Lutinha, carnaval e micareta.

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Mais um ano em que nós pobres mortais não vamos poder encarar aquela muvuca maravilhosa, com muita lambeção, bebida e passada de vergonha no meio das ruas lotadas de lixo depois de um bom bloquinho (esse ano, só quem paga se diverte). Pensando nisso, volto a este ateliê empoeirado depois de um tempão trazendo mais uma leva de historinhas envolvendo roupas e lutinhas. E para não deixar o pouco de clima carnavalesco morrer, vamos contar um pouco sobre a história do carnaval e de quebra, trazer uma seleção de lookinhos fantasia da nossa amada luta livre. 

Abre um espaço aí que o nosso bloquinho vai passar!

Origem 

A palavra carnaval vem do latim carnis levale, que significa “afastar-se da carne”. O termo surgiu lá pelo século XI e fazia referência à véspera da quarta de cinzas, período em que começava a abstenção da carne e a quaresma. A quaresma é o período de 40 dias entre o carnaval e a semana santa cujo objetivo é a preparação e a purificação do corpo e do espírito para a páscoa e é marcada por jejuns e obras de caridade. Na antiguidade, a Igreja Católica não via com bons olhos os festejos e toda a libertinagem que o carnaval trazia, por isso, eles resolveram criar a quaresma como uma forma de manter uma data em que as pessoas pudessem cometer seus excessos antes da abstenção e do rigor religioso. Em resumo, é basicamente o que acontece no filme Uma noite de crime (inclusive recomendo demais esse filme, é muito bom). 

Por falar em quaresma, ouçam o podcast do meu próprio amigo Lequinho que também se chama Kuaresma.

Troca – troca, bacanal e vinho à vontade

Uma das características que marcavam o carnaval da Antiguidade era a inversão de papéis sociais. Na Babilônia, as saceias eram comemorações onde um prisioneiro assumia a identidade do rei por alguns dias, com todos os seus direitos e regalias, mas era morto no final do período de comemoração. Ao mesmo tempo, existia uma celebração ao deus Marduk, desta vez, era o rei que perdia todo o seu poder e autoridade e ainda de quebra apanhava e era humilhado diante da imagem de Marduk, mostrando submissão a ele. 

Já na Roma Antiga, os bacanais eram rituais religiosos marcados por vinho e muita putaria em homenagem à Baco (para os gregos, Dionísio), o deus do vinho. No início, as celebrações eram secretas e somente mulheres participavam durante três dias no ano, depois, os homens começaram a frequentar e os rituais passaram a ser feitos 5 vezes por mês. 

Bacanal diante de uma Estátua de Pã – Nicolas Poussin. Imagem: História das Artes

Lutinhas encenadas em pleno carnaval

O catch wrestling nasceu na Inglaterra, mas ficou popular mesmo nos Estados Unidos entre os séculos XIX e XX, as lutas aconteciam nos festivais de carnaval, onde lutadores desafiavam moradores locais como parte de um “show atlético” e esses moradores tinham a possibilidade de ganhar um prêmio em dinheiro caso vencessem. As lutas eram combinadas como forma de chamar o público e fazer com que pagassem para assistir e aí o rolê acontecia. O Vini consegue explicar essa parte muito melhor que eu nesse vídeo do Central WWE

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Imagem: Google

Mardi Gras e a Wrestlemania 34 

Chegando em solo americano no ano de 1699 através do franco-canadense Pierre Le Moyne, que deu ao seu acampamento o nome de Point du Mardi Gras. Em 1703, soldados colonos e franceses passaram a festejar na recém fundada cidade de Mobile, cidade essa que serviu como capital do território francês na Louisiana, até ser transferida para Nova Orleans em 718, onde a data passaria a ser celebrada em grandes bailes de gala da alta sociedade da época. 

Automóvel decorado com flores para o Mardi Gras em Mobile, Alabama 1905. Imagem: Reprodução

Dando um salto de 100 anos no tempo, em 1837, o primeiro desfile do Mardi Gras já nas ruas foi realizado, mas depois de uma série de acontecimentos violentos que quase acabaram com o evento, meia dúzia de empresários se reuniram e criaram a Mistick Krewe of Comus, uma sociedade que passou a organizar e promover os desfiles, com grandes carros alegóricos, artistas e o já tradicional baile de gala. Foi daí que surgiram as famosas Parades do Mardi Gras. 

