O Pro-Wrestling, assim como qualquer outro aspecto da vida, possui mais de uma dimensão.
Além de esporte, arte, ou o que quer que seja, também é um provedor de debates, sentimentos e reproduz a vida real com uma precisão que poucas atividades conseguem alcançar.
Nunca é só sobre Pro-Wrestling.
E não é da psicologia do ringue que falo, é de tudo que há para fora das três cordas. É sobre o uso da arte como instrumento político, ou como reprodutor de desigualdades tal qual o mundo real.
Há um ano atrás, Kofi Kingston venceu o título mundial da WWE na WrestleMania 35.
Não foi só sobre Pro-Wrestling. Pela segunda vez na história, um lutador negro chegava ao troféu mais importante da companhia em mais de 70 anos de existência.
O único negro numa prateleira com uma infinidade de brancos? Soa familiar. Um negro que precisou de onze anos para chegar ao topo e ainda passou por diversos desafios que beiravam o impossível, mesmo para uma encenação? Bingo.
Porque nunca é só sobre Pro-Wrestling.
E quando Kofi consegue quebrar todas as barreiras impostas pela sociedade, mesmo numa encenação, e consegue atingir o topo do mundo, nos reconectamos a um fio de esperança que constantemente perdemos.
Pegamos esse fio e lembramos que coisas podem mudar, mas assim como o mundo real, quem controla as ações ainda possui um pensamento segregador onde o talento é branco e loiro.
Porque nunca é só sobre Pro-Wrestling.
1 ano de Kofimania. Celebramos tanto porque sabemos que não acontecerá tão cedo. Talvez com o Babu, quando novamente vemos um micro-espaço reproduzindo as ações de um mundo real.
Quando veremos um negro no topo da luta-livre novamente?