13 de julho comemora-se o Dia Mundial do Rock, e para prestigiar a data, trago para vocês 13 bandas com lutadores, uma mescla entre música e wrestling, entre palcos e ringues. Não se trata de uma lista do pior ao melhor colocado, são apenas 13 nomes que seguem os seguintes requisitos: originalidade, consistência e vida paralela ao esporte.
Por isso, bandas cover como a de Chuck Palumbo (3 Spoke Wheel), bandas que fizeram alguns poucos shows e logo acabaram como a da Chyna (The Chynna Dolls) ou que existiam apenas antes do estrelato dos lutadores como a de Grado (Prezident Prime) não entrarão. Não importa qual estilo você goste, tem banda para todos os gostos.
Quer uma dica? Escute o som das bandas enquanto lê os textos. Feliz Dia do Rock!
PeroxWhy?Gen
Com um nome tão enigmático quanto esse, a banda só poderia ser do Jeff Hardy. Impronunciável a um primeiro olhar, o nome foi escolhido após o lutador ir ao banheiro e dar de cara com uma lata de aerossol de peróxido, que dentre outras utilidades, serve para limpar ferimentos. Com esse sentido de cura ele combina com a palavra oxigênio, algo de suma importância para todos nós, e coloca um “why?” (“por quê?”) entre elas.
Sendo assim, o jeito de se falar pode ser o mesmo que “peroxygen”, mas também da forma que você achar correta, Hardy deixa em aberto para termos essa liberdade de escolha. Parece complexo, mas se você conhece o som da banda e também a carreira artística de Jeff Hardy, que não se restringe apenas ao pro wrestling, você sabe que se encaixa muito bem.
A PeroxWhy?Gen teve inicio em 2003 na Carolina do Norte, com seu espírito alternativo desde o principio. Além de Hardy, o lutador Shannon Moore, companheiro dos OMEGA Boyz, também fez parte da fundação da banda na parte de produção sonora e nos vocais. Um rock instável, misterioso e exótico, sem uma rotulação precisa de gênero, tão inconstante quanto Jeff Hardy em si.
A PeroxWhy?Gen acompanhou os altos e baixos da carreira do lutador, detalhando subliminar e explicitamente a batalha que teve contra as drogas e a sua retomada ao topo. De certa forma, a banda o ajudou a se salvar, dando espaço para ele declamar seus poemas e livrar-se de suas angústias ao depositar sua alma nos vocais. Com três discos lançados, alguns EPs e inúmeras músicas temas utilizadas por Jeff enquanto wrestler, a PeroxWhy?Gen continua ativa até hoje.
Hulk Hogan and the Wrestling Boot Band
Muitos dos lutadores da antiga WWF já tentaram uma chance na música. Terry Funk, Jerry Lawler, “Classy” Freddie Blassie, Jesse Ventura, Roddy Piper, Randy Savage, Captain Lou Albano, entre outros, já gravaram álbuns com seus nomes. Com a popularização da empresa após o boom dos anos 80, a ideia de interação entre lutadores e outros meios do entretenimento se tornou constante.
Hulk Hogan, o principal rosto e músculos da era dourada do wrestling, alavancou sua fama ao explorar suas (contestáveis) veias artísticas protagonizando filmes, desenhos animados e mais tarde, formando a banda Hulk Hogan and the Wrestling Boot Band. O lutador já fez parte do rock’n’roll sendo o baixista da banda Ruckus, que teve fim quando sua carreira na luta livre deslanchou. Com o álbum “Hulk Rules“, ele retorna para a música em 1995, assumindo os vocais e o seu bom e velho amigo contrabaixo.
Na Wrestling Boot Band, temos também a presença do manager da WWF Jimmy Hart e do músico J. J. Maguire, que dentre outros fatos foram os criadores da música tema de Shawn Michaels, além da então esposa de Hogan, Linda Bollea. As letras refletem a persona que víamos nos ringues, descrevendo de forma narcisista sua força e todo seu patriotismo.
