WWE NXT Battleground 2025: Bom, Mau e Feio

Então você quer saber o que rolou de melhor e pior no WWE NXT Battleground? Bem-vindo ao Bom, Mau e Feio, onde elencamos os melhores, piores e absurdos pontos deste PLE da WWE. A edição analisada hoje é a do dia 25 de maio de 2025.

BOM

Mulherada Total

Vou roubar aqui o grande bordão do meu amigo Chavudo pois as lutas femininas, mais uma vez, roubaram a cena no NXT.

Começamos o Battleground com Sol Ruca, a detentora do título Norte Americano, contra Kelani Jordan. Apesar de terem dado algumas deslizadas no ritmo aqui e ali, mostrando uma certa hesitação em golpes pontuais, a química entre Ruca e Jordan é uma coisa bonita de se ver em cima do ringue. Já tendo batalhado por esse cinturão anteriormente, quando as posições de campeã e desafiante estavam trocadas, elas se conhecem bem o suficiente para entregar uma luta visualmente impressionante, com uma quantidade de reversões e armadilhas alta o suficiente para que você se mantenha atento, mas não tão exagerada a ponto de se tornar uma paródia.

No frigir dos ovos, Sol Ruca saiu por cima, provando não só que é quem manda nesse título, mas provando também que consegue usar uma roupa camuflada ridícula, ficar linda e meter um lutão.

Na outra frente temos Stephanie Vaquer contra Jordynne Grace, La Primera vs Juggernaut, La Chilena vs… não sei outro apelido para a Jordynne. Enfim, entre as duas já é papo de gente grande. Gostei muito como conseguiram usar a força da Jordynne na luta, mas não fizeram isso de muleta. Tinha um pouco de medo da WWE acabar vendo-a só como um tanque de guerra, mas pelo visto tão dando liberdade para ela usar outras técnicas também.

E Stephanie Vaquer né, meus amigos. Que lutadora fenomenal é La Primera. O público já é dela, ninguém tasca. Na luta ela transita com uma facilidade que só não é impressionante porque já nos acostumamos; da mesma forma, sabe muito bem valorizar a ofensiva da ex-TNA e, acima de tudo, soube mostrar surpresa quando seu finisher não funcional para finalizar a desafiante.

No final das contas ela levou a luta, reteve seu título e ainda teve ali um arranca rabo com Chik Tormenta e Dalys, lutadoras da AAA, provavelmente construindo algo para o Worlds Collide já.

O engraçado é prestar atenção nas palavras das lutadoras da empresa de Dorian Roldán e perceber a bile na fala quando dizem “A gente sabe de onde você veio”. CMLL e AAA não se misturam com facilidade e, por mais que a Stephanie seja uma máquina de falar merda, essa versão da lutadora fantástica que vemos hoje só existe por conta de todo o trabalho e apoio do Consejo Mundial de Lucha Libre.

Oba, lá vem ela…

Na verdade, a luta é deles, mas eu queria fazer o trocadilho com a música.

Oba Femi e Myles Borne duelaram pelo título mundial do NXT no pré-Main Event deste Battleground. Primeiramente é preciso bater palma para o excelente trabalho feito nos semanais do NXT, trazendo alguma relevância e significado para essa jornada de Borne em direção ao título mais valioso do show de terça-feira. A narrativa da superação e da representatividade aliado a um tropo já muito conhecido de que o garoto ia lutar com o coração – tipo de luta que faria Jorge Iggor se esgoelar tal qual um ninja escandaloso – fez com que esse combate se tornasse algo mais do que um Squash ou até uma luta extremamente previsível entre azarão e campeão dominante.

Ainda foi previsível e, sinceramente, o começo da luta foi um tanto chato. Contudo, depois que a coisa engrenou, acredito que eles deram corda o suficiente para você pelo menos olhar com um pouco de carinho para esse embate, conseguindo assim a tão cobiçada vaga na categoria “BOM” desta coluna.

Contudo, ignorando totalmente Oba Femi aqui, queria falar mais sobre o Borne e um problema que acredito ser presente em vários lutadores da WWE.

Até ter sido feito esse trabalho televisivo para lhe dar significado, Myles era um lutador extremamente genérico, que executa muito bem os golpes, mas não tem personalidade e nem presença de ringue o suficiente para dar contexto aos movimentos que apresenta.

E ainda é esta a situação, pois, apesar de entendermos o que ele faz, porque ele faz e, por exemplo, como ele consegue dar Kick Out do finisher avassalador de Femi, na grande maioria do tempo ele é só um CAW vestido de Randy Orton fazendo golpes um pouco mais sofisticados do que os que o filho do Cowboy Bob Orton fazia na juventude.

