Olá, caro leitor, hoje falaremos sobre a mistura perfeita entre duas artes seculares, em principio totalmente distintas: o cinema e o pro wrestling. Mesmo nascendo quase que na mesma época, ambas tomaram lados diferentes no mundo do entretenimento. Enquanto uma se tornou conhecida como a sétima arte, a outra muitas vezes nem levado em conta é. Porém, de vez em quando, as duas acabam se chocando diretamente e assim criando verdadeiras obras primas, ou quase isso. Esses choques serão o foco de hoje, pois veremos quais são os melhores filmes sobre luta livre de todos os tempos! Na verdade, isso é muito sugestivo, o que eu posso achar como “melhor” pode não ser o mesmo para você, e vice-versa. Sendo assim, o título mais justo para esse artigo deveria ser “filmes bons relacionados a luta livre que eu assisti e que acho que você pode gostar”. O que, convenhamos, seria um puta nome gigante.
Você pode não saber, mas existe uma lista imensa de filmes que tem o pro wrestling como tema principal. E é claro, não estamos nos referindo sobre os filmes onde lutadores participam para conseguir uma grana a mais como atores (né The Rock?), estamos nos referindo sobre filmes onde o wrestling está presente o tempo todo, do começo ao fim. Essa será a primeira parte de várias outras que serão postadas futuramente (os links estão no final do texto), onde eu falarei sobre cada filme, dando meu ponto de vista e uma nota de 0 a 5, no melhor estilo star rating. Se eu não sou confiável o bastante para você, colocarei também as notas referentes aos sites IMDB e Rotten Tomatoes, que eu acredito ter um pouco mais de credibilidade do que eu. Só um pouco… Enfim, é isso. Se acomode em sua poltrona, e tenha uma boa leitura.
Nacho Libre – 2006
Começaremos pelo filme que talvez seja o mais famoso dessa lista, pelo menos aqui para o público brasileiro. Nacho Libre (ou Super Nacho, como também é conhecido) completa 10 anos em 2016, e se você não viu, ainda está em tempo de ver. Mas espere um momento, antes disso, leia essa resenha sobre o filme, para não criar nenhuma falsa esperança sobre ele. Como eu mesmo criei antes de assisti-lo…
Tudo se passa no México, em uma visão pessimista sobre o país que Hollywood adora retratar. Ignácio, personagem de Jack Black, morou a vida inteira em um monastério onde há um orfanato instalado. Desde criança, ele nutre uma paixão alucinada pela lucha libre, algo que seus superiores abominam por se tratar de um esporte violento e que vai contra os dogmas religiosos. Mesmo assim, às escondidas, ele continua com sua admiração e seu sonho de um dia se tornar um luchador famoso. Ele passa sua vida cuidando dos demais órfãos, se deparando todo dia com a triste realidade de miséria com que ele e as crianças têm de conviver. Após a chegada da Irmã Encarnación ao monastério, tudo muda na vida de Ignácio. Ele se apaixona perdidamente por ela e sua vontade insaciável de ajudar o próximo faz com que o rapaz tome coragem de seguir os seus sonhos, e de quebra, conseguir dinheiro para o orfanato. E assim, dá-se inicio a carreira do nosso heroi, El Nacho, que tenta com todas suas forças conquistar o mundo da lucha libre em nome das crianças.
Você pode pensar que com Jack Black no elenco, Nacho Libre consegue arrancar várias gargalhadas do espectador. Isso não acontece muito, a não ser que você tenha menos de 12 anos de idade. Mesmo se baseando (minimamente) na vida do padre luchador Fray Tormenta, a história é bem… original, chegando a ser original demais em certos pontos. O romance de Ignácio com a Irmã Encarnación se torna algo estranho ao decorrer do filme, além da forma cartunesca que a lucha libre é retratada. Porém, vale lembrar que o filme é produzido pela Nickelodeon e assim foi criado com foco na família, o que nos faz não esperar nada muito sensacional em questão de conteúdo. Ao menos, posso dizer, há um pouco de diversão passageira. Enfim, vou deixar para vocês mesmos tirarem suas próprias conclusões, vejam alguns minutos do filme e decidam-se por si próprios. “NACHOOOOOOOOO!”
