Pitonga e Silvio Santos

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Quando o lutador Pitonga foi pela primeira vez ao programa Silvio Santos em 1984, ver lutadores brasileiros no estrangeiro era coisa rara, ainda mais um lutador de telecatch. O Ted Boy Marino lutava aqui, aparecia no bar da esquina, brigava no ginásio. Pitonga lutou contra André, o Gigante. Foi num estádio pequeno, de fato, mas o acontecido foi o suficiente para atrair a atenção do apresentador de TV Silvio Santos, à época vivendo uma fase difícil, de desilusão com o sistema. 1984 foi um ano de perdas para aquele apresentador, especialmente quando o assunto foi aquele programa de Pitonga em específico.

Antes do lutador aparecer tudo corria como normal:  Silvio brincava com a plateia, controlando risadas e pensamentos de uma maneira fluida que só a dele. Após uma pausa para os comerciais do baú da felicidade, Pitonga veio ao palco, vestindo paletó e sunga.

A roupa arrancou risos da plateia, mas o atleta de pancrácio seguia sério, com as mãos às costas, ereto e grosso, altivo. As graças de Silvio Santos então pararam de fazer efeito, o público ficou sério e Pitonga, indo para frente em meio a tamanho silêncio disse: “Luta livre é de mentira”.

Dois dias depois Pitonga foi encontrado morto engasgado com duas revistas playboy e um prego atravessado no joelho, referência a algum santo. Silvio nunca se recuperou do golpe.

“Era verdade para mim até aquele momento. Cheguei a pensar em tentar um dia, mostrar certo vigor, sabe?” disse meio rindo meio chorando.

Dizem que naqueles dias Silvio quis desistir do programa e só não desistiu porque recebeu uma ligação. Do outro lado da linha, o ex-presidente Figueiredo lhe dizia “O Brasil tem jeito”.

Silvio só retomou a fé na luta livre quando Danilo Gentili apareceu no SBT. Alguém que já lutou deve ter lhe dito o real: que luta livre é de verdade e que o brasil agora ia!

Quem comandou a WWE no canal em 2008 foi ninguém menos que o próprio Figueiredo, do Inferno.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do WrestleBR

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