Histórias que a Rumble Conta #1

19 de janeiro de 2022
Shawn Michaels na Royal Rumble de 2010

Essa série que você acaba de abrir aqui não é nada mais que uma tentativa minha de fechar as contas do mês. Não existe aqui nenhum amor pelo texto e nem por quem o lê. 

Dito isso, espero que aproveitem e se lembrem que no final das contas tudo será esquecido. 

Até


Em uma luta que envolve 30, às vezes 40 ou até 50 caras, é preciso ter mais de uma história para contar além da história do vencedor, mesmo porque vencedor – geralmente – só pode haver um. 

Dito isso veremos nessa série algumas dessas narrativas que se desenrolaram na Royal Rumble e que estrapolam a questão de quem vence. É o conto dos perdedores, dos eliminados, dos bons perdedores, dos rejeitados do Main Event mas que acabam, por si só, fazendo hisória com sua falha. 

Para jogar seguro, vou começar falando de uma Rumble que eu conheço muito bem, que gosto muito e que conta uma feita pela qual eu tenho muito carinho. 

QUANDO

31 de Janeiro, anno domini 2010, o primeiro PPV de um ano que seria um dos mais chatos que eu já vi nesses tantos anos assistindo luta livre, mas que começou com propostas no mínimo interessantes e que, da mesma maneira, acabou por finalizar uma carreira muito importante na história da luta livre. 

Não vou julgar o mérito in ring do Shawn Michaels, muito menos o caráter – de merda – dele, mas para o curso da WWE ele foi um dos maiores que a empresa já viu, seja antes de sua primeira aposentadoria quando feudou com Bret Hart, Stone Cold, Undertaker, DIesel, Vader – pobre Vader – e companhia, ou no pós, quando teve sua rivalidade eterna contra Triple H, enfrentou Edge, Orton, acabou com a carreira de Ric Flair e QUASE venceu Undertaker na Wrestlemania 25.

Wrestlemania 25 é obviamente necessária para chegarmos à 26. Entretanto nesse caso ela é ainda mais vital porque foi nesse evento que Undertaker venceu, pela primeira vez na sua carreira, Shawn Michaels em um combate 1-on-1. 

De certa forma esses dois já haviam contado uma história parecida na Royal Rumble 2007, onde foram os dois últimos homens na batalha, data na qual Undertaker foi vitorioso. E agora era vez de Michaels tentar ganhar.

Isso porque ele, no Slammy Awards de 2009, ganhou o troféu de Match do ano pelo combate na Wrestlemania contra o Taker. Um trofeu que tinha gosto de falha, de quase, de “e se eu tivesse mais uma chance”.

PORQUE

Acontece que Undertaker era o World Heavyweight Champion e, uma vez desafiado para a WM 26, recusou esse doce convite, ao passo que Michaels então entendeu que precisaria lutar pelo título e, para isso, ganhar a Rumble. 

Taker estava suave, venceu Rey Mysterio após um Last Ride – e um nariz quebrado – naquela Rumble e não precisaria ir para a peleja. 

Por outro lado parecia que Michaels lutava pela própria vida naquele embate. À epoca ele e Triple H, já amigos na re re reformada D-Generation X, eram os Unified Tag Team Champions e parecia haver um clima de parceria entre eles indo para a Rumble. 

Quando o relógio bateu 0 e o 18 participantes foi apresentado, começava a jornada de Michaels por mais uma Rumble Match.

O lutador texano chega focado, com o capeta no corpo – por mais que ele não queira, nosso menino cristão – e elimina lutador atrás de lutador. Dibiase, Rhodes, McIntyre, Carlito, um a um vão caindo perante o objetivo final de Michaels: Wrestlemania, Undertaker. 

Acontece que ele não faz tudo isso sozinho, Triple H está com ele, o mesmo Triple H que o enfrentou na Hell in a Cell de 2004, que perdeu para ele na primeira Elimination Chamber, que venceu os títulos de dupla junto com eles e que, acompanhado de Chyna, formou a única Stable capaz de rivalizar em popularidade com a NWO nos anos 90. 

E é este Triple H que salvou Shawn Michaels de ser eliminado pelo numero 19: John Cena. Usando sua camiseta laranja, nosso pacificador entra com fúria no peru e bota a DX pra mamar, quase eliminando Shawn. 

Hunter consegue escapar e aplicar o Pedigree em Cena.

Acontece que o futuro CEO logo após é eliminado por Shawn Michaels. 

TRAIÇÃO

Esse, para mim, é um dos pontos altos dessa história. Em 2009 já havia acontecido um pequeno “racho” na DX no Survivor Séries quando HBK da um Sweet Chin Music no HHH logo no começo de uma Triple Threat Match pelo WWE Title, este defendido também por John Cena. 

Tudo então nesse momento parece uma memória de como Michaels pisaria em qualquer um, mesmo seu melhor amigo, para chegar onde ele quer chegar. Isso provavelmente reflete a vida real, mas ainda mais o personagem do Heartbreak Kid

A luta segue, Edge retorna, outras pessoas entram, dentre elas Batista que, por fim, acaba eliminando Michaels numa batalha entre os Final 4. 

Isso leva o veterano a atacar um referee com o Superkick, a perder a cabeça. A eliminação de Michaels não é bonita nem plástica, é desesperada. Ele se solta das cordas e ainda mantem as mãos no ar, tentando agarrar o nada.

Toda a história de sua derrota, desde as traições até a eliminação, é de desespero, de um velho que tenta se agarrar a uma carreira que não existe mais, a uma glória perdida, a anos que se foram, a amigos que se foram. 

A história de Shawn Michaels contada no Royal Rumble 2010 é uma jornada para o fim. Ele consegue, através de mais desespero, chegar a Wrestlemania 26 e enfrentar Undertaker no que seria – ou deveria ser, até chegar a ArabiaMania – seu último combate.

As luzes naquele dia começaram a se apagar para HBK.

Naquele dia o Heartbreak Kid começava a deixar o prédio.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do WrestleBR

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