Como manda a tradição do Ano Novo, a AEW está apresentando um produto diferente em 2023, e podemos afirmar que está muito melhor.
Desde 4 de janeiro, os shows da All Elite contaram com uma série de mudanças que incluem novos gráficos, produtores, estrutura e muito mais. E a “Nova AEW” já parece surtir efeito, tanto no agrado dos fãs quanto nos números.
É claro que essas mudanças precisaram de um empurrãozinho, que veio do consenso (ou ordem) da Warner Bros. Discovery que junto à Tony Khan entenderam que era necessário mudar drasticamente os ares da programação da AEW em 2023. Os números da empresa de Jacksonville apresentaram recuo pela primeira vez neste 3º ano de existência, diante de um ano repleto de crises e inconsistências. Sim, estávamos certos, mas a lua de mel dos fãs com a empresa fez com que demorassem a “entender” isso.
Mas vamos falar das mudanças.
As duas grandes mudanças que foram anunciadas pela AEW, antes mesmo de vermos na prática, foi a chegada de um novo cenário e a nomeação de um novo Produtor Executivo. Ex vice presidente de Produção Global de TV na WWE, Mike Mansury chegou como Vice Presidente Sênior e Co-Produtor Executivo da empresa.
Sobre as mudanças, o mandatário Tony Khan afirmou o seguinte:
“O wrestling vai ser os mesmos grandes lutadores e os mesmos grandes fãs, mas é em uma nova cidade, Seattle, e o visual, as mudanças no set e a apresentação serão mudanças que vamos manter. Estou realmente ansioso para o novo visual para o show. Eu acho que, no wrestling, quando você promete demais, você pode decepcionar as pessoas. É um conjunto e uma apresentação. No final do dia, a coisa mais importante é o que os fãs trazem, o que os lutadores e a equipe da AEW e da equipe trazem toda semana, mas o visual do show também é importante e vai ficar muito legal.”
Neste caso, a promessa foi cumprida e muito mais, pois a mudança não parou por aí. A qualidade das novas produções é perceptível nos mínimos detalhes, como a mudança do posicionamento da hard-cam. A chegada de Renee Paquette também trouxe um brilho necessário no show, com suas entrevistas de bastidores em uma condução dinâmica e carismática. Nada contra Tony Schiavone, mas o trabalho precisava de uma divisão.
Ainda um pouco nesse tópico, a transição do show evoluiu demais com Mike na cabine de produção, com menos cortes abruptos e maior profundidade no conteúdo apresentado. Isso incrementa a transmissão, pois permite o fã respirar entre uma luta e outra. Assim como também auxilia no controle da minutagem do show.
“Há muita coisa para construir” – Mike Mansury sobre a AEW
O elenco [da AEW] está cheia de estrelas. Estrelas esperando para realmente serem liberadas. Jade Cargill é alguém que, lembro-me de vê-la pela primeira vez, eu mandei uma mensagem para Mark Henry porque Mark Henry era basicamente responsável por descobrir Jade. Eu disse: ‘PQP. Esta é uma estrela’ e eu nem acho que nós arranhamos a superfície na apresentação de Jade. Ricky Starks, outro jovem incrivelmente talentoso. O cara sabe falar, o cara sabe trabalhar. MJF é desnecessário dizer, mas não muito para melhorar, mas realmente ter a chance de trabalhar com alguém tão dedicado ao ofício como MJF. Estou muito animado com isso. Será ótimo trabalhar em conjunto novamente com a FTR. Honestamente, há tantos para nomear e eu não quero ofender ninguém… Eu só estive aqui por cerca de uma semana, mas honestamente Renee [Paquette], novamente, estávamos falando sobre o NXT de antemão, eu tenho a mesma sensação de que há tanta coisa lá fora para construir e tudo é tão cru, você sabe o que eu quero dizer? É cru e apenas esperando que as pessoas apliquem os toques certos ou o que quer que seja ou para ajudar esses homens e mulheres a descobrir quais são as peças que faltam que precisamos acentuar e quais são as peças que precisamos ajustar.
Mike Mansury sobre o elenco da AEW
Outro fator predominante no aumento da qualidade do produto é a nova iluminação da arena e do ringue, com muito mais luminosidade e riqueza de cores. É impressionante como parece até um novo público, obtido apenas com um simples tom diferente e um brilho a mais. A iluminação torna o produto mais vivo, pois os seus olhos estão mais atentos ao conjunto como um todo.
A única crítica talvez seja a escolha do azul e vermelho, que faz muito sentido por serem as cores mais “lembradas” no mundo do wrestling, mas acaba sendo inevitavelmente uma semelhança ao produto da WWE, como o Main Event ou o famigerado RAW Supershow. Combina muito mais com a AEW o preto e amarelo, e dava para explorar essas mudanças com as mesmas cores.
Mudança refletida na audiência
Sim, tivemos apenas dois shows em 2023, mas ainda assim, vimos já um aumento na audiência de um show para o outro. Segundo o Wrestlenomics, o show obteve 967.000 espectadores na média, com 429.000 na faixa etária de 18 a 49 anos, com um rating de 0.33. Essa é a faixa que importa, curto e simples.
Esse número representa um aumento de 12% na audiência total, e um aumento de 28% na faixa de 18-49, se comparado à semana passada. A maior audiência do Dynamite desde 26 de outubro, e a maior taxa de 18-49 desde 28 de setembro.
Um fator importante que contribuiu para isso foi o “Efeito Mercedes”, pois os fãs estavam com a expectativa de que a ex-WWE apareceria no show.
Mercedes Moné não apareceu, mas a audiência se manteve estável durante todo o show, o que demonstra que o interesse dos espectadores parece estar positivo. Ainda é cedo para tomar qualquer conclusão, mas tudo indica que um bom caminho.
Todos esses fatores mostram que, diferente de janeiro de 2022, há motivos para ser otimista diante do que decidimos chamar de “Nova AEW”. Existem muitas coisas a serem melhoradas, mas agora isso é algo reconhecido internamente por quem decide as histórias, e há capacidade suficiente para lapidarem os diamantes brutos da empresa.
É claro que, como sempre no mundo da luta livre, tudo pode mudar a qualquer momento. Mas diante do nosso histórico de acertos, o fã da AEW pode ficar feliz.
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