No meio de tudo isso, há espaço até para uma homenagem na faixa “Hulkster in Heaven” para uma criança fã do lutador, ao qual ele teria conhecido no SummerSlam que ocorreu em Londres e que teria morrido antes de sua luta começar, deixando apenas um lugar vazio. Música bonita e tocante (brega é a palavra certa), tirando o fato que Hogan nunca participou dessa edição do SummerSlam por nem fazer parte mais da empresa na época, aliás, nem de fato lutando na cidade naquele ano…
Mais uma das histórias famosas de Hogan, como a que ele afirmava que fez testes para o Metallica depois da morte de Cliff Burton. É um álbum bem mal visto por muitos fãs, mas ele consegue capturar muito da atmosfera cartunesca do que foi o wrestling um dia. A música “American Made“, grudenta até o último nível, se tornou o tema de entrada do Hulkster na WCW.
Droch Fhoula
A carreira de Vampiro beira os 30 anos, sendo mais famoso por sua passagem pela WCW. Foi batizado como “Vampiro Canadiense” em seu começo de carreira na CMLL pelo então presidente da federação Paco Alonso (falecido na semana passada), que o acolheu mesmo ainda sendo um estrangeiro bem limitado nos ringues. Depois disso, levou consigo sua alcunha em espanhol pelas empresas que teve passagem no Japão e EUA.
O lutador carregava em si a personificação de uma subcultura alternativa, com um estilo amedrontador que transponha suas próprias crenças no ocultismo. Sobre o envolvimento de Vampiro com a música, antes de ser wrestler ele já foi guarda-costas da dupla pop Milli Vanilli, que tem grandes similaridades com o kayfabe e as tragédias da luta livre. Como cantor, ele teve suas primeiras experiências no mundo do rap, até formar sua banda de industrial metal, a Droch Fhoula.
A banda é basicamente a extensão espiritual de Vampiro. Ao lado de dois guitarristas, Grave Digger e Vlad Blake, o lutador assume os vocais desde a sua formação no ano de 2006, na Cidade do México. O nome Droch Fhoula tem relação com a origem irlandesa do Conde Drácula, o que complementa e encaixa perfeitamente com a atmosfera gótica ao qual eles querem criar.
A música, por sua vez, é intensa, pulsante e mesmo assim, sombria. Há um pouco daquela sedução vampiresca clássica, ao mesmo tempo em que temos uma batida contemporânea com o peso do metal. Em 2007, o álbum “Alter Deus” é lançado, e desde então a banda vive na penumbra, à espera de ser acordada novamente de seu sono profundo.
Black Kites / Altered Boys
Jeff Cannonball é um dos espíritos das florestas da CZW, o antro das inconsequências contra o corpo humano, o que o torna totalmente desconhecido para a grande maioria de fãs casuais do Raw e Smackdown. Fincar agulhas na testa, ser jogado em um bloco de cimento e outras atrocidades que as deathmatches podem nos proporcionar, não é algo que a família conservadora acata muito bem. Assim como no wrestling, seu som também é ultraviolento, os berros de Cannonball ecoavam nos microfones da banda Black Kites, como uma bordoada consentida em nossos ouvidos.
A banda de Jeff, assim como ele próprio, levantava a bandeira do straight edge e do veganismo. A Black Kites teve seu fim em meados de 2012, mas em pouco tempo Cannonball entra para a Altered Boys, dessa vez como baixista. A meu ver, o som de sua nova banda é um pouco menos agressivo quanto à antiga, talvez até por ele não ser o vocalista, mas de forma alguma há falta da essência punk, não necessitando de muito mais que dois minutos para passar seu recado. Hardcore no wrestling, hardcore na música, o submundo vive em Jeff Cannoball.
God’s Hate
Fazendo sua estreia em 2015, Brody King tem uma curta carreira na luta livre, porém já deixou seu rastro por diversos locais, com uma boa e rara mistura entre força física e agilidade. Já passou pelos ringues da NWA, MLW e PWG, estando atualmente contratado pela ROH, ao qual integra a Villain Enterprises ao lado de Marty Scurll e PCO, o que o levou também a participar de lutas da NPJW em solo americano e no Best of the Super Juniors ’19 no Japão.
Intimidador, o corpo repleto de tatuagens e a personalidade obscura já demonstram muito do que Brody faz paralelo ao wrestling. Ele é vocalista de uma banda de hardcore com a alcunha amigável de God’s Hate.
Por conta do wrestling, o lutador teve que deixar de lado um pouco seu lado musical que sempre cultivou, mas nunca esqueceu por completo. Seus quase dois metros de altura refletem uma voz brutal e feroz, assim como o som de sua banda. Criticando a religião e declamando ideais do straight edge, ao qual o próprio lutador é “devoto”, a God’s Hate está na ativa desde 2013.
