEREMOS ALGO DO NÍVEL ‘YOUR ARMS ARE JUST TOO SHORT TO BOX WITH GOD’ NOS PRÓXIMOS DIAS PORQUE CM PUNK VOLTOU.
Há pouco a se falar do retorno de Punk de forma racional, mas a emoção e a forma com que sentimos nessa noite de sexta-feira será relembrada por muitos anos. O mundo do pro-wrestling se curva novamente ao ‘best in the world’. Costumamos valorizar (com razão), o talento de Punk no microfone que acabamos subestimando o talento no ringue: que ele retorne com o mesmo sangue nos olhos que teve nas matches contra o Chris Jericho (alô, Tony Khan) na WM XXVIII, contra o Undertaker na Wrestlemania seguinte e também contra Brock Lesnar no Summerslam de 2013. Isso só falando das mais recentes, obviamente, porque o Paul Heyman Guy tem lutas brilhantes desde que surgiu em 2006 na ECW.
Queremos CM Punk heel!
Summerslam que, inclusive, acontece neste sábado (21) e que nada que acontecer no Allegiant Stadium chegará perto do que vimos nesta sexta (20) em Chicago no AEW Rampage. Obrigado Tony Khan e todos os outros responsáveis pela forma que CM Punk voltou a levar alegria e emoção aos fãs de pro-wrestling.
Que ele tenha autonomia para trabalhar seu personagem e, por favor (sei que será estupidamente difícil), que o tornem heel, porque todos sabemos do talento que ele tem e como ele pode se tornar o vilão mais odiado da nossa querida e amada All Elite Wrestling. Mas, por enquanto, que venha CM Punk x Darby Allin no All Out – falta pouco para virmos Punk novamente em ação dentro do ringue.