No jornalismo, é comum criar obituários de algumas personalidades para serem revisados e publicados rapidamente, logo após a notícia do seu falecimento. Obviamente, não tínhamos nada preparado para falar sobre Windham Rotunda, intérprete dos personagens Bray Wyatt e Husky Harris na WWE, que faleceu precocemente aos 36 anos, vítima de um ataque cardíaco.
A notícia do falecimento de Windham, comunicada pelo diretor criativo da WWE, Triple H, nos pegou de surpresa. Mais uma vez, o artista nos deixava de queixo caído com um evento inesperado. Agora, a dor se junta à surpresa que sempre foi comum as suas criações dentro da luta-livre.
Criativo, Windham deu vida a Bray Wyatt e um universo de possibilidades
Windham Rotunda estreou no elenco principal da WWE em 2011, quando fez parte da New Nexus, grupo liderado pela hoje estrela da All Elite Wrestling, CM Punk, com o nome de Husky Harris. O fracasso do personagem o levou de volta para o território de desenvolvimento, onde foi desafiado a interpretar uma nova persona: Bray Wyatt.
Como Bray, Windham mostrou uma nova faceta. Começou com uma blusa florida, um chapéu panamá e uma cadeira de balanço de madeira. Depois, trouxe uma família ao seu lado. E mudou, se transformou a cada novo ciclo. Cada vez mais macabro, cada vez mais criativo. Em 2022, já tinha um multiverso de possibilidades, e em seu último retorno, o mundo estava em suas mãos.
Já sem Brodie, Eric e Braun, tinha agora Uncle Howdy, Abby, Mercy, Husky, the Fiend e ele mesmo. Windham usava o seu tempo de tela para ousar, para fazer da luta-livre o que ela é: um mundo de imaginação e possibilidade, inverossímil até dizer chega, mas mágico. Mas sempre mágico.
Bray Wyatt subverteu o ideal de luta-livre: não era atlético, lutava bem mais ou menos, mas sempre teve a o seu lado a expectativa de uma plateia que, esperançosa, depositava nele a chance de acompanhar o novo e se encantar.
Fomos extremamente encantados, impactados – e as vezes, apavorados – pela sua criatividade. Mas nunca, nunca ficamos apáticos à sua presença.
Obrigado, Windham.
Windham Rotunda deixa dois filhos, uma criança de 4 anos e outra de 3; sua esposa, Samantha; seu pai, o WWE Hall of Famer, Mike Rotunda; seu irmão, Taylor, amigos e muitas histórias.
Agora, se junta ao seu irmão, seu Terry Gordy, como gostava de dizer, Brodie Lee, em algum lugar, para passar a eternidade com quem conviveu grande parte da carreira – e da vida.
Para os fãs, deixa uma série de momentos marcantes no mundo da luta-livre, e a certeza de que uma arte que também é um esporte, e que abre mão dos dois conceitos para ser o que é, não cabe em definições simples. Não há resposta, mas há o que temos de melhor para viver e apreciar o que acompanhamos, durante todos esses anos: amor pelo que estamos vendo.
Obrigado, Bray Wyatt.