O álbum de estreia da banda, intitulado “Mass Murder”, saiu em 2016, arrancando ótimas criticas dos fãs do gênero, assim como os EPS que o antecederam. No circuito independente, Brody usava a música “Divine Injustice” da banda em suas entradas até o ringue, o que ajudava a criar mais densidade ao seu personagem.
Deadlift Lolita
Deixando um pouco de lado essa atmosfera pesadamente metalizada, vamos trazer um pouco de kawaii metal, estilo que pode ser amado, incompreendido ou odiado pela estranheza que nos traz a mistura do heavy metal com a pureza do j-pop. A meu ver chega a ser algo bem capitalista e até manipulador, uma fábrica de criação de ídolos, mas a música é tratada dessa mesma forma em inúmeros gêneros.
A banda de kawaii metal mais famosa é a Babymetal, mas não muito atrás conseguimos ver também o sucesso causado pela dupla formada por Ladybeard e Reika Saiki, a Deadlift Lolita.
A vida de Richard Magarey, mais conhecido como Ladybeard, é tão singular como a forma que ele se apresenta. Ele nasceu na Austrália, mas acabou indo pra Hong Kong para começar uma carreira como dublê em filmes de arte marciais, ao qual não obteve muito sucesso. Em um show de metal, ele se depara com um sujeito vestido com uma camiseta de uma empresa chamada Hong Kong Wrestling Federation.
Ele já tinha interesse pela luta livre, pois era um espaço onde se misturava artes marciais, atuação e caracterização de personagens, mas não havia tido oportunidade de ser um lutador antes daquele momento. Magarey já tinha uma predisposição ao crossdressing, costumava se vestir com roupas femininas em festas e shows de rock ainda em seu país natal, por simples diversão. Batizado como Ladybeard, uma garota de cinco anos dentro de um corpo de um homem de 30, ele obtém fama nos ringues honcongueses quase que automaticamente ao se vestir como uma lolita.
Aproveitando sua fama como lutador, ele também chama atenção do público se apresentando com uma banda de metal fazendo covers de músicas pop chinesas, vestido também como Ladybeard. Em uma turnê pelo Japão, ele resolve se mudar para lá e continua sua carreira como wrestler e músico, onde encontra enorme sucesso no país ao fazer parte da sua primeira banda de kawaii metal Ladybaby.
Vamos focar agora um pouco na outra metade da dupla, a adorável Reika Saiki. Ela é uma fisiculturista que ficou famosa ao fazer cosplay da Chun-Li do Street Fighter, além de lutar em algumas federações de wrestling no Japão. O caminho dela cruza com Ladybeard quando lutavam na mesma empresa.
O grupo Ladybaby acaba e os dois decidem juntar a força de suas famas, criando assim em 2017 a Deadlift Lolita, sem abandonar suas carreiras como lutadores. São tantas combinações em uma só banda que acabamos perdidos, é muita informação para minha cabeça ocidental.
Enquanto Reika traz uma doçura asiática em sua voz envolta em músculos bem definidos, temos Ladybeard de vestido com seus vocais guturais, sem contar a banda de apoio que produz um som rápido, animado e pesado. Nesse exato fim de semana (13 e 14 de julho/19) fazendo algumas apresentações em São Paulo.
Surf Rock Enmascarado
Muitos vão me criticar pelo que eu vou fazer agora, mas não pude me conter. Em um texto sobre bandas com lutadores, vou falar de um subgênero que não tem necessariamente algum músico com vida paralela aos ringues. Isso é quase como ir contra as regras do Clube da Luta, mas eu citei de uma só vez duas bandas do Jeff Cannonball momentos atrás, então me dê um desconto.
O surf rock surgiu por volta dos anos 60 embaixo do calor das praias californianas, trazendo uma sonoridade única pelo ritmo envolvente de suas guitarras fluídas. Sua vertente instrumental, mais liberta e alucinante, foi pavimentada pelo guitarrista Dick Dale, que teve sua fama renovada após fazer parte da trilha sonora de Pulp Fiction em 1994. Muitas bandas que continuavam a propagar o ritmo naquela época pelos EUA acompanharam esse sucesso, tal como a Los Straitjackets.
