Voltamos com a continuação dessa jornada revigorante, onde veremos alguns dos melhores filmes sobre luta livre já criados nesse planeta. Faz um bom tempo desde a primeira parte, então, caso você não se recorde ou mesmo não tenha visto, clique aqui para ler. Perto de cada review, temos a nota WBR, que seria a minha avaliação pessoal sobre os filmes, indo de 0 a 5 pontos. Como a minha opinião pode não valer de nada para você, temos também o parecer dos sites IMDB e Rotten Tomatoes, famosos agregadores de notas da Internet. Prontos para novas pérolas cinematográficas? Mesmo se não estiver, já está a começar.
Wrestling isn’t Wrestling – 2015
Sendo Wrestling isn’t Wrestling um curta-metragem, não será necessário nos alongarmos muito para mostrar a razão de merecer ser citado em nossa singela lista. O filme foi criado por Max Landis, um roteirista/diretor americano que entre seus trabalhos tem os roteiros de Poder sem Limites, Victor Frankstein e Bright. Ele é fã desde criança de luta livre e assim criou uma homenagem através de uma paródia muito bem humorada, ao qual ele roteirizou, dirigiu e disponibilizou gratuitamente na Internet.
Max Landis mostra seu olhar peculiar sobre o pro wrestling e para isso descreve toda a trajetória de seu lutador preferido, Triple H, que parabenizou muito o trabalho do diretor pela obra. Ele e os demais lutadores são interpretados, em sua maioria, por mulheres (menos a Chyna, que é feito por um homem…). A carreira de Triple H é destrinchada e contada de forma linear, desde os anos 90 até a atualidade, de uma maneira que até um leigo no assunto consiga entender. John Morrison, Christopher Daniels, Colt Cabana e JTG são alguns dos wrestlers que fazem parte desse filme, além de termos também participações especiais de figuras famosas como Adam e Jamie dos Mythbusters, Josh Peck, Macaulay Culkin, David Arquette e Haley Joel Osment. Wrestling isn’t Wrestling é uma ótima comédia, o seu único problema é a duração que nos deixa com vontade de mais após o fim.
Scooby Doo e o Mistério da Luta Mania (Scooby-Doo! WrestleMania Mystery) – 2014
Quem poderia imaginar? O encontro dos maiores detetives dos desenhos animados com os astros da WWE. Pois bem, nessa animação de 2014, você pode ter a chance de testemunhar uma mistura tão inusitada como essa. O primeiro impacto já se dá ao sabermos que Scooby-Doo e Salsicha são fãs de luta livre. São eles que acabam levando todo o resto da turma para a Cidade do WWE, para assistirem a Wrestlemania. Ou “Luta Mania”, como traduzido para a versão brasileira. Genial quem sugeriu esse nome para o título, diga-se de passagem.
Obviamente, a Mistério S/A tentará desvendar algum segredo, senão não seria um filme do Scooby-Doo. Desta vez, eles terão de resolver o caso do Urso Fantasma, uma lenda que assombra a todos na cidade e que ameaça o Wrestlem… o Luta Mania. Torna-se então dever do grupo descobrir o que está acontecendo antes que o pior aconteça e quem está por trás dessa assombração (porque cá entre nós, nunca é um fantasma de verdade, é sempre uma pessoa normal, vocês tão ligados).
Esse filme foi produzido em uma parceira entre a Warner Bros e a WWE Studios. Sendo assim, temos a participação de vários lutadores como John Cena, AJ Lee, Vince McMahon, Kane, Triple H, Miz, entre outros, não só como desenhos, mas também como dubladores de seus próprios personagens na versão original. Em 2015, uma nova colaboração entre as duas empresas dá a luz ao filme-crossover Flintstones e as Estrelas do WWE, que mesmo tendo as dublagens de lutadores como Undertaker, Bella Twins, Daniel Bryan e CM Punk, não é bom o bastante pra ser digno de ser lembrado nessa lista. Enfim, se você gosta de desenho, ainda mais do Scooby-Doo, e ainda mais de WWE, veja a animação. Se você não gosta… de boas também, a vida continua.
