Aírton mal havia pensado na possibilidade e a ideia já era perpétua em minha mente: a luta de hoje não poderia ser outra a não ser Taker vs Mankind
Mick Foley voou meu amigos, Há 21 anos o homem pai de duas crianças foi jogado de cima de uma jaula em decomposição, trajando somente calças marrons e uma social branca suada e manchada de sangue, além de sua máscara de couro e insanidade.
Vocês me perdoem, mas machucados assim me deixam um tanto poético e o que foi feito ali naquela noite não é nada menos que caos em ambiente parcialmente controlado, pois Mark nem Mick sabiam o que aconteceria quando o Undertaker jogasse Mankind de cima daquela estrutura decadente; bom, de uma coisa eles tinham certeza: a queda.
Já haviam feito coisas muito dolorosas em suas vidas. Mark Calaway já teve de usar mascara por conta de uma lesão facial, Mick Foley perdeu uma orelha e ambos sangraram mais pela indústria do Pro Wrestling do que seria humanamente possível sangrar por qualquer causa. Ali mesmo, naquele ambiente com gosto de cobre, sangraram muitas vezes mais, em alguns casos eles aceitam perder anos de vida até hoje, quando não lhes sobram muitos.
O fato é que, em 28 de Junho de 1998, no King of The Ring, a luta não começou no ringue, mas no teto. Mankind e Undertaker vinham de longuíssima batalha através das casas de caldeira e de todos os cenários que a WWE podia lhes dar. Taker havia sido traído por seu Manager Paul Bearer e os problemas com o ser que representa a humanidade lhe acometiam desde então.
Mankind, por outro lado, parecia estar nisso pelo acaso, vendo quantos braços e pernas essa massa disforme que é o tempo futuro tem disponíveis para ele arrancar, esquartejar e experimentar. Mankind é louco “e com todo direito a sê-lo” como diria o heterônimo.
Mas quem será que deu a ordem? Mankind ou Mick Foley. Pois foram as mãos de Mark Calaway que jogaram outro ser humano de uma altura de cinco metros em cima de uma mesa que nem um cachorro comeria em cima de tão decrépita. Mas justo ela abraçou a boca que disse “me jogue”, separando, nem que por um segundo, a agonia humana do indiferente chão da Civic Arena.
Novamente, quem jogou e quem se lançou? Se foram os personagens, são uns irresponsáveis, pois não são eles que correm risco de morte! Mas…
Mas e se são, também? Pois provavelmente não foi Mick Foley que levantou daquela maca com um sorriso no rosto e subiu na Cage mais uma vez. Não foi Mark Calaway que ficou em cima de uma jaula que subia mais e mais alto como se satã himself estivesse ali ao lado dele, lhe segurando as mãos e encarando seus súditos.
Undertaker e Mankind são os únicos presentes reais naquela arena. O resto são falsos, feitos de plástico e vidro, pó. Pó como a grade que cedeu mais uma fez frente ao Chokeslam de Undertaker que, novamente, poderia ter matado um marido, um pai e um amigo.
Até Terry Funk, lenta imortal do Wrestling tem uma participação nessa feita kabalística que nos chamamos de evento, apanhando enquanto tenta proteger Mick.
E se te parece uma narração confusa, saiba que a realidade daquele dia também o era. Pois assistindo Undertaker vs Mankind na Hell In A Cell, qualquer um pode experienciar a, talvez, primeira colagem de todo o PW.
Esssa luta não é uma narrativa, mas sim uma imagem cubista onde temos pessoas quebradas em momentos distintos sem perspectiva. É impossível saber, com a lógica, de que forma eles chegaram ali.
Existe a Cage. O Chão, Macas e pessoas e mais ferro. Um barulho de madeira. Sangue no rosto do morto. Um sorriso de um louco, felicidade tão larga que vaza a boca e lhe sorri o nariz. Tachinhas e mais tachinhas. A lápide, fim de todos.
E o 1, 2, 3.
É simples assim, leitor. O resto é só história
Na semana que vem eu volto ao normal. Até lá, acesse esses links.
1 comentário em “Mais um texto sobre Mankind vs Undertaker – Hell in a Cell”