Para Edge e Kobe, dois homens que eu amei odiar

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No dia 26 de janeiro de 2020, Kobe Bryant faleceu em um acidente aéreo. Horas depois, Edge fez seu retorno à Luta-Livre profissional durante o Royal Rumble.

É possível que, nem em nossos maiores delírios tenhamos imaginado uma montanha russa tão ingrime de sentimentos.

Edge e Kobe surgiram para mim no início da minha adolescência, onde sentimentos podiam se confundir a todo momento. Não se sabia muito aonde o ódio parava para começar o amor, nem se existia amor em todo aquele ódio.

Kobe aproveitava todas as oportunidades, parecia invencível, e destruía as chances dos meus maiores ídolos no basquete. Allen Iverson, Tracy McGrady, LeBron James. Ninguém parecia ser páreo para aquela mentalidade. Não importava o quanto você poderia se esforçar.

Edge também aproveitava todas as oportunidades, mas não parecia invencível. Mas tinha aliados e artimanhas que destruíam as chances dos meus maiores ídolos no wrestling. Rey Mysterio, Jeff Hardy, Undertaker. Ninguém parecia ser páreo para aquelas armações. Não importava o quanto você poderia se esforçar.

Eu odiava os dois.

Odiava, porque a vitória era o único objetivo de ambos, não importassem os meios. E eles venciam, e destruíam, e repetiam. As vaias de quem torcia contra se intensificavam, mas eles eram alçados à glória toda vez que o gongo soava ou o relógio era zerado.

Eu queria ser como eles.

Eu queria jogar como Kobe, pensar como Kobe, sentir como Kobe. Mas também queria derrotar Kobe. No videogame, na quadra, na filosofia. Assim como Edge, que quando o wrestling ainda era real para mim, era quem deveria ser derrotado, mas precisava estar ali para tudo se tornar mais difícil.

Eles dificultavam o jogo e elevavam o nível de qualquer outro que estivesse frente à frente deles, ainda mais em 2007 e 2008, quando me aprofundei no ódio aos dois.

Edge precisou se retirar em 2011, quando seu corpo sucumbiu às lesões, mas nunca aceitou perder esse jogo. Se despediu com uma vitória na última luta.

Kobe tentou vencer o jogo a todo custo, como sempre, e só desistiu em 2016, quando percebeu que não havia nada mais a vencer. Se despediu com uma vitória no último jogo.

Quis o destino que o dia 26 de janeiro marcasse o dia em que um ressurgiu como uma fênix, enquanto o outro se foi de maneira inacreditável.

Enquanto Kobe apagou as luzes e foi para a eternidade, Edge retornou dela. Dois momentos que não existem palavras para descrever, a alegria e a dor de ver dois seres humanos em momentos tão distintos é inexplicável.

Tão inexplicável como o sentimento que nutria por ambos. Era impossível não odiar Edge e Kobe há 12 anos, quando este que vos fala tinha 12 anos, e queria dominar o mundo na base do seu ódio.

Mas, 12 anos depois, aprendeu que ódio e amor andam em uma linha tênue e, mais do que odiar os dois atletas, aprendeu a amá-los por aquilo que são e representam, e nunca mais esquecer.

Como a música do comercial preparado para o último jogo de Kobe, em 2016, eu venho odiando vocês por um muito tempo para parar agora.

E também não vou parar de amar.

Descanse em paz, Kobe Bryant (1978 – 2020)

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