WWE Raw – 26/05/2025: Bom, Mau e Feio

Então você quer saber o que rolou de melhor e pior no Raw? Bem-vindo ao Bom, Mau e Feio, onde elencamos os melhores, piores e absurdos pontos deste semanal da WWE. A edição analisada hoje é a do dia 26 de maio de 2025.

BOM

O diabo é o pai da verdade

Não foi preciso ignorar a história, não foi preciso nenhum malabarismo inconcebível, foi preciso somente a lógica, combinada com a mente mais afiada da história do Pro Wrestling quando o assunto é dar nó em pingo d’água. Paul Heyman conseguiu, antes dos 20 min de Raw, elevar o hype de alguém que já é tão bem cotado quanto Bron Breakker e justificar a presença do rei do tsunami Bronson “o fodão da porra toda” Reed numa stable liderada por alguém que ele tentou matar 6 meses atrás.

Primeiro que na WWE esse tipo de coisa nunca foi um impedimento. A parte isso, a lógica é simples: Seth Rollins quer o melhor para o futuro da WWE e ele viu, em primeiríssima mão, o estrago que Reed pode fazer.

O segmento de abertura do Raw é uma das demonstrações mais evidentes do quão promissora é essa Stable. Vamos rezar para que sua longevidade seja em concordância com sua qualidade.

Mundos se chocam rumo a maleta

Em mais uma noite as lutas classificatórias para a MITB geram seus dividendos.

A primeira luta do show de segunda-feira foi um combate veloz, intenso e perigoso entre três monstros do ringue: Penta, Dragon Lee e Chad Gable. Para apimentar ainda mais as coisas, El Hijo del Vikingo, high flyer que está no olimpo do estilo no atual contexto da luta livre mundial, estava na plateia para ver o líder da American Made mais de perto, uma vez que eles se enfrentarão no Worlds Collide.

Foi a eminência desse embate que distraiu Gable e o fez atacar Vikingo. Também foi isso que fez com que Vikingo invadisse a luta e atacasse o wrestler olímpico, abrindo espaço para que Dragon Lee e Penta lhe atingissem com força máxima.

No final o homem sem medo levou a vaga para casa, arrematando Lee com um Canadian Destroyer e Shorty G com um Penta Driver.

Se há algumas semanas eu lamentava a ausência de Fenix no combate de escadas, ao menos teremos seu irmão para trazer sua experiência maravilhosa à luta da maleta.

Outra pessoa experiente que galgou uma vaga nesta luta é Seth Rollins, que venceu Sami Zayn e Finn Balor no main event do show, contando com a ajuda de Breakker, Bronson e um pouquinho de ajuda involuntária de Dirty Dominik Mysterio.

Em um aluta ótima para fechar o Raw, os três lutadores entregaram tudo o que manda o protocolo. Se você quiser ver novidade, não se engane achando que a encontrará aqui. É uma luta igualmente física à primeira, mas totalmente dentro das batidas esperadas quando se vê três veteranos deste calibre. Talvez até por isso funcione tão bem para fechar o Raw e deixe esse espaço negativo em aberto para que caibam, além dos invasores de Rollins, a presença de Dom e Jey Uso, que tentou ajudar Sami, mas acabou tomando de morador.

No fim ainda tivemos CM Punk dando um GTS em Rollins que, apesar de ter vencido a luta, não terminou a luta por cima, sendo humilhado pelo homem que ele derrotou na WrestleMania.

WWE Money in Bebop

2h24 da manhã, eu estou começando a prestar atenção e talvez só agora eu tenha me dado conta de algo que todo mundo já sacou: o tema do MITB é igualzinho o tema do Cowboy Bebop, tanto no apelo visual das silhuetas, quanto no estilo da música!

Ou talvez eu só tenha voltado a assistir Cowboy Bebop pela milésima vez ontem e isso acabou ficando muito fixado na minha cabeça.

Espero que não seja só impressão, pois Spike, Jet, Faye, Ed e Ein são top 5 melhores coisas já feitas por qualquer ser-humano na história das histórias.

E ainda combinaria muito com a temática de falcatrua e malandragem que envolve ter uma maleta do MITB, caçar uma recompensa, ir atrás de uma cabeça a prêmio.

Empolguei.

Kairi venceu

Está, ela não venceu uma vitória assim maiúscula, definitiva. Mas infelizmente a gente aceita o que a vida nos dá.

Até que a pirata das pancadas e Liv Morgan conseguiram se entrosar bem no ringue, tirando o terço final da luta onde houve algumas falhar de ritmo e de execução que infelizmente machucaram o ritmo da luta.

Mesmo assim, acredito que elas mereçam a vaga aqui na parte boa do show. Talvez num futuro exista potencial para uma single dessas duas.