Então parabéns por terem conseguido entregar uma luta decente no fim das contas, mas fica aqui a reflexão de que muita gente do NXT acaba seguindo uma lógica de linha de montagem que pode pasteurizar demais a grande massa de lutadores que a WWE produz. Para eles pode ser bom, porque vira argila para o molde a escolha do freguês. Mas pode ser ruim também porque se essa argila endurece… as vezes só dá jeito quebrando.

Solta a voz, AJ

Luta merda entre Hendry e Trick, vamos falar mais para frente. Porém, AJ Styles narrou uma hype vídeo (que na minha época era chamado de promo) que falava sobre o legado do título da TNA e dando todo o contexto para o embate entre o homem da viola de seis cordas e o rapper do beat de uma rima só.

Me traz muita felicidade, por mais óbvio que seja, toda vez que AJ Styles se conecta, nem que seja um pouco, de volta com a TNA. Isso é total e completamente pessoal e não tem nada a ver com o que eu acho tecnicamente. Me lembra de quando eu voltei a assistir luta livre em 2008 e descobri, um pouquinho mais tarde, a TNA. Traz à tona aquela época em que tudo é novo e você começa a ver o que existia antes de você entrar nesse mundo, figurativo e literalmente falando.

A relação do Sr Alan Jones e da Total Nonstop Action para mim remete a sensação de descobrir algo fantástico, de lembrar o que antes eu não sabia: que luta livre é foda pra caralho.

MAU

Vingança nunca é plena

Stacks e Tony D se enfrentaram numa luta sobre quebra de confiança, amizade perdida e tudo o que há de bom. Não podia me importar menos.

Esse combate foi calcado na crocodilagem e eu estava calcado no soninho. Muita coisa aconteceu, teve cabeçada no poste, teve gente procurando pé de cabra, teve capanga retornando, mas eu só conseguia pensar em quão doce é o ato de se entregar a inércia e deixar seu corpo entrar num estado de quase coma.

Me desculpe senhor D’Angelo, mas você com essa luta trouxe mais valor ao meu sono e menos valor a essa feud. Combate medíocre, resultado qualquer porra.

Eu acredito

Eu acredito que as pessoas gostem do Joe Hendry e eu mesmo não odeio o rapaz. Ele é esperto pra caralho! O rapaz de um meme foi parar na Royal Rumble, Wrestlemania, NXT e tudo o mais. Agora quando a bola rola, ele fica devendo, simples assim.

Hendry e Trick Williams se enfrentaram pelo título mundial da TNA, a primeira vez que este é disputado dentro de um PLE da WWE. É doido pensar rapidamente com a visão de décadas atrás e perceber o quão impensável essa parceria seria, o quanto WWE e TNA juntas era uma parada cabível somente dentro do Create A Story do WWE Smackdown vs Raw.

Ainda mais inacreditável é pensar que no videogame essa luta talvez tivesse sido melhor. Não, ela não foi desastrosa, acredito que nenhuma desse show realmente foi. Porém, da mesma maneira que a luta anteriormente citada, ela foi um nada. Teve um spot ali, uma gracinha aqui, embalada em um pacote completamente esquecível desse Battelground.

Esses dias têm aparecido muito corte de entrevista com lutadores como Matt Cardona e AJ Styles falando “pessoas não lembrar de lutas, lembram de momentos”.

Eu espero que isso seja verdade porque nem um nem outro foi memorável dentro deste combate, com exceção talvez a cena final de Trick Williams levando o título da TNA e a cara de cu do presidente da Total Ação Imparável Carlos Silva (!) olhando para aqui tudo.

É, Carlinhos… alguém tem que chorar pros moleque rir. Dessa vez sobrou lágrima só pra você mesmo.

FEIO

Menos que a soma de tudo

Eu vi muita gente falando bem sobre esse evento, mas confesso que não vou poder engrossar esse coro.

Ainda que eu tenha tido a sorte de ver o Battleground depois, podendo pular as propagandas e tudo o mais, ainda assim foi, para mim, um evento extremamente maçante e pouco inspirado.

Geralmente a desculpa que usam para coisas assim é que foi um filler, mas aconteceu coisa, as histórias andaram. Acho que quem ficou para trás sou eu.

Acredito que a ordem das lutas possa ter contribuído para isso. Colocar sua melhor lutas, mesmo que justificado ali por conta do segmento depois, no meio do show, sabendo que as lutas subsequentes tinham pouquíssima chance de superar aquele combate é receita para a chateação.

Deu no que deu. Battleground com sorte será esquecido. Se tudo der errado, a gente talvez lembre dele como um evento que apresentou tanto e mesmo assim foi um retorno ao grande nada.

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