No final dos anos 50 e início dos anos 60, a Luta Livre era um dos esportes mais populares do País. Isso se dava pelo sucesso do Telecatch, programa que era exibido nas noites de sábado da TV Excelsior e posteriormente na TV Globo.
Quem assistiu e ainda está vivo se lembra dos grandes nomes que marcaram época, como Ted Boy Marino, Verdugo, Mister Argentina, entre outros.
Mesmo com a forte oposição do Regime Militar às artes marciais, o esporte fez muito sucesso no País durante as décadas seguintes, mas perdeu patrocinadores e caiu no esquecimento durante o final do século XX e início deste século.
A história, no entanto, começou a ser reescrita na noite do último sábado, 7, na quadra do Juventus Atlético Club, em São Paulo.
BWF dá início a um novo capítulo na Luta Livre Nacional
Às 20h do dia 7 de dezembro de 2019, a Brazilian Wrestling Federation iniciou a gravação do seu primeiro show transmitido na Rede Bandeirantes de Televisão, uma das cinco maiores do país.
Em parceria com a SFT, empresa que promove eventos de artes marciais em São Paulo, os shows da BWF serão exibidos em cadeira nacional às 23h30 (horário de Brasília) em um intervalo de 2 à 3 semanas.
O start do evento foi com a Banda Malta, dona da música tema do show. A produção foi impecável, e a atmosfera do ginásio deixava tudo aquilo maior. Me sentia em um show de Luta Livre internacional, e de uma empresa gigante, o que prova que nós também somos gigantes.
E toda essa atmosfera cria algo especial para além apenas da sinergia entre espectador e lutadores, mas também cria um futuro para a modalidade.
A felicidade de ver crianças sorrindo com a Luta Livre
Sempre que vou a um espetáculo em que a plateia precisa interagir, busco acompanhar as emoções dos espectadores. Como eles se comportam em momentos de tensão, alegria, tristeza, dor. Quais as sensações que eles tem durante aqueles minutos mágicos?
A plateia parecia estar no dia mais feliz da vida. O meu, pelo menos, foi um dos. Estar em um show de Luta Livre nacional, transmitido em TV aberta, com grandes amigos e uma plateia completamente alegre e participativa me fez completamente realizado.
E também teve as crianças.
Elas que estarão aqui, logo logo, opinando, criando textos, mexendo com tudo aquilo que hoje nos move. São eles os futuros fãs, e vê-los encantados com cada movimento dos lutadores aqueceu meu coração de uma forma tão boa que não consigo me descrever sem me emocionar.
E eles quem definem as futuras estrelas.
Os lutadores desse novo capítulo da Luta Livre serão lembrados por décadas
Se seus avôs e avós, pais e mães, tios e tias, lembram dos lutadores de décadas atrás, é porque o contato com eles foi tão próximo e significativo que não tem como não lembrar. O Pro-Wrestling já foi uma realidade tão forte no Brasil que chega a ser impossível entender porque não é mais.
E eles merecem ser lembrados. A BWF fez um Hall da Fama para homenagear três grandes mestres: Bob Léo, Homem Montanha e Mister Argentina.
A contribuição de cada um deles é inesquecível para nós, assim como serão os novos lutadores para as crianças que assistiam maravilhadas o show de sábado.
Victor Boer, Acce, Matths Alves, Rapha Luque, Yan Karlor e, obviamente, Xandão, fizeram a alegria delas que os veem como super heróis. E o que falar dos vilões como Albert, Dante, Rurik, Roddox, entre muitos outros?
A conexão que transcende apenas o conhecer do fã para o lutador se dá quando nós criamos um laço emocional, e mostrá-los como grandes lutadores faz com que eles se tornem grandes para cada um dos presentes. Vai ser difícil esquecê-los daqui pra frente.
Eu nunca esquecerei desse fim de semana.
E agora?
Se em janeiro de 2019 me dissessem que eu estaria em um evento de Luta Livre, transmitido em TV aberta e acompanhando com os meus melhores amigos em São Paulo, eu provavelmente daria uma gargalhada pela mentira. Eu nem ao menos havia conhecido São Paulo em janeiro.
Dessa forma, um aviso: as coisas mudam muito rápido.
A BWF mostrou isso na noite de sábado, e começou a escrever um novo capítulo na Luta Livre nacional. Mas fiquem atentos, amanhã vai ser maior.
Nós seremos a história.
Até o ano que vem.