A expansão da AEW não tem nada a ver com os erros da WCW

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Desde sua chegada, para tudo que a AEW faz, surge a inevitável comparação com a finada WCW. É compreensível, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. E agora, com a expansão da AEW, as pessoas temem que isso culmine no fim da empresa. Quem pensa assim está equivocado.

A cada decisão feita pela AEW, e principalmente a cada acerto, fica muito evidente que um dos únicos pontos em comum das duas empresas é a TNT. Nesse texto vou trazer alguns pontos de comparação relevantes para a mistura.

O comando da empresa

Para mim, esse é o principal ponto de diferença entre as duas. Enquanto na WCW tínhamos Ted Turner como o CEO, na AEW esse papel é de Tony Khan. Apesar de ser um dos nomes mais importantes da história do wrestling – e isso quem fala é o próprio Tony Khan – era impossível para Ted Turner conseguir dar conta de cuidar de suas emissoras e do produto da WCW ao mesmo tempo. Ainda que ele tenha trago Eric Bischoff como presidente, e isso fez com que a WCW tornasse um produto decadente em algo lucrativo, a desconexão entre eles era um problema sério.

E isso não acontece com a AEW, pois Tony Khan está totalmente focado no produto que oferece. Mesmo que Khan tenha outros empreendimentos importantes, a paixão dele pela luta livre o mantém enraizado no negócio. Tenho plena certeza que se Ted Turner tivesse como gerir mais de perto a WCW, ela estaria de pé até hoje.

A competição

Vince McMahon pode até tentar convencer os investidores que não vê a AEW como competição, mas as guerras de quarta-feira falam o exato oposto. E é importante notar que a AEW venceu essa batalha, mas talvez nunca ganhe a guerra. Nisso, Tony Khan acerta em tratar essa briga de forma respeitosa, sem qualquer situação hostil como na época da WCW. Você até vê uma indireta aqui ou acolá, mas nunca um ataque direto ao produto rival, como Eric Bischoff fazia quase toda semana no WCW Nitro. Não há necessidade. Essa briga é sobre aumentar o tamanho do bolo, e não roubar um pedaço da fatia do outro.

Você não viu e nem verá a AEW comemorando o fato de ter ganho a guerra das quartas. É apenas um fato. Mas também não se engane, Vince certamente acompanha de perto. E é aqui que eu vou contradizer tudo que eu mesmo disse até agora, pois a WWE não compete com a AEW. Vince não está errado quando diz que a WWE compete contra tudo. Mas a AEW sim compete com a WWE, isso precisa ser considerado em qualquer comparação. Como esse é um texto sobre a AEW, deixarei a explicação sobre quem a WWE compete para um outro texto.

As contratações

Outro ponto crucial, e um dos que mais confundem a AEW com a WCW. Entendam, a AEW está em constante e controlada expansão. Desde a primeira saída da WWE para a AEW, com Jon Moxley, a comparação começou. O curioso é que das mais de 100 demissões que a WWE fez desde então, menos de 15 talentos de fato pularam esse barco. As pessoas vivem muito mais da especulação do que da realidade.

Dito isso, já sabemos que a AEW, diferente da WCW, não é uma triagem de ex-WWEs. E aqui entra outro fator importante: as finanças. A AEW não tem nenhum super salário. Mas não que isso fosse ser um problema pra bilionária família Khan. É muito seguro afirmar que o projeto de expansão da AEW está sob controle e muito longe do que a WCW fez. Nesse aspecto, a WCW era um carro em rota de colisão com a WWE, mas como qualquer carro que bate em um caminhão, foi ela quem teve o maior prejuízo.

As decisões

Não só a WCW contratava todo mundo que queria sair da WWE, como também davam liberdade criativa para o lutador. Isso fez com que o show virasse uma tremenda bagunça. Quando essa crise criativa se somou à chegada de Vince Russo, tudo piorou. Já na AEW, o controle criativo é centralizado e muito conciso. De forma a utilizar bem o tempo de TV, ao mesmo tempo que maximizar o crescimento da companhia. Bem, nem tanto também, pois a divisão feminina da AEW é uma piada. Os programas Dark e Elevation surgiram para cobrir esses buracos, ao mesmo tempo que desenvolvem jovens talentos.

Tony Khan diz aprender bastante com Vince McMahon dos anos 80, onde ele faz questão de falar pessoalmente com os talentos que quer contratar. Muitas reuniões, negócios fechados e tudo mais. A única coisa que ele faz questão de ser diferente é no fato que Vince competia na base de encerrar as competições. Comprar empresas regionais deu muito certo para Vince, mas Khan prefere um modelo onde todos saem ganhando.

O projeto de expansão da AEW está no caminho certo

Enfim, não há o menor motivo para que se compare a AEW com a WCW. Nem com a TNA. Nada se compara. É a primeira vez que uma alternativa à WWE funciona de verdade, e a cada decisão tomada, a AEW parece estar trilhando o caminho que deseja alcançar. Tony Khan diz que a AEW foi um projeto que ele começou a escrever há 25 anos, assim como o Rampage é um projeto que ele vem desenhando há 10. Tudo ali foi muito bem planejado para acontecer, e com a ajuda do acaso, o sucesso da AEW cresce a cada dia.

No final de tudo, quem sai vitorioso disso somos nós, os fãs.

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