Uma luta não foi suficiente – para a WWE nunca é. Então eles voltaram e aqui está Rock vs Austin II.
Muitas coisas mudam em dois anos, caro leitor. De dois anos para cá, por exemplo, meu cabelo chegou até quase o meio das costas.
Da mesma forma, em dois anos de diferença, Rock agora era o principal baby face da empresa. Combateu, durante esse período, a “Mcmahon-Hemsley Era”. Conseguiu, nesse meio tempo tirar o título de Kurt Angle no No Way Out, último evento antes da WM.
Austin passou por maus bocados também. Foi atropelado, lutou contra o demônio, tentou matar o Triple H e foi para o Main Event da Wrestlemania após ganhar, pela terceira e última vez, o Royal Rumble.
Perdeu no No Way Out pro HHH, mas ai é outra história.
A diferença central entre esse combate e o último é que, dessa vez, o combate é no mano a mano. Rock vs Austin se tornou maior porque seus personagens agora eram ainda mais importantes.
Neste texto focaremos mais em Stone Cold Steve Austin.
O careca do Texas ja havia trocado de música à época e parecia ter uma personalidade ainda mais violenta que o vencedor da WM XV. Com uma mic skill melhor e um personagem com mais foco do que somente prejudicar Vinnie Mac, Austin agora queria estar, novamente, no topo da empresa.
E esse tom permeia toda a luta, desde a promo. É da boca de Steve Austin que sai a frase que me persegue desde que vi esse combate pela primeira vez: “There can only be one World Wrestling Federation Champion.”
É óbvio que só, mas para mim, na época, não era. A primeira vez que vi essa luta eu ainda era novo no PW e a noção de ter um título só me parecia distante. Logo, pensar dessa forma tão fatalista, AH SÓ PODE TER UM – pique meio Highlander – deixava tudo mais emocionante.
O build-up até a luta inclusive é excelente. Rock e Austin estavam na trilha do Title o ano inteiro, principalmente Rock. Antes de seu combate, no dia primeiro de abril, ambos passaram algumas semanas em idas e vindas sobre se atacarem ou não. Mcmahon tentou preservar seu Main Event, mas os personagens até então cagavam para o chefe.
Eu poderia falar muito, mas o mais sábio a se fazer é deixar vocês verem a melhor promo da história do PW mundial.
Uma música do Limp Bizkit nunca foi tão bem usada em uma promo, da mesma forma que nenhuma outra história poderia abarcar tão bem sua época e seu espirito como foi essa luta.
Existe outra melhoria em relação à Wrestlemania anterior: tiraram o verme do Jerry Lawler e agora, acompanhando Jim Ross nos comentários, está Paul Heyman. A habilidade deste homem em encontrar angulos e comentários que aumentam a emoção da história é completamente invejável. Tanto em shows semanais como em PPV’s, Heyman era um monstro na mesa de comentaristas.
Isso durou até a época da Invasion e a derrota do time de Heyman no Survivor Series 2001, que, incluisive, traria novamente a rivalidade entre nossos protagonistas de hoje. E nessa luta que fechariamos um arco com Stone Cold Steve Austin. A cobrinha de chocalho era o terror de qualquer figura de autoridade dentro da WWF há alguns anos e isso era fato consumado dentro da empresa.
Não importa se o comissário era Foley ou Shawn Michaels, muito menos se o Mcmahon no comando se chamava Shane, Vince ou Stephanie: Steve Austin sempre era uma ameaça. Com seu ideal de infernizar qualquer pessoa ou lugar em que estivesse, Austin se apresentava como uma força caótica que girava e destruia dentro da World Wrestling Federation.
E como diria seu ex-oponente Owen Hart: “Enough is enough and it’s time for a change!”
O tempo de mudança chegou e o tempo de história também
Um combate um pouco mais lento que o último, mas ainda com Wrestlers muito jovens. A luta aqui tentou ser um pouco mais técnica, o que revelou duas das coisas mais feias dentro da existência: Os Sharpshooters de Rock e Stone Cold Steve Austin. Esses dois consegue, mesmo que sem maestria, roubar os finishers de seu oponente. Contudo, quando o assunto é roubar finisher dos Wrestlers Bret Hart e Sting? Nanana, sai UMA BOSTA.
Um elemento novo aqui é o sangue, que foi muito bem usado para dar a entender que ambos se levaram ao limíte. Inclusive, o vencedor foi o único que conseguiu quebrar qualquer limite físico e moral imposto pela luta.
O referee ainda era Earl Hebner. Essa não seria a última vez.
A ultima vez é a próxima.
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