O líder e guitarrista Danny Amis, que quando criança assistia os filmes de El Santo, resolveu revisitar suas raízes em uma viagem ao México. Com uma ideia na cabeça e algumas máscaras de lucha libre na mala, ele reestrutura o visual da banda, que dali por diante se apresentaria com ternos e rostos “enmascarados”. Estava criada uma tradição.
É uma combinação estranhamente perfeita. Em um gênero tão quente onde raramente se há letras e vocais, usar uma máscara diz tudo: cultura, história, vivacidade. Danny Amis afirma que tocar com o rosto coberto lhe dá espaço para maiores improvisações na guitarra, como se abrisse uma nova dimensão resumida entre ele e o instrumento. Inspiradas pelos Los Straitjackets, surgem pelos próximos anos várias bandas do então surf mexicano.
Uma delas, a mexicana Los Elásticos, traz não só a estética da lucha libre, mas o respeito por saber o peso da tradição que eles carregam. Igual a um autêntico luchador, eles não revelam as identidades embaixo de suas máscaras (azuis como a de Blue Demon, por sinal), honrando seus personagens no mundo da música. Eles têm algumas conexões com o wrestling, o baixista é filho de um luchador, assim como umas das dançarinas que incorporou a Chica Elastica, que é neta de Murciélago Velázquez, uma lenda no país.
Outras bandas mascaradas de surf com máscaras que eu posso citar superficialmente são Lost Acapulco, Sr. Bikini, The Mexican Weirdoh’s e por ai vai. Fantástico ritmo, que não precisa de um lutador como músico para fazer parte dessa lista. As bandas conseguem ir além, personificando o espírito da lucha libre em seu rock’n’roll.
VëxTemper
Existem lendas que não precisaram da WWE para construir seu nome no wrestling profissional. Apesar de ter tido uma passagem bem curta na empresa, Frankie Kazarian nunca dependeu dela para ser alguém nos últimos 21 anos. Ele foi peça essencial do auge da TNA, na época em que a federação aparentava ser competição séria contra a WWE, além de abrilhantar os ringues da ROH e da PWG.
Sempre estando às margens do mainstream, Kaz aproveita toda a liberdade criativa que o cenário independente lhe oferece, tanto que sua roupagem de “Heavy Metal Rebel” reflete muito de sua própria personalidade.
Um headbanger desde sempre, obviamente que o lutador não se contentaria em apenas ouvir o gênero e formou sua própria banda, até porque ele não estaria nessa lista se assim não fosse. Com forte influência no thrash metal dos anos 80, principalmente do Metallica (banda favorita de Kazarian), surge a VexTëmper.
O pro wrestler assumiu para si o contrabaixo e ajudou a popularizar o seu próprio som na luta livre, usando as músicas da banda como temas da tag The Addiciton e posteriormente da SoCal Uncensored. O veterano conseguiu conciliar suas duas paixões, lançando em 2017 o álbum de estreia da Vex, intitulado “Doom Engine“.
Como a imensidão e imponência dos desertos ao sul da Califórnia, Kazarian tenta deixar sua marca no heavy metal assim como fez no wrestling, de forma alternativa, discreta e passional.
UltraMantis Black
Com grande influência da lucha libre e do puroresu, a Chikara é uma federação conhecida por trazer comédia para o indie wrestling, através de seus eventos e dos seus lutadores com gimmicks excêntricas. Um deles, que esteve na primeira luta da fundação da empresa, foi UltraMantis. Em qual outro lugar um ser de uma raça insectoide cósmica lovecraftiana, líder da Ordem do Templo Neo Solar, teria oportunidade de apresentar todo seu conhecimento avançado para nós, pobres terráqueos?
O respeito do homem atrás da máscara, que nunca de fato revelou sua identidade, faz com que UltraMantis Black verdadeiramente exista, construindo assim um personagem magnífico e intrigante. Lesões na perna o forçaram a se aposentar depois de uma década, mas ele ainda se apresenta ocasionalmente nos ringues em diferentes países.
Nesse meio tempo, o destino de Mantis acarretou em novos projetos, levando-o à frente de uma banda de hardcore que leva seu próprio nome.
Mostrando que CM Punk está longe de ser o único straight edge na luta livre, UltraMantis também é adepto do estilo de vida e sua banda compactua com o subgênero. Em colaboração com os músicos da Pissed Jeans, ele espalha mensagens inquietantes sobre os detentores do poder que nos escravizam, a urgência de salvarmos a Terra, veganismo e outros assuntos de cunho social.