Parece ser o padrão com a Liv: sempre existe potencial para mais. As vezes ela é MVP – não, não aquele –, evidenciado categoricamente em lutas como a Elimination Chamber feminina de 2025 e Royal Rumble 2023, e as vezes ela é só a Liv Morgan, como foi possível ver nos dois reinados medíocres que teve como campeã mundial.

“Ah, mas foi culpa do Triple H!”.

Pode ser, não me importo tanto assim para discutir. O importante é que agora ela está de volta, depois de um breve hiato para ser estrela de cinema, e vai continuar a história de cornear/ser corna com Dominik Mysterio. Ah, ela é campeã de duplas também, mas, novamente, o escritor do Raw parece não se importar com isso.

MAU

Cada dia o seu mal

Cantando luta altão, bicho!

New Day, War Raiders e Creed Brothers conseguiram, com todo a capacidade e talent presente nessas três duplas, fazer uma luta pouco inspirada e de final completamente anticlimática, um combate para preencher card e uma desculpa para que a New Day tenha mais uma defesa de título na sua conta.

Enquanto Road Dogg e John Swikata parecem conseguir escrever as tags do Smackdown com uma naturalidade preciosa, Jonathan Baeckstrom, escritor chefe do Raw, dá a impressão de que enxerga as duplas da brand vermelha mais como uma massa corrida para tapar os buracos entre os assuntos dos quais ele realmente quer falar, ao invés de tratá-los como blocos de construção para histórias e lutas realmente instigantes.

Não sei o que falta nessa mistura para ele entender o potencial que tem em mãos e nem vou tentar descobrir. Cada escritor no seu canto.

Minha função aqui é só apontar a merda que está cheirando e olha, essa aí fede com talento.

FEIO

Às vezes proteger machuca

A primeira triple threat do show aconteceu enquanto eu e Joker estávamos gravando o Tercera Caída desta semana, então você pode imaginar a minha surpresa quando vi a grotesca cena em que Chad Gable cai de cara no ringue após tomar um tipo de Double Underhook Facebuster de Penta, golpe este que, anteriormente, era um Double Underhook Piledriver.

Como sabemos, piledrivers são banidos na WWE a menos que você seja o Undertaker ou o Kane – ou o Kevin Owens, agora. Então sobrou para Penta tentar adaptar este golpe enquanto tinha Dragon Lee num Gory Special em suas costas.

Podia ter custado a carreira ou a vida de Chad Gable, um protecionismo que dura quase 30 anos e que, talvez, nem tenha protegido tanta gente assim, mas somente alimentado uma Kayfabe que mais engessa os lutadores do que os liberta.

Espero que Gable esteja 100% e que nenhum comentarista idiota tente algum argumento canhestro de “aí, o Penta não é safe” ou qualquer bobagem do tipo.

As vezes golpes simples acabam machucando. Gable e Lee terem saído bem deste spot é mais um testamento a habilidade de Pentagon Jr do que um ataque a suas gritantes proficiências no ringue.

De qualquer maneira, fica a reflexão sobre os perigos da luta livre.

Reizinho da sucata ou o abandono de Dragon Lee

As propagandas da WWE para o Worlds Collide já demonstram de maneira vexatória como a empresa de Stamford tem uma visão completamente limitada e estereotipada do que é a Lucha Libre. Já tínhamos antes um retrato do quão obsoleta é a visão da WWE quanto ao que forma um luchador.

Agora, sabe o que é mais estranho nesse angu de ansiedades? O fato de que Dragon Lee, um dos lutadores mais talentosos a serem exportados do México para a empresa da TKO, estar completamente dentro do molde do que a WWE enxerga no arquétipo de um luchador, ter todas as características para ser bem-sucedido dentro da empresa, mas simplesmente ser delegado a bucha de canhão. É só ver como, em dois anos seguidos, o lutador não teve nem a chance de lutar na Wrestlemania, apesar de estar do lado de Rey Mysterio nas duas feuds e, teoricamente, ser o parceiro do lendário luchador em suas empreitadas.

Na WM 40, Lee foi atacado e substituído por Andrade. Na 41 Rey Mysterio se machuca, porém, a WWE escolhe colocar Rey Fenix no lugar de Mysterio, e relegar Lee novamente a não participação.

Uma triple threat como a vista neste último Raw é um tapa na cara do tamanho desperdício cometido pela WWE quando limita Dragon Lee a tão poucas oportunidades. O maior título que este talento, essa máquina de luta livre, ganhou na WWE foi o título norte-americano.

Fica para você pensar aí, se você gostar de fazer esse tipo de coisa.

Amanhã a gente se vê.

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