Os Melhores Filmes sobre Luta Livre! Parte 5 #Quarentena

Kayfabe– 2007

IMDB: 6.8/10 – Rotten Tomatoes: N/A – WBR: 4/5

Você sabe o que significa kayfabe na luta livre? São todos os aspectos minimamente roteirizados que constroem todo esse universo. Desta maneira, uma rivalidade é um kayfabe (alguns wrestlers levam para o pessoal, mas enfim), uma lesão ocorrida dentro do ringue pode ser um kayfabe ou até mesmo um relacionamento amoroso ou parentesco entre lutadores, também podem ser. Em suma, kayfabe é um termo que serve para representar várias coisas, sempre com o mesmo intuito de criar uma história para entreter os fãs. No momento, Kayfabe serve apenas para dar nome ao filme lançado em 2007, ao qual analisaremos a seguir.

Nada melhor que a seriedade de um documentário para mostrar toda a veracidade dos bastidores de um esporte tido como mentiroso. Entretanto, Kayfabe é um mockumentary, um documentário fictício, assim como o filme Grunt – Confronto Mortal que já vimos em alguma edição de nossa lista. O filme Kayfabe, ironicamente, é um completo kayfabe, e mesmo assim consegue ilustrar muito da realidade que acontece nesse ramo nas sobrelinhas do enredo. Ele conta a história de uma federação indie de wretling profissional falida, a Tri-Cities International Championship Wrestling Federation (ou “simplesmente” TCICWF), em suas últimas apresentações antes de fechar as portas para sempre. Durante o longa, é apresentado o duro cotidiano dos lutadores em procura de reconhecimento nacional, que são a representação de vários estereótipos dentro desse mundo, como os heels, os babyfaces, os luchadores, os rookies, as lendas, os lutadores hardcore, etc. A fama de esporte falso e até homossexual também é comicamente ilustrada em vários momentos, algo que nos faz recordar da série Southpaw Regional Wretling criada pela WWE anos mais tarde (uma inspiração, talvez?). Entre brigas, intrigas e confusões, esses lutadores continuam juntos em nome da boa e velha luta livre.

Kayfabe é repleto de cenas hilárias, principalmente para os fãs de pro wrestling. Porém, se você não tem muita familiaridade com o que vê também se entreterá com o filme, além de trazer para si um leve conhecimento sobre as bases desse esporte. Altamente recomendável se você quer dar algumas gargalhadas.

O Mundo de Andy (Man on the Moon) – 1999

IMDB: 7.4/10 – Rotten Tomatoes: 63/100 – WBR: 4.75/5

Definitivamente, Andy Kaufman não pode ser taxado como um comediante, ele mesmo negava esse rótulo. É muito simples reduzi-lo a apenas um cara que faz humor ou que é bom em piadas, pois o que ele fazia ia muito além. Ele conseguia brincar tanto com a realidade que chegava a um ponto em que o público não sabia mais o que estava acontecendo, a sensação do inesperado era o que dava fama a seu nome. Até hoje, muitas pessoas não acreditam em sua morte e acham que tudo não passa de uma gigante piada que um dia será revelada para o público, criada por sua mente excêntrica. Com o perdão da palavra, ele gostava realmente de foder com a mente das pessoas. Simples assim.

É o que é apresentado em O Mundo de Andy, filme de 1999, que mostra toda sua trajetória profissional e também pessoal. Somente um sujeito tão peculiar quanto Andy Kaufman poderia interpretá-lo fielmente, e ninguém melhor do que o outro gênio do humor, Jim Carrey, para assumir esse papel. O ator trouxe um Kaufman tão realista, tão verdadeiro, com todos os conflitos entre sua arte incompreendida por muitos e os problemas que a dura e não tão engraçada vida nos reserva. Em meio a toda loucura que Andy Kaufman exalou em vida, o universo da luta livre também cruzou seu caminho. Em determinado momento de sua carreira, Kaufman se intitulou o campeão intergênero do mundo, ou seja, o campeão mundial de wresling entre homens e mulheres. Sem mais nem menos ele foi para Memphis (cidade que basicamente respira luta livre) se tornar um pro wrestler, e mais do que isso, assumiu para si uma personalidade de vilão. Ele só lutava contra mulheres, sempre as humilhando no ringue, além de insultá-las com frases machistas e misóginas. Lembra sobre a bagunça mental que ele fazia na cabeça de sua audiência? Ninguém conseguia distinguir se os comentários eram verdadeiros ou não, o personagem se misturava com Kaufman, e ele próprio não se esforçava para distanciar um do outro. Ele incorporou um verdadeiro heel, sendo alimentado pelas vaias e pela fúria que recebia das pessoas, principalmente das mulheres.

Todo esse período na carreira do ator é apresentado em sua cinebiografia, até mesmo sua lendária rivalidade contra Jerry “The King” Lawler. O veterano lutador foi chamado para interpretar ele mesmo, reconstruindo assim os momentos que passou com Kaufman dentro e fora dos ringues. Além dele, Jim Ross e Lance Russell também marcam presença no filme. Lawler afirma até que Jim Carrey ficou frustrado durante as filmagens, quando proibiram o lutador de lhe aplicar um piledriver da mesma forma que fez em uma luta contra Andy Kaufman, por motivos de segurança. Porém, essa leve frustração de Carrey deve tido sido sanada quando ele participou da reconstituição de um momento memorável vivido por Kaufman e Lawler no programa do David Letterman, onde em um determinado momento o wrestler de Memphis desfere uma tapa no rosto do “lunático”. David Letterman foi também chamado para participar e testemunha Lawler estapeando Jim Carrey de verdade como fez com Kaufman décadas atrás. Tudo pela arte, como ele mesmo queria.

A cinebiografia de Andy Kaufman tem de fazer parte dessa lista de filmes memoráveis sobre luta livre mesmo não focando totalmente no esporte, por retratar essa fase de sua carreira tão detalhadamente. Outro filme a ser lembrado com a presença de Kaufman é o My Breakfast with Blassie, onde ele entrevista o lutador “Classy” Fred Blassie enquanto saboreiam seus cafés da manhã. Temos também os documentários I’m From Hollywood, onde a fase de lutador de Kaufman é destrinchada de cabo a rabo ao espectador, e Jim & Andy, retratando a relação espiritual entre os comediantes, complementar após vermos a atuação inspirada do ator. Acho que é o bastante, entre de cabeça no Mundo de Andy e tente compreendê-lo, se puder.

E assim, terminamos. Ficou interessado em algum filme? Faltou algum que merecia ser mencionado? Deixe ai o seu comentário. Até a próxima.

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