Garotas Duras na Queda (…All the Marbles) – 1981
Vamos falar agora sobre Garotas Duras na Queda, de 1981. Ah, como eu adoro esses títulos aleatórios em português… Mesmo assim, é um filme que retrata muito bem o paralelo entre o que acontece nos ringues e fora deles, dando uma nova definição para a palavra “diva” ao vermos o que essas mulheres têm de passar para serem respeitadas e glorificadas no universo da luta livre.
Molly e Iris formam a dupla de lutadoras conhecidas como California Dolls, duas lindas mulheres que junto de seu empresário, Harry, atravessam todo os Estados Unidos à procura de um ringue para lutar e alcançar fama no circuito de wrestling. Além de diversas dificuldades pelo caminho e pequenos problemas de relacionamento entre os três, a dupla ainda tem de enfrentar o assédio dos promotores e também do público, que estão mais a fim de ver o corpo do que a técnica das lutadoras. As California Dolls tentam mostrar que são muito mais do que um par de rostos bonitos, demonstrando suas habilidades luta após luta, e assim, provando que merecem uma chance de conquistar o maior título de tags do wrestling feminino mundial por seus próprios esforços.
Garotas Duras na Queda retrata a vida de mulheres tentando vencer em um ambiente dominado pelos homens, o que pode ser a representação de muitos outros setores da sociedade atual. Todo o lado sujo dos bastidores do esporte também é representado, tudo isso com a atmosfera dos filmes dos anos 80. As lutas coreografadas pela lutadora Mildred Burke tornam as cenas muito mais convincentes, como se as atrizes fossem lutadoras de verdade com vários anos de experiência. Pra falar a verdade, elas são melhores do que muitas divas que já vimos lutar nesse ramo. Testemunhem a ascensão das Bonecas da Califórnia, e o poder que pode ter em um simples sunset flip. Assistam o filme e vocês entenderão o que eu quero dizer com isso.
Prontos para Detonar (Ready to Rumble) – 2000
Prontos para Detonar, o filme com David Arquette feito para divulgar a finada WCW, um tiro que saiu pela culatra que acabou sendo um dos pivôs da queda da empresa.
Gordie e Sean são dois amigos viciados em pro wrestling, viciados até demais. Eles defendem a veracidade do esporte e passam o dia inteiro falando sobre seu lutador favorito, Jimmy King. Os dois vão a um evento da WCW Monday Nitro em sua cidade para assistir o seu ídolo em ação competindo pelo título máximo contra DDP. Nos bastidores, o manda-chuva da WCW, Titus Sinclair, arma secretamente um plano para tirar o cinturão do então campeão Jimmy King, e também bani-lo para sempre do mundo da luta livre. Na hora da luta, DDP sai completamente do script e ataca de verdade Jimmy King ao lado de um grupo de vários outros lutadores comandados por Sinclair, acabando de vez com o reinado e também com a carreira do lutador. Após o choque de testemunhar a queda de seu ídolo, Gordie e Sean por fim decidem largar tudo e ajudar Jimmy King a recuperar seu trono.
O que eu posso dizer sobre esse filme? Basicamente, é um “Débi e Loide” misturado com pro wrestling. Os dois protagonistas são tão infantis que passam a impressão de que todo fã desse esporte é da mesma forma. Bem, em alguns casos até que pode ser, mas em sua grande maioria isso não procede. Dessa vez, o título traduzido para o público brasileiro se encaixou perfeitamente, pois a comédia do filme é tão genérica quanto o seu próprio nome. Se luta livre fosse um pouquinho mais disseminada no Brasil, esse filme com toda a certeza passaria muitas vezes na Sessão da Tarde.
Mas calma, Prontos pra Detonar não é tão desprezível assim, ele tem alguns pontos favoráveis a se listar. Primeiro de tudo, é um filme pensado para os fãs de wrestling, o que é difícil de acontecer em Hollywood. Além de DDP, temos as participações de várias estrelas do pro wrestling interpretando elas mesmas, como Sting, Goldberg, Rey Mysterio, Randy Savage, Booker T, entre vários outros nomes. O locutor Michael Buffer, que foi base para o título original do filme por sua frase clássica “let’s get ready to rumble”, também aparece em uma das cenas. Outra presença famosa é a de John Cena, que passa tão imperceptível para o espectador que chega a ser quase um easter egg.