UltraMantis Black, a banda, é um grito comunista, uma verdadeira declaração de guerra e reflexão, direta ao ponto. Com um peso do grindcore, lançaram dois álbuns em sua história, um em 2014 (“UltraMantis Black“) e outro em 2016 (“They Make Plans to Poison Us“).
Diante de tudo isso, esquecemos um pouco do humor do personagem enquanto lutador e ficamos de frente de um profeta mascarado do apocalipse.
Junior
Você pode falar o que quiser sobre o Impact Wrestling, mas temos que admitir que a X Division sempre foi algo maravilhoso de se ver. Assim como o 205 Live da WWE, uma compilação de lutadores espetaculares repleta de golpes elaborados e minuciosos em agilidade máxima.
Mark Andrews, ou Mandrews como pode ser lembrado em seu tempo na TNA, é um dos grandes nomes dos cruiserweights da nova geração. Lutou em várias federações do território indie europeu de wrestling antes de vir para a América explorar o que ali tinha de melhor a lhe oferecer. Em 2017, Mark foi convocado para o WWE United Kingdom Championship Tournament, ao qual chegou até a semifinal e não se consagrou vencedor, mas que ao menos o levou de volta ao seu continente natal fazendo parte atualmente da extensão britânica da NXT.
Mesmo assim, ser um pro wrestler com uma grande versatilidade não é o suficiente para Mark Andrews, ele também se arrisca no mundo da música sendo o baixista e vocalista da Junior, uma banda de pop punk com uma leve nostalgia no movimento emo.
Sendo o Blink 182 do “wrestlingcore” (tenho que registrar esse termo o mais rápido possível), eles cantam sobre as angústias adolescentes no mundo adulto, uma energia livre e jovial que de certa forma se assemelha muito com o estilo de luta de Andrews.
A WWE mostra até certo apoio na carreira musical de seu lutador, tanto que postou uma nota sobre o lançamento do single Day of the Dead e um vídeo de Pete Dunne atacando Andrews após um show, além de permitir que ele continuasse com a música “Fall to Pieces” da Junior como seu tema de entrada.
Em menos de um mês sai o álbum de estreia “Beautiful Life” da banda (eles lançaram “Juniorland” em 2015, mas era um EP), vamos ver o que Andrews tem para nos mostrar.
The Luchagors
Temos aqui uma banda com uma lutadora no comando, uma das melhores que já existiu, por sinal. Lita foi revolucionária para a divisão feminina, trouxe prestigio para as mulheres, trouxe destaque, trouxe respeito.
Seu corpo era muito mais do que um objeto de desejo, era um pincel que criava arte através dos movimentos arriscados que fazia. A vencedora do primeiro evento principal feminino da WWE, Lita conseguiu traçar um novo caminho para as mulheres em um ambiente tão masculinamente tóxico como o pro wrestling.
O impacto que teve em seu corpo a fez aposentar dos ringues em 2006, o que a levou a ir para diferentes direções artísticas. Ela namorava o guitarrista Shane Morton na época, o que culminou na banda The Luchagors.
Sua adolescência foi moldada em clubes alternativos de punk rock, “a religião e a escola” de Lita como ela própria afirma. Fez parte de algumas bandas locais, mas nada tão significante que a fizesse desviar da carreira que viria a seguir na luta livre.
Com 32 anos de idade, Lita volta as suas raízes sendo a frontman de uma banda com toda influência da áurea hardcore e pop punk da década de 90. Em sua última luta na WWE (até então) no PPV Surviver Series ’06, Lita vestia uma camiseta com a estampa da Luchagors, um prelúdio do que estava por vir. A banda lança seu único álbum em 2007 e chega a sair em turnê ao lado de bandas como o NOFX e Bad Religion, grandes nomes do gênero e certamente ídolos da lutadora.
A qualidade da voz de Lita pode até ser questionável, mas junto com a sua banda ela cria um som que desperta o adolescente inerte em cada um, música para sair batendo cabeça e se movimentar livremente para todos os lados.
A banda teve seu fim em 2014, mesmo ano em que Lita merecidamente entrava para o WWE Hall of Fame.
The High Crusade
Se analisarmos o quesito de lutadores em uma banda, The High Crusade supera qualquer uma citada nessa lista, sem a menor sombra de dúvida. De seus cinco integrantes, três são lutadores, grandes nomes da época de ouro da TNA.
