Chris Kanyon e a cultura da luta livre

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No mais recente episódio do Dark Side of the Ring, contou-se a história de Chris Kanyon, lutador nascido em Queens, Nova York. Kanyon obteve sucesso a partir da metade dos anos 90, tendo passagens pela WCW e WWF. Mas infelizmente, Chris Kanyon acabou tirando a própria vida em 2010, aos 40 anos.

A sua história é de grandes altos e terríveis baixos. No programa, diversos amigos de Kanyon, sejam mais velhos como Diamond Dallas Page, ou até mesmo da geração seguinte que o tiveram como inspiração.

Nomes como Matt e Nick Jackson, os Young Bucks, e Brian Cage, o louvam por ser um grande talento dentro do ringue. Além de um lutador inovador, pioneiro de um estilo que se tornaria bastante popular na cena independente americana nos anos 2000.

O conflito de sentir a necessidade de esconder parte de quem ele era deixou sua carreira e vida marcadas. Afinal, Chris Kanyon era um homem gay, diante de um mundo que tinha – e ainda tem – um julgamento pesado a pessoas LGBTQ+.

Os problemas começaram já na infância

Os demônios que Kanyon carregava e que acabaram por deteriorar a sua saúde mental – diagnosticado com transtorno bipolar tardiamente em sua vida – se formaram por uma cultura que demonizava a homossexualidade. Ao se tratar de demonização, um episódio da juventude de Chris se destaca.

No ensino médio, Chris se envolveu em uma briga com seu professor de matemática, onde o padre que era diretor do colégio o ouviu xingar seu professor. Para o padre, Chris contou que era gay. O padre então o orientou a “não ceder à tentação de Satã”.

O episódio também retrata a representação de personagens LGBTQ+ na luta-livre, e podemos entender mais a fundo o esforço de Chris para proteger seu segredo. Diversos entrevistados falam sobre como tais personagens eram geralmente vistos como vilões, e representados de forma estereotipada e ofensiva.

A carreira de sucesso nas grandes ligas

Chris começa a lutar pela WCW em 1995, e começa a galgar pelo seu espaço dentro da empresa. Seu potencial e a reputação que ele construiu o levaram a conseguir mais oportunidades.

Mas a maior delas veio em 1997, quando se iniciou a história chamada de Blood Runs Cold, que leva a estreia de Glacier, lutador inspirado em Sub-Zero, famoso personagem de Mortal Kombat. No mesmo ano, Kanyon ressurge como Mortis, o grande inimigo de Glacier, que surge para lutar com ele.

Foto: WCW/WWE

Tudo corria bem, até que o surgimento de um pequeno grupo chamado New World Order, a NWO, leva à destruição, além de outras coisas, do foco dado aos personagens da era Blood Runs Cold. Mas Chris ressurge como ele próprio em 1998 e encontra-se novamente com o sucesso através da sua habilidade e seu carisma.

Com a venda da WCW para a WWE, Kanyon se ajusta bem à nova empresa e prova seu talento encontrando sucesso, ganhando múltiplos títulos e impressionando muitos por trás das cenas. Infelizmente, esse momento acaba com uma grave lesão.

A WWE deu o recado no SmackDown

Kanyon sentiu isso na pele quando num episódio do Smackdown, em 2003, depois de estar machucado por mais de um ano. Ele retornou à WWE em um momento humilhante, no qual ele saiu de uma grande caixa de presente, do tamanho de um armário, importante notar, vestido como o cantor Boy George e cantando uma música para o Undertaker, sendo atacado violentamente pelo mesmo em seguida.

Sim, a WWE dublou a música na Network para a frase “Who better than Kanyon?”

A história da WWE está repleta de momentos assim. E a cultura da luta livre, assim como retratado nos episódios anteriores, possui um passado repleto de práticas e histórias repudiáveis. É necessário apontar também o passado condenável de representação de personagens negros e LGBTQ+. 

Chris Kanyon não conseguia gostar de si próprio

A cultura da luta livre teve seu papel nessa história. Chris Kanyon foi vítima de seus conflitos, pois até seus amigos mais próximos não podiam imaginar o quanto esses conflitos o atormentavam. Numa conversa com James Mitchell, seu melhor amigo, ele falou: “Você não sabe como é viver na minha cabeça. Você acredita que todos me amam e eu não”.

Ele era uma pessoa amada por muitos, talentoso em sua profissão, que conseguiu o sucesso que almejava. Mas que tragicamente nos deixou muito jovem, sendo impedido de compreender o quanto ele impactou o mundo da luta livre e diversas pessoas dentro dele.

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