A Taberna do Inferno (Paradise Alley) – 1978
Isso mesmo, um filme sobre wrestling com Sylvester Stallone como protagonista! E ainda mais, escrito e dirigido pelo próprio, o que torna tudo muito mais interessante. A principio, várias cenas do filme lembrarão, e muito, a história de Rocky Balboa, por tratar de personagens ítalo-americanos com poucas oportunidades na vida, que acham no esporte uma saída para sair da miséria em que vivem. E lógico, por ter sido roteirizado por Sly apenas dois anos após o sucesso de Rocky, além de essa ser sua estreia como diretor. Mesmo com tantas semelhanças, A Taberna do Inferno tem seu brilho individual, tornando-se uma joia perdida nos filmes do gênero e na carreira do ator.
O filme conta a história dos Irmãos Carboni, três descendentes de italianos tentando vencer o verdadeiro inferno que é viver em Hell’s Kitchen, ambientado nos anos 40. Lenny, o mais velho e mais centrado dos três, é um herói de guerra que tenta apagar erros do passado de forma questionável. O outro irmão, Victor, é um carregador de gelo com uma enorme força física, mas nenhum pingo de inteligência. Por último, temos Stallone como Cosmo, um sujeito que através de sua lábia tenta correr atrás de seus sonhos. A “malandragem” de Cosmo leva ele e seus irmãos para o clube clandestino conhecido como Paradise Alley. É engraçado notar que o nome Paradise Alley (“Beco do Paraíso”) foi traduzido aqui no Brasil como A Taberna do Inferno, porque esse novo título adotado se encaixa muito mais com a atmosfera podre do ambiente do que o título original. Além de ser um reduto de criminosos, bêbados, jogadores e afins, o clube tem como atração o desafio de wrestling contra o campeão local. Cosmo Carboni vê ali uma chance de largar a pobreza de uma vez por todas, e assim, se torna treinador do seu irmão Victor, que agora é conhecido como o lutador “Kid Salami”. Lenny também acaba se envolvendo sendo o empresário de Victor, e pouco a pouco acaba perdendo seus valores quando se depara com o sucesso de seu irmão no mundo das lutas.
Taberna do Inferno foca nos primórdios do pro wrestling, de forma muito interessante. Nomes conhecidos como Dory Funk Jr, Haku e Ted Dibiase Sr (e outros não tão famosos, mas também importantes na história da luta livre), fazem participações especiais no filme. Porém, o lutador que mais se destaca é sem sombra de dúvida Terry Funk, protagonizando um dos vilões com bastante perfeição. Uma das melhores cenas do filme é justamente sua luta contra Vic “Kid Salami” Carboni em um ringue encharcado pela chuva, sob a luz de relâmpagos e o som de trovões. É um momento tão épico, tão memorável, que pode ser comparável com o mesmo clima de um evento principal de uma Wrestlemania! Tá, nem tanto, mas é uma cena bem legal, de verdade. como é o filme em si, uma ótima opção de entretenimento.
Grunt – Confronto Mortal (Grunt! The Wrestling Movie) – 1985
É uma ficção? É um documentário? É uma comédia? Sim, Grunt – Confronto Mortal é isso, e muito mais! Não entendeu? Então, antes de assistir ao filme, leia esse review para que você assimile um pouco dessa divertida confusão.
“Mad Dog” Joe DeCurso era uma lenda com uma enorme legião de fãs e uma imensa popularidade nos ringues. Porém, tudo foi por água abaixo após uma luta pelo cinturão contra Skull Crusher Johnson, em 1979. A luta estava emparelhada, até Skull Crusher ficar preso nas cordas e Mad Dog, acidentalmente, decapitar seu oponente com um golpe. Isso mesmo, decapitar… Após essa tragédia, Joe DeCurso some do mundo da luta livre, levando muitas pessoas a pensarem que ele tenha se suicidado ou mesmo que ele seja a pessoa por trás da máscara do lutador conhecido como The Mask, um homem misterioso que surgiu pouco tempo depois de seu então desaparecimento. Essas dúvidas foram o que levaram o documentarista Lesley e sua equipe a saírem em busca do lutador, revisitando todo seu passado para entender melhor o seu presente e desvendar de uma vez por todas o que realmente aconteceu com Mad Dog.
