Então você quer saber o que rolou de melhor e pior no WWE Evolution? Bem-vindo ao Bom, Mau e Feio, onde elencamos os melhores, piores e absurdos pontos deste PLE da WWE. A edição analisada hoje é do dia 13 de Julho de 2025.
BOM
Ainda sabe
Trish Stratus foi a desafiante de Tiffany Straton pelo título da WWE neste último domingo e, mais uma vez, mostrou de forma categórica que essa aí pinta.
A cinco vezes campeã feminina da empresa enfrentou a atual detentora do título em um combate que já tinha resultado mais que óbvio, mas que não caiu no comodismo de fazer só uma aparição nostálgica sem qualquer substância. Foi, inegavelmente, uma evocação dos tempos áureos da lutadora canadense, porem também serviu como uma demonstração que não só ela ainda sabe do riscado, mas Tiffany tem total condições de fazer um reinado muito melhor do que está entregando.
Infelizmente, desde janeiro, Stratton tem feito defesa após defesa em lutas sem graça, decepcionantes ou, no máximo, aceitáveis. Domingo não. Quando soou o gongo, Tiffy se colocou no papel de força motriz e empurrou a luta pra frente, dando estofo para que Trish encaixasse seu moveset clássico e dando segurança para que Stratus tomasse golpes esteticamente brutais, como aquele Suplex Backbreaker ala Roderick Strong.
No final deu a lógica em todos os sentidos: Trish entregou outro lutão e Tiffany segue como campeã feminina da WWE.
Essa é mulher!
Como Main Event a WWE apresentou o combate entre Rhea Ripley vs Iyo Sky, luta que abrilhantou o carnaval dos justos, abriu caminho para o melhor combate da Wrestlemania e agora vinha para decidir de Rhea Ripley tinha redenção ou se Iyo Sky era realmente o Chelsea da Mami.
Acabou que nem um nem outro!
Porem, antes de falar do Cash-In, vamos falar da luta. Rhea e Sky entregaram uma das melhores lutas do ano da WWE, indo com tudo na agressividade que as duas conseguem tanto imprimir quanto suportar e dobrando a aposta neste quesito quando, num ref bump, passaram a espalhar essa mesma violência através da torcida.
Teve Razor’s Edge, teve DDT, deve soco na cara, crossbody da casa do caralho, Spanish fly, teve de tudo. Só não teve final. Já diria a Dilma, todo mundo vai perder e todo mundo perder, menos ela. Essa é mulher!
Naomi, após Iyo e Rhea se atrabacalhem no supapo, corre ao ringue com sua maleta e transforma a luta numa triple threat match, fazendo o cash-in e ganhando o título mundial feminino, marcando seu terceiro reinado dentro da WWE, mas, sinceramente, o primeiro com cara de que chegou lá. Por mais que tenha vencido em Wrestlemania, por mais que os outros reinados tenham seu valor, esse tem um gosto a mais pela forma como ela e Mercedes Moné saíram da WWE e toda essa retomada dela dentro da empresa, a princípio perdida em um retorno que parecia não dar em nada, para finalmente desabrochar como uma heel muito cativante e ir de Ms. Money in the Bank para campeã mundial.
Inclusive acredito que essa decisão também foi perfeita para Iyo e Rhea e, arrisco, até para o prosseguimento das feuds do Smackdown. Eu não queria ver outra Naomi vs Jade e a pedra cantada do Cash-In no Summerslam só serviu como MacGuffin para ela trocar de brand e surpreender a todas.
Um final excelente para um evento que, apesar de algumas lutas, foi de longe a coisa mais divertida que a WWE fez no ano, rivalizando apenas com o Elimination Chamber.
MAU
É violência, é? Ou a inesperada virtude da ignorância?
As duas partes ruins do show vão direto aqui, beleza? Primeiro Jade vs Naomi numa No Holds Barred tendo Bianca Belair de Special Guest Referee.
