“Luta livre e política não tem nada a ver.”
Não, imagina.
Não tem mesmo.
Faz o seguinte, panteão da sabedoria: bate na porta da Enjoy e fala que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Ou chega de fininho para as mulheres que tiveram a coragem de posicionar na #MeToo, expondo horrores de lutadores após sofrerem nas mãos de criminosos, e diga que luta livre não tem nada a ver com politica.
Se o vazio que percorre sua mente não permitir, não vá tão longe assim: liga no #AEWNoSpace e, ao ver CM Punk, Kenny Omega e Adam Page apoiarem o suporte às crianças trans, comente de novo que a luta livre não tem nada a ver com política. Ou, no mesmo #AEWNoSpace, ver o Anthony Bowens aclamado por ser gay. Isso não tem nada a ver com política, né?
Ainda assim, se o oco sombrio que ocupa esse desperdício de massa no mundo, não ligar as coisas, basta ver que o Mark Callaway (sim, esse você conhece, né?) colocou dinheiro em campanhas políticas do NRA, Ted Cruz e ao Comitê Nacional Republicano.
Mas não tem nada a ver, certo?
Errado.
Tudo é política, campeão indisputável da insignificância.
Tudo.
A comida que você come, a roupa que você veste, a música que você ouve, o filme que você assiste…
E, pasmem, a luta livre que você acompanha, também é.
Luta livre e política tem tudo a ver, queira ou não queira. Esse papo de “não misturar as coisas” só cabe quando a pessoa é realmente muito ingênua, e não conhece os menores aspectos da vida que vive, ou quando ao discurso tende ao lado mais burro, inepto e abjeto da história.
“Luta livre e política não tem nada a ver.”
É, vai ver que é isso mesmo.
Eu devo ter entendido tudo errado.
E, mesmo nessa, prefiro ficar do lado contrário ao seu.