O subtítulo aportuguesado de “Confronto Mortal” faz você imaginar um filme cheio de batalhas sangrentas e destruição, o que não condiz com a realidade (apesar de o ponto crucial do filme ser uma decapitação). O filme é realmente divertido de se ver, com muito humor, ação nos ringues e uma trilha sonora que vai ficar na sua cabeça por muito tempo. Você chega a acreditar em certos momentos que toda essa história realmente aconteceu, por ser criada uma atmosfera realística de um documentário. Ainda mais por em seu elenco haver a presença de wrestlers reais do passado, como Adrian Street, Dan Spivey, Mando Guerrero e muitos outros, que trazem consigo uma enorme credibilidade para o Grunt – Confronto Mortal.
Além do Ringue (Beyond the Mat) – 1999
Documentário sobre pro wrestling é o que mais se tem por ai, dos mais diversos tipos e temas. Basicamente, todo lutador famoso que se preze tem algum filme biográfico sobre sua carreira, como também quase toda federação de luta livre. São tantas opções que seria impossível assistir a todos os documentários disponíveis e avaliar os melhores para se listar aqui. Porém, um em especial é extremamente necessário para ser mencionado, por ser considerado o melhor já feito para muita gente (inclusive eu). Estamos falando de Além do Ringue.
Você que apenas assiste pro wrestling, através de uma tela ou mesmo pessoalmente, não tem a menor ideia do que acontece nos bastidores. Esse é o principal ponto da obra, trazer à tona a realidade em volta desse universo, mostrando a verdade nua e crua, literalmente, muito além do ringue. Somos transportados até as entranhas do wrestling profissional, mas agora pelo olhar do negócio que ele constitui. Sendo assim, vemos todos os aspectos necessários para que se crie o espetáculo muito antes de acontecer, e nos deparamos com figuras famosas dentro desse ramo trabalhando para que isso se torne realidade. Temos a participação de Vince McMahon, Jim Cornette, Dave Meltzer, Jim Johnston, Vince Russo, Paul Heyman, Jim Ross, entre muitos outros nomes que foram e são cruciais para a indústria que conhecemos hoje. Todavia, o foco principal de Além do Ringue fica mesmo com os lutadores e seus dramas pessoais, mostrando que os atletas que tanto idolatramos são seres humanos normais tanto quanto nós.
O documentário abre um paralelo entre dois pontos de vistas muito distantes: o dos fãs, alienados somente ao que acontece dentro dos ringues, e o da família dos lutadores, com sua preocupação constante com o antes, durante e depois de cada luta. Em uma das cenas mais impactantes do filme, durante a “I Quit Match” entre The Rock e Mankind no Royal Rumble 1999, vemos o desespero no olhar da mulher e dos filhos de Mick Foley a cada cadeirada que o lutador levava na cabeça, algo que um espectador normal nunca iria imaginar. Além disso, temos outras histórias comoventes ao decorrer do documentário, como a decadência da carreira de Jake Roberts e seus problemas com drogas, a luta por sobrevivência de Terry Funk no mundo do hardcore wrestling, lutadores de federações indies tentando alcançar o sucesso e até o então novato Droz assinando contrato com a WWF, sem saber que anos depois ele sofreria um acidente que o tornaria tetraplégico.
É tanta coisa a se dizer que nem cabe nesse texto. Foi esse documentário que me fez enxergar a luta livre como uma verdadeira arte e certamente fará o mesmo com você. É uma visão depressiva do esporte, mas necessária para muita gente. Não é a toa que o subtítulo desse filme é “The Movie Vince McMahon Doesn’t Want You to See”, pois você mudará muito dos seus conceitos após assistir esta obra-prima.
Então, gostaram dos filmes citados hoje? Já tinham visto antes? Deixe seu comentário nos contando o que você achou, além de, é claro, compartilhar e curtir esse post para ajudar o WBR a continuar a todo vapor. Até uma próxima, com a terceira parte do nosso artigo!