Desfile do Rex por volta de 1900. Imagem: Reprodução

Umas das principais características desse evento são os colares de missangas que são jogados dos carros alegóricos para o público durante os desfiles. Esses colares podem servir como moeda de troca nas interações entre as pessoas, é basicamente aquelas pulseirinhas de silicone coloridas que nós usávamos na adolescência, a “pulserinha do sexo” tá ligado?! kkk. Lá se pode trocar abraços, uns beijinhos e o que mais for da vontade do ser humano, é sobre. 

A vibe carnavalesca do Mardi Gras foi tema da Wrestlemania 34. Com uma máscara gigantesca e iluminação colorida decorando o stage, tivemos muito brilho, dourado e algumas referências que aqui a gente vai considerar como singelas fantasias, já que é carnaval. Foi a estreia da nossa amada e querida Ronda Rousey nos ringues de luta livre usando o lookinho xadrez de Rowdy Roddy Piper. Também tivemos Charlotte Flair toda trabalhada no ouro e realeza trazendo sua versão da icônica entrada de Triple H na Wrestlemania 30, na qual ela estava presente, além do meu ícone fashion favorito Seth Rollins (eu preciso parar de mencionar ele nos meus textos, tá exaustivo) entregando um belo Rei da Noite com lente azul e tudo pra nossa alegria.  

O melhor carnaval é o nosso

O carnaval foi trazido pelos portugueses, mas quando isso aconteceu ele tinha outro nome: o entrudo. Essa festa era feita com brincadeiras que consistiam em sujar pessoas jogando água, limão, farinha, terra e até coisas estragadas (pqp). A partir do ano de 1870, o entrudo foi dando lugar às festas de carnaval através dos bailes de gala inspirados nos bailes da Europa. Nesse novo início, às pessoas com poder aquisitivo mais alto participavam dos eventos pois tinham grana pra bancar e quem não tinha ficava de fora da festa, parecido com o que a gente tá vivendo hoje. Essa galera resolveu fazer a própria folia nas ruas, criando os blocos, maracatus e frevos, até que em 1928 nascia a primeira escola de samba, a Deixa Falar, que mais tarde se tornaria a Estácio de Sá, esta que puxaria o bonde para a criação de outras escolas no Rio e em São Paulo e a criação das Ligas de escolas de samba, juntamente com as competições que a gente conhece hoje.

Jean-Baptiste Debret (1768-1848) retratou a prática do entrudo durante sua estadia no Brasil através da gravura acima
A prática carnavalesca do entrudo retratada por Jean Baptiste Debret. Imagem: Mundo Educação

O Nordeste continuou com as tradições de rua como em Recife e Olinda (saudades de vocês). O carnaval da região Norte é muito rico e diversificado. A maioria dos locais tem desfiles de escolas de samba, mas em algumas regiões, como por exemplo em Manaus que além do desfile das escolas de samba, ocorre também o tradicional desfile de fantasias.

O Carnaval brasileiro é sem dúvida nenhuma a maior e melhor festa do mundo, esses dois anos de pandemia estão sendo de muito sofrimento (ou não né) pra quem adora meter o louco e não ter nenhum limite durante esses 4 dias. O Brasil é muito bem representado na lutinha quando se trata de gears e a gente pode ver toda a riqueza de cores e elementos regionais nos looks da guerreira Valentina Feroz e Christi Jaynes. 

Pop, Geek e versões melhoradas de grandes personagens 

O Carnaval é uma das melhores épocas do ano e o período onde a gente pode se vestir e ser o que a gente bem quiser, é nesse momento que a gente vê a galera dando o nome pra fazer a melhor fantasia e a mais bonita que pode, com riqueza de cores, detalhes e muito, mas muuuito brilho e lacre. Veja abaixo uma pequena seleção de lookinhos de alguns nomes da luta livre que capricham na hora de fazer suas referências. Aproveitem esta primeira parte do carnaval com moderação hein, se cuidem por que em abril tem mais folia!

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