Na guitarra, temos o “Canadian Destroyer” Petey Williams, Chris Sabin no baixo e assumindo os vocais temos a outra parte da dupla Motor City Machine Guns, Alex Shelley. Artistas do ringue tão sensacionais, não tenho ideia como os três arranjaram tempo para formar uma banda, mas ainda bem que conseguiram.
Em novembro de 2008, houve o nascimento da The High Crusade.
Cada um traz a bagagem musical de sua época de escola, esquecida um pouco pelo total foco em crescerem no wrestling profissional. Eles se definem apenas como uma banda de rock’n’roll e é bem isso que eles fazem, um som a altura do prestigio construído pelos três no wrestling, moderno ao mesmo tempo que clássico.
The High Crusade foi batizada com o mesmo nome de um livro de ficção cientifica de 1960, porque… Bem, porque eles acharam o nome legal para a banda. Eles lançaram o álbum “It’s Not What You Think” exatamente em 7 de setembro de 2010 e desde então a banda vive um hiato, mesmo sem anunciar um definitivo término. Soltaram em 2014 o single “Automation Alley” e desde então, nenhuma novidade para os fãs.
Acredito que enquanto a amizade de Williams, Sabin e Shelley continuar, sempre haverá uma jam no estúdio da banda e ela terá sobrevida, mesmo que seja para eles próprios.
Fozzy
Chris Jericho dizia ser “o melhor do mundo no que ele faz”, e até certo ponto, ele não está errado. No wrestling, continua bastante relevante em seus quase 50 anos de idade, e na música, caminha uma trilha longeva sendo o frontman da Fozzy, a banda mais famosa de toda essa lista.
Antes de qualquer coisa, tem de ser dito que Y2J é fanático por rock’n’roll, por vezes conectando essa paixão com a luta livre. Seu ringname, por exemplo, foi retirado do álbum “Walls of Jericho“, da banda Helloween. Entre inspirações e aspirações, ele participava do mundo da música através de colunas em revistas e programas de rádio, algo que era mais compatível com sua carreira agitada como lutador.
Por fim, em 1999, Jericho é convidado a participar de um projeto musical como vocalista, algo que não seria permanente. De fato, pelo nome de estreia da banda, Fozzy Osbourne, já se demonstrava um tom mais cômico e descontraído. Só no ano seguinte, Chris retorna e a banda toma uma atitude mais séria.
Bem, mais ou menos… Dessa vez ele traz o mundo do wrestling para o rock se tornando Moongoose McQueen, um músico egocêntrico e sarcástico que não tinha a menor ideia de quem Chris Jericho seria, além de criarem um passado fictício super elaborado para a banda.
Mesmo assim, com o nome da banda rebatizado para simplesmente Fozzy, eles gravam seu autointitulado primeiro álbum, que assim como o próximo que viria dois anos depois (”Happenstance“), era basicamente uma coletânea de covers. Pudemos ser testemunhas de versões na voz de Jericho de bandas como Iron Maiden, Dio, Mötley Crüe, Black Sabbath, Twisted Sister, Judas Priest, entre muitas outras.
A partir do terceiro álbum, a banda começa a lançar somente músicas originais (com um cover do Abba perdido no meio disso tudo) e o personagem Mongoose McQueen é deixado de lado, tendo agora Chris Jericho e toda sua fama à frente dos vocais. Para ele, essa vida dupla era muito conveniente, pois com seu reconhecimento nos ringues ele trazia uma visibilidade maior para a Fozzy e com as turnês que faz com a banda ele pavimentava sua persona na luta livre cada vez mais.
Jericho conseguiu levar sua banda para uma edição do Raw e emplacar hits em alguns PPVs da WWE, além de servir como sua música de entrada na NJPW e na AEW, onde certamente a parceria com a Fozzy trará ótimos frutos. Com sete álbuns lançados, a Fozzy construiu um estilo próprio, que mescla o hard rock e o heavy metal com a ilustre voz de Y2J.
O maior sucesso, é claro, vem com o hit Judas que também é a entrada de Chris Jericho na All Elite Wrestling.
Muitos podem torcer o nariz para o som da banda, mas Chris Jericho se tornou realmente o “Ayatollah of Rock’n’Rolla“, isso não se pode negar.
Feliz Dia do Rock a todos! 🎸
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