Neste momento está rolando uma disputa tóxica por poder dentro da WWE, segundo Dave Meltzer. Triple H está sendo culpado internamente pelo NXT não “vencer as guerras de quarta-feira à noite que a WWE pensava que ganhariam facilmente”. E essa disputa foi o que culminou nas demissões feitas na semana passada.
Meltzer também afirma que alguns executivos da WWE temem o futuro na empresa se ou quando Triple H assumir o controle. E por conta disso, querem minar a reputação do COO. Do outro lado estão aqueles que apoiam Triple H e descreveram a situação atual como “tóxica” dentro da WWE, particularmente porque as demissões foram para demonstração de poder, e os talentos do NXT foram usados como peões.
Muitos consideravam o status de Triple H como “intocável”, o que fez com que as demissões do NXT fossem vistas como uma surpresa. Perder as Wednesday Night Wars fortaleceu o discurso contra HHH, e os opositores apontaram que o NXT falhou em atrair espectadores mais jovens ou até mesmo mais espectadores do que AEW, algo que era considerado um fato antes da estreia do Dynamite.
Essa briga fica mais evidente quando vemos que Triple H não fazia ideia que a WWE estava fazendo cortes no NXT naquele dia. Vince McMahon, John Laurinaitis e Bruce Prichard foram os responsáveis pelas decisões. Grandes mudanças também estão planejadas para NXT, já que a WWE quer transformar o show como puramente de desenvolvimento.
Triple H inflou o NXT com lutadores sem potencial de evento principal
Empilhar lutadores para evitar que outras empresas os contratassem indiscutivelmente causou o inchaço do elenco da WWE, contribuindo para o excesso de cortes neste ano. Em um determinado momento em 2021, a empresa tinha cerca de 300 lutadores em seus registros. Desde então, mandou embora mais de 50.
Dave também diz que dentro da WWE a mentalidade era que eles teriam que treinar os indies como lutar no NXT. E então treinar o NXT sobre como lutar no elenco principal, de tão conflitantes eram as ideologias. Por conta disso, a nova abordagem de desenvolvimento da marca se concentrará em lutadores maiores e mais jovens, mais próximos do que Vince procura em potenciais estrelas do plantel principal.
As consequências dessa disputa foram evidentes
Karrion Kross começar a sua jornada no roster principal perdendo para Jeff Hardy foi uma consequência direta da luta pelo poder. Assim como Dakota Kai, que vai lutar pelo NXT Women’s Title no TakeOver da próxima semana, perdendo para Aliyah no Main Event.
O fato do NXT não cair na estrada após a pandemia é um outro fator, resultando em talentos despreparados que não conseguem representantes internos que precisariam para progredir. Segundo Meltzer, a ideia de se iniciar uma nova turnê pelo país ainda sequer foi discutida.
Triple H foi a pessoa apontada por um projeto que falhou. Ele teria sido elogiado se NXT esmagasse AEW da mesma forma que ele está levando a culpa depois de não conseguirem atingir o objetivo da WWE.
Se esse sempre foi um objetivo alcançável é uma outra questão. O Dynamite tinha algumas vantagens, por ser uma novidade. Mas também foi uma alternativa real ao Raw e ao SmackDown. O NXT foi a saída mais acessível para os fãs que queriam se rebelar contra a máquina da WWE. Assim que a AEW apareceu, eles tinham uma bandeira para balançar sem que contribuíssem para os resultados financeiros de Vince McMahon.
Triple H também tinha a tarefa de criar e preparar lutadores para subirem pros shows principais, e todos ficávamos com a percepção de que esses talentos provavelmente seriam mal utilizados após a convocação. Mesmo assim, ele recebeu um talão de cheques em branco para executar sua visão. E poucos fãs escolheram essa visão ao invés da que Tony Khan apresentou com AEW. As consequências foram inevitáveis.
Quem sofre as consequências sempre é o elo mais fraco
É triste que as pessoas que sofrem o impacto dessas decisões sejam os lutadores, especialmente aqueles que perderam seus empregos. Pelo menos, o resultado da disputa entre AEW e WWE é que – mais do que em qualquer outra época deste século – parece haver mais oportunidades para os lutadores ganharem a vida fora da WWE.
É claro que, como acontece com quase todas as reportagens sobre wrestling, há sempre a chance de que as fontes do Meltzer estarem dando apenas um lado da história – o lado deles. Deixar isso vazar para o Observer pode ser apenas parte de um jogo político maior.
Isso acaba sendo parte do que muitos de nós amamos neste ramo louco, no entanto. O drama dos bastidores costuma ser tão intrigante quanto o que acontece no ringue. Às vezes mais.
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Obrigado aos portais CageSide Seats, What Culture e Cultaholic que trouxeram a história.