OS FORASTEIROS
Os anos 90 começaram com a multipolarização do planeta. Queda da União Soviética, início da União Européia, entre outras coisas que deixavam o mundo cada dia mais globalizado. Grandes Wrestlers americanos faziam algumas lutas no Oriente, principalmente no Japão, aproximando as duas nações na área da luta livre. Mas logo acima e logo abaixo dos yankees imperialistas, haviam dois países que revelaram lutadores que marcavam a introdução de um estilo muito mais rápido, com lutadores mais leves, alguns mascarados e que faziam todo o tipo de estripulias no ringue.
O que Chris Benoit, Chris Jericho, Eddie Guerrero, Rey Mysterio Jr, Chavo Guerrero e Owen Hart tem em comum? Todos nasceram ou no Canadá, ou no México, e trazendo suas identidades locais (principalmente os mexicanos) mostraram um novo estilo aos americanos e logo encantaram. No Japão também fizeram sucesso nas Super J-Cup, que junto aos japas no meio da década faziam lutas incríveis (que inclusive eu pago um pau imenso mesmo não sendo fã de puro). Misture isso tudo com artifício que uma empresa do leste inovou comandada por Paul Heyman.
Nada convencional, a ECW trazia o politicamente incorreto dos anos 90 a todo o vapor, com lutas sangrentas, instrumentos e mais instrumentos no ringue e criação de lendas. Tommy Dreamer, Sandman, Sabu, Raven, Rob Van Dam, entre outros saíram dali e foram para o coração de todos os fãs. Junte isso com os lutadores leves, gera um novo conceito de wrestling nos EUA, que logo foi sendo introduzido na WCW por Bischoff e posteriormente por McMahon na WWF, com aquisição de lutadores e introdução de novas estipulações de lutas.
Novamente uma mudança abrupta no conceito de luta livre americano. Os tempos mudavam, e muito rapidamente.
NA GUERRA E NO AMOR VALE TUDO
Anos 90, guerra de audiência, o que te vem em mente? Eu não sei se você terá idade para lembrar caro leitor, mas eu lembro que simultaneamente as Monday Night Wars, havia no Brasil uma guerra de audiência, mas eram de dois programas de auditório. Gugu e Faustão, SBT e Globo disputavam ponto a ponto nas tardes de domingo, apelando para ter as melhores atrações, tanto que naquela época popularizou a famosa Banheira do Gugu, no qual a regra pelo que lembro era pegar os sabonetes na banheira com gostosas futuras capas de revistas sensuais dentro da mesma. Hoje, os programas estão em horários diferentes, e, com o fim da guerra, muito mais leves.
Com WCW e WWF não foi diferente. Ted Turner e Bischoff compraram os grandes Main Eventers da empresa dos McMahons, deixando a mesma apenas com HBK, Undertaker e Steve Austin ainda em ascensão no Main Event da empresa. Em Stanford tudo foi inovação, a palavra “attitude” tomou contra daquele período, as lutas eram mais violentas assim como as palavras no microfone de Austin, Rock, Hunter e companhia. No período de guerra, a WCW dava spoilers sobre o show da WWF, já gravado.
A WWF tentava se renovar, mesmo perdendo na audiência. Até uma promo invadindo a WCW fizeram promovendo a DX a um exército de guerra. A ECW estava como um coadjuvante de luxo nessa época, porém tinha um pequeno diferencial que talvez tenha sido de grande importância para a manutenção de uma das empresas. McMahon venceu, e hoje a WWE vive dias de sombra e água fresca, com um conteúdo totalmente leve, sem palavrões e sangue, voltado para a família. Hoje as intros – diferentemente das do final dos 90s que continham explosões e um rock pesado – são mais leves, com batidas pop, mostrando que o conteúdo é completamente sadio para todas as idades.
WRESTLING MEGALOMANÍACO
Olhe para a crowd de 1999 e olhe para a crowd hoje. Antes, a arena bem menor com o triplo de placas de hoje, deixava tudo com um ar de “show épico” numa arena onde os lutadores seriam engolidos ou por leões ou por outros lutadores. Literalmente o espaço entre a entrada e o ringue era uma rampa, hoje é plano, deixa tudo em outra perspectiva. No final dos anos 90 eram introduzidas as Titantrons, hoje elas são tão grandes que “Titan” ainda seja um nome pequeno demais. Graças ao avanço da tecnologia, hoje o PW está muito mais próximo aos fãs. Celulares, tablets, Smartphones, a interatividade e a aproximação entre o fã e a luta livre está cada dia maior. E os 90 contribuiram com o avanço da tecnologia, o primeiro boom da internet , e até mesmo as Titantrons, que era uma inovação para a época.
Os anos 90 mudaram o wrestling para sempre.
-x-
Toda revolução necessita de uma mudança abrupta, e o que aconteceu nos anos 90 foi uma revolução em todos os aspectos, e a luta livre mudou para sempre. Hoje, num período de paz mundial na lutinha, é óbvio que o nível não será mantido alto constantemente, até que outra competição surgir. O Wrestling parece estar iniciando um período em que uma safra de novos lutadores vem para tomar espaço de alguns que desde os anos 90 fazem sucesso. No momento eles são o futuro, e na minha perspectiva será um bom futuro. Então, não acho que devemos retornar ao passado e sim, olhar o que os próximos anos podem nos proporcionar de novo…
Por @gomeslukito