Com tanta coisa interessante inserida em um filme razoável, parecia que a WCW tinha acertado em cheio com o marketing da empresa. Isso, até eles perderem totalmente a noção. Como o personagem de David Arquette tem o sonho de ser um wrestler, a equipe criativa da WCW resolveu colocar o ator como parte de seu show, e o pior, torná-lo campeão do título máximo da empresa, o WCW World Heavyweight title. Não necessito dizer que essa foi uma das atitudes mais estúpidas a ser tomada, pois em uma só tacada eles perderam a credibilidade do título, da empresa e de todos os ex-campeões da história daquele cinturão. Como consequência dessa e de outras ações deploráveis tomadas, a WCW fechou as portas em 2001, deixando o filme Prontos para Detonar como uma herança para o mundo. Não é lá grande coisa, mas se você está a fim de ver uma comédia barata, vai fundo.
O Lutador (The Wrestler) – 2008
Estamos agora diante de uma verdadeira obra-prima. O Lutador é um filme tão perfeito, tão inspirador, que é aclamado não somente por quem é fã de wrestling profissional, mas por uma legião de amantes de cinema. É simplesmente lindo.
O filme conta a luta por sobrevivência de Randy “O Carneiro” Robinson dentro e fora dos ringues. Se em suas lutas ele tenta resgatar os cacos que sobraram de sua fama, fora delas ele tenta juntar os cacos do relacionamento conturbado com sua filha, após anos de afastamento graças a seu trabalho nos ringues. Amargando o esquecimento, ele tenta se reerguer através de federações menores em lutas arriscadas com baixíssima segurança, sendo que o maior risco de fato é sua própria saúde, totalmente debilitada pelo tempo. A luta do Carneiro torna-se muito maior do que aquela que ocorre dentro do tablado rodeado por cordas, ela se transforma em uma luta por redenção, fazendo com que o espectador se comova e torça freneticamente para que o lutador retome seu lugar mesmo contra todas as probabilidades.
O filme é dirigido por Darren Aronofsky, mesmo diretor de Cisne Negro, outro filme que retrata a dualidade entre a vida profissional e pessoal de um artista e o quanto uma pessoa pode sofrer para se entregar àquilo que ama. O Lutador é um verdadeiro choque de realidade para quem é fã de luta livre. Digo mais, até para quem não é fã, a história do filme faz você rever alguns conceitos, como o de que tudo o que acontece em um ringue é falso ou algo parecido. As dores, as drogas, os problemas pessoais, a decadência, a fronteira entre a vida e a morte, todo esse lado obscuro do esporte é retratado fielmente, aquele lado que quase nunca enxergamos ou que não tentamos enxergar. O filme tem uma leve inspiração na vida de Hulk Hogan, e conta com a presença no elenco de lutadores como Cesaro, Necro Butcher, R-Truth, Jay Lethal, entre muitos outros. Mickey Rourke, o ator principal, chegou à perfeição com seu personagem, levando o universo do pro wrestling ao mainstream com sua indicação ao Oscar de melhor ator daquele ano, além de ajudar o filme a vencer inúmeros outros prêmios ao redor do planeta. Se você nunca viu O Lutador, não perca mais nenhum segundo de sua vida e corra pra assistir o mais rápido possível. Se você já viu, corra pra rever e contemple mais uma vez esse clássico moderno.
E por hoje é isso, chegamos ao fim da primeira parte do artigo. A próxima parte chegará em breve, talvez no mesmo tempo que você tem para conseguir assistir todos os filmes relatados até agora. Não concorda com alguma parte do texto ou alguma nota? Lembrou de algum filme que deveria entrar nessa lista? Não esqueça de deixar aqui embaixo seu comentário. Até mais!
Esse The Wrestler é de fato muito bom! Tanto para quem é fã de PW ou não.
Um filme que acho justo entrar para a parte 2 é “The Masked Saint” que foi lançado agora no começo de 2016. Ainda não tive a oportunidade de vê-lo, mas a história é interessante e há nele a presença do saudoso Roddy Pipper.
olha, eu só consegui assistir até metade do Masked Saint, fala mais de religiao do q de PW, oq vale é a participação do Roddy Piper mesmo