Incluir a EST neste combate foi um roteirismo safado só para que as três estivessem envolvidas nesse fechamento de feud, uma vez que fazer alguma coisa a vera BB não chegou a fazer. Inclusive, só a Naomi pareceu trabalhar nessa luta, batendo, apanhando. Jade, que tem uma presença acachapante quando vem ao ringue, mingou até se tornar somente parte da inércia do combate, vencendo com um Jaded da segunda corda, quando todos pensavam que Naomi estava lutando sozinha.
Lembrando que a tempestade vai para o Summerslam enfrentar a campeã do Smackdown, Tiffany Stratton. Ao menos esse era o plano, espero que não mudem para um Naomi vs Jade no Summerslam. Talvez um Naomi vs Bianca com a Naomi saindo por cima desse jogo. Vamos aguardar.
De qualquer forma essa não foi a pior luta da noite, já que a WWE produziu uma Battle Royal completamente sem graça, que teve como ponto alto somente a participação de Nikki Bella e a vitória de Stephanie Vaquer. A dobradinha com a xará dos States inclusive deu o que falar, quando a Primera disse que “Inglês não é sua primeira língua, Wrestling é sua primeira língua.”
Pela quantidade de bobagens que fala, é bom que a primeira seja Luta livre mesmo, apesar de ela muitas vezes tratar como merda quem lhe ajudou a ter essa fluência.
De qualquer forma, Vaquer é muito merecedora dessa vitória e agora nos deixa numa sinuca de bico, pois eu não queria ver Naomi perder, mas também queria muito ver a Stephanie ganhando. Quem sabe ela não pesca esse Intercontinental da Becky logo logo? Aguardemos.
Ainda assim, não foi a noite dela quando o quesito era entregar um bom combate. Tivemos participações do NXT, Smackdown e Raw, um monte de gente sendo eliminada que nem bosta para a Nia Jax, as mesmas dinâmicas de dominância, a mesma ladainha da Chelsea Green. Enfim, foi o que foi.
Porém, um ponto maneiro, além das outras exceções que eu já destaquei, foi a presença de Lash Legend, uma atleta que eu acredito que merecia um pushzinho, uma chance de brilhar, talvez um North American ou coisa do tipo. Gostava muito de sua tag com Jakara Jackson, mas a empresa premiou a supracitada com um seguro-desemprego.
FEIO
Nada mudou
Eu acho bonito o sentimento de esperança das pessoas, por mais pueril, verborrágico ou megalomaníaco ele seja, tem certo caráter em guardar no coração a expectativa de tempos melhores.
Contudo, por mais que o público tenha gostado do Evolution, Triple H foi categórico quando meteu um “Vamo marcar”, quando questionado sobre uma próxima edição do evento.
Oras, é só ver a preparação para esse evento. Então por maior que seja a catarse, é sempre bom cravar o óbvio: estamos falando de WWE e ela não esta preocupada com o Wrestling feminino ou a lucha libre ou pautas de inclusão ou a chacina do povo palestino ou jornalistas mortos, nada. A WWE se preocupa, se preocupou e sempre se preocupará com o lucro. Tratar esta empresa bilionária, que está sob o guarda-chuva de outra empresa bilionária, como sua esperança de um passo a frente no que se enxerga como “Evolução” da luta livre é como esperar que a Disney ou a Warner tragam discussões profundas sobre política, gênero, desastres climáticos. Tudo será raso e fácil, de rápido consumo e rápido esquecimento, até as coisas que nós mais gostamos.
E acredite, eu amei o Evolution, mas não é aí que as coisas vão mudar. A WWE acompanha o que o restante faz e depois se transmuta naquilo que já deu certo, se perfazendo de vanguarda. Sempre foi assim, sempre vai ser.
O Evolution é do caralho, mas a gente tem que deixar de ser ingênuo. Felicidade pelo evento, sentimento de satisfação, tudo isso é uma benção, mas a WWE sempre será uma extensão do projeto McMahon e sua visão de mundo. Quando não é isso, é algo pior.
Até a próxima.