O WrestleBR iniciou seus trabalhos há pouco mais de 4 anos. Quando começamos, estávamos no final da adolescência. Mesmo assim, devido às experiências prévias em outras redes sociais, como o finado Orkut, nós tínhamos a consciência do que poderíamos enfrentar.
Durante o período no site, com idas e vindas e a chegada de outros compromissos, estivemos afastados do grande público. Em 2019, no entanto, voltamos com o gás necessário, e utilizamos das nossas plataformas para dar voz à assuntos que precisam e devem ser debatidos.
Um deles é o machismo.
A Luta Livre, assim como outras esferas da sociedade, priorizava apenas o sexo masculino em relação à destaque, condições salariais e tratamento. As mulheres, principalmente no Ocidente, não foram tratadas como lutadoras, e sim como objetos.
No entanto, assim como no mundo como um todo, existe a tentativa de conscientizar e tornar oportunidades para homens e mulheres igual, onde elas também sejam tratadas como lutadoras, e que sejam exaltadas suas habilidades, não apenas seus corpos ou beleza.
Neste último final de semana, a lutadora Scarlett Bordeaux teve seu corpo e espaço violados por um homem, que decidiu agarrá-la quando ela estava na parte externa do ringue. Ainda não há informações sobre o perfil do abusador, mas é só mais um exemplo do que mulheres são submetidas por uma estrutura que as desvaloriza como um ser humano.
Fora da magia da Luta Livre, no entanto, não é diferente. A base de fãs do Pro Wrestling no mundo não é um ambiente confortável para as mulheres.
Um exemplo disso é a forma como suas opiniões são rebatidas ou desprezadas pelos fãs homens, simplesmente pelo debater ter sido iniciado por uma mulher. Ao ser descredibilizada e rebater, ao invés de nós homens dialogarmos como fãs, preferimos tratá-las como criadoras de confusão.
É uma opção mais fácil, haja visto que a maioria dos fãs homens não consegue admitir que existem mulheres com conhecimento maior do tema que ambos tem simpatia, em qualquer esfera, principalmente se for algo relacionado à esportes.
É só ver no futebol. Mesmo a Seleção Brasileira sendo treinada por um homem extremamente incompetente, e tendo a rainha do futebol mundial, eleita 6x melhor do mundo, a culpa cai sobre as mulheres, que, mal treinadas, não conseguem alcançar seu melhor desempenho.
Sendo assim, é necessário admitirmos que nós somos machistas, e não apenas escapar do debate. Se eximir de culpa é atestar que você não possui a menor vontade de mudar opiniões discriminatórias, apenas se excluir do debate. Apenas assumindo nossa condição e tentando evoluir que vamos tornar a base melhor para elas e para todo o resto.
Decidi fazer esse mini-editorial para que, talvez com as palavras de um homem que se admite machista e deseja evolução, vocês tenham consciência dos atos cometidos e que a luta delas